I ESTAÇÃO – JESUS É CONDENADO À MORTE |
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II ESTAÇÃO – JESUS RECEBE A CRUZ ÀS COSTAS |
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III ESTAÇÃO – JESUS CAI PELA 1ª VEZ |
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IV ESTAÇÃO – JESUS ENCONTRA COM SUA MÃE |
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V ESTAÇÃO – SIMÃO CIRINEU AJUDA JESUS A CARREGAR A CRUZ |
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VI ESTAÇÃO – VERÔNICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS |
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VII ESTAÇÃO – JESUS CAI PELA 2ª VEZ |
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VIII ESTAÇÃO – JESUS CONSOLA AS MULHERES DE JERUSALÉM |
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IX ESTAÇÃO – JESUS CAI PELA 3ª VEZ |
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X ESTAÇÃO – JESUS É DESPOJADO DE SUAS VESTES |
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XI ESTAÇÃO – JESUS É PREGADO NA CRUZ |
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XII ESTAÇÃO – JESUS MORRE NA CRUZ |
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XIII ESTAÇÃO – JESUS É DESCIDO DA CRUZ |
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XIV ESTAÇÃO – JESUS É COLOCADO NO SEPULCRO |
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XV ESTAÇÃO – JESUS VENCE A MORTE |
A CHAVE DE HIRAM
FARAÓS, FRANCO-MAÇONS
E A DESCOBERTA DOS MANUSCRITOS SECRETOS
DE JESUS
CHRISTOPHER KNIGHT & ROBERT LOMAS
T
RADUÇÃO E NOTAS
Z.RODRIX
EDITORA LANDMARK
São Paulo, Brasil
Agradecimentos
Os autores gostariam de expressar seus agradecimentos às seguintes pessoas, por sua ajuda e
assistência durante a escrita deste livro:
Em primeiro lugar, às nossas famílias, que toleraram as longas horas de ausência enquanto
estávamos pesquisando e escrevendo.
Ao reverendo Hugh Lawrence, um Past-Master da Ordem (que prefere permanecer anônimo), Tony
Thorne, Niven Sinclair, Judy Fisken, Barbara Pickard, Ven. Ir. Alan Atkins, Ven. Ir. Adrian Unsworth,
Steve Edwards, barão St Clair Bonde of Charleston, Fife.
Ao nosso agente Bill Hamilton da A. M. Heath & Co. Ltd, aos nossos editores Mark Booth e Liz
Rowlinson, da Century, e a Roderik Brown.
"A Chave de Hiram poderia lançar as centelhas do início de uma reformulação do pensamento
cristão e de uma reconsideração dos 'fatos' que nós tão cegamente temos aceitado e perpetuado através de
gerações. Este livro é uma peça obrigatória para os livres pensadores!".
David Sinclair Bouschor
Past Grão-Mestre da Maçonaria,
Grande Loja de Minnesota, EUA.
Christopher Knight nasceu em 1950 e em 1971 concluiu seus estudos formando-se em publicidade e
desenho gráfico. Sempre demonstrou um forte interesse no comportamento social e no sistema de crenças
tendo por muitos anos atuado como analista de consumo envolvido no planejamento de novos produtos e
estratégias de vendas. Em 1976 tornou-se Maçom e atualmente é presidente de uma agência de
publicidade e marketing.
Dr Robert Thomas nasceu em 1947 e graduou-se com honra em engenharia elétrica, iniciando-se
após isso em pesquisas no campo da física dos estados sólidos. Mais tarde trabalhou no sistema de
direcionamento para os mísseis Cruise e esteve envolvido no desenvolvimento de computadores pessoais
mantendo sempre o seu interesse sobre história da ciência. Atualmente leciona no Centro de
Administração da Universidade de Bradford. Em 1976 tornou-se Maçom e rapidamente tornou-se um
conceituado palestrante sobre a história da Maçonaria nas Lojas da região de West Yorkshire.
Seu segundo livro, O Segundo Messias, foi publicado em 1997 e está disponível pela Arrow em sua
versão original em inglês e pela Editora Landmark em sua versão em português. Seu último livro Urieli
Machine também está disponível pela Arrow.
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Z. Rodrix nasceu no Rio de Janeiro em 1947, é músico, autor teatral, palestrante, publicitário e
escritor. Teve seu romance de estréia, Diário de um Construtor do Templo, primeiro volume da Trilogia
do Templo, premiado em 2000 com o prêmio Lima Barreto Especial do Júri, concedido pela UBE.
Iniciado em 1991 no Rito Escocês Antigo e Aceito, milita na Maçonaria desde essa data sem
interrupções, tendo alcançado o Grau 32°, sendo também membro das Lojas de Mark Masonry e de Royal
Arch Masonry, na cidade de São Paulo.
Dedicado à memória de John Marco Allegro
Um homem vinte anos à frente de seu tempo.
Nada é tão oculto que não possa ser conhecido, ou tão secreto que não possa vir à luz.
O que vos digo nas trevas que seja dito na luz. E o que ouvirdes em um sussurro, proclamai do alto
do edifício.
Yehoshua Ben Joseph, também conhecido como Jesus Cristo
Índice
Introdução à Edição em Língua Portuguesa 1
Introdução 1
1. Os Segredos Perdidos da Maçonaria
A Mais Pura Falta de Objetividade
Um Pobre Candidato Imerso em Trevas
Os Mistérios Ocultos da Natureza e da Ciência
Uma Pequena Luz
Conclusão
2. Começa a Busca
Onde se originou a Ordem?
O Templo do Rei Salomão
Conclusão
3. Os Cavaleiros Templários
Os Primórdios da Ordem
O Que Buscavam os Templários?
A Regra da Ordem
O Selo da Ordem
A Organização da Ordem
Conclusão
4. A Conexão Gnóstica
Os Primeiros Censores Cristãos
Os Evangelhos Gnósticos
A Ressurreição Gnóstica
Conclusão
5. Jesus Cristo: Homem, Deus, Mito ou Franco-Maçom?
Mais um Nascimento de uma Virgem
Os Principais Grupos de Jerusalém
A Firme Evidência dos Manuscritos do Mar Morto
A Família de Jesus
O Nascimento de uma Nova Religião
A Verdade entre as Heresias
Uma Ligação Positiva entre Jesus e os Templários
A Estrela dos Mandeanos
A Estrela da América
Conclusão
6. E no Principio, Deus Criou o Homem
O Jardim do Éden
As Cidades da Suméria
Ur, a Cidade de Abraão.
Deus, o Rei, o Sacerdote e os Construtores
A Figura de Abraão, o Primeiro Judeu
Conclusão
7. O Legado dos Egípcios
Os Primórdios do Egito
A Estabilidade dos Dois Reinos
A Feitura de um Rei
Provando o Improvável
A Evidência Silenciosa
A Estrela da Manhã Brilha Novamente
Conclusão
8. O Primeiro Franco-Maçom
Hiram Abiff Descoberto
O Colapso do Estado Egípcio
Os Reis Hicsos
A Perda dos Segredos Originais
A Evidência Bíblica
O Assassinato de Hiram Abiff
Os Assassinos de Hiram Abiff
A Evidência Física
A Evidência Maçônica
Seqenenre Tao, o Intimorato.
Conclusão
9. O Nascimento do Judaísmo
Moisés, o Doador da Lei.
O Deus Guerreiro das Montanhas do Sinai
E os Muros Caíram ao Chão
A Oportunidade do Êxodo
David e Salomão
Conclusão
10. Mil Anos de Luta
A Jovem Nação Judaica
O Exílio na Babilônia
O Profeta da Nova Jerusalém
O Templo de Zorobabel
Uma Nova Ameaça a Yahweh
Conclusão
11. O Pesher de Jachin e Booz
Os Manuscritos do Mar Morto
Os Livros Perdidos dos Macabeus
O Eleito de Judá
Midrash, Pesher e Parábola.
Os Segredos de Qurnran
Os Pilares Gêmeos
Conclusão
12. O Homem que Transformava a Água em Vinho
A Corrida contra o Tempo
O Novo Caminho para o Reino de Deus
A Prisão do Pilar Real
Julgamento e Crucificação
Os Símbolos de Jesus e Tiago
A Ascensão do Mentiroso
Os Tesouros dos Judeus
Conclusão
13. A Ressurreição
Os Vestígios da Igreja de Jerusalém
O Manuscrito da "Jerusalém Celestial"
O Impacto dos Manuscritos Nazoreanos
Conclusão
14. A Verdade Libertada
A Profecia se Torna Verdade
A Crucificação
A Evidência Física
A Mensagem Vem à Tona
A Terra da Estrela Chamada "La Merika"
Conclusão
15. A Redescoberta dos Manuscritos Perdidos
O Santuário Escocês
O Retorno a Rosslyn
Faça-se a Luz!
O Segredo Perdido da Maçonaria de Marca Redescoberto
O Lorde Protetor que Protegeu Rosslyn
Por Trás do Selo de Salomão
Escavando os Manuscritos Nazoreanos
Post Scriptum
Apêndice I:
O Desenvolvimento da Moderna Maçonaria e seu Impacto no Mundo
A Reforma Inglesa e as Condições para a Emergência
O Rei que Ergueu o Sistema de Lojas
Os Arquitetos do Segundo Grau
A Nova Heresia
As Antigas Obrigações
A Ascensão dos Republicanos
A Sociedade Real Emerge
A Maçonaria Encontra os seus Próprios Pés
A Maçonaria se Difunde
O Desenvolvimento da Maçonaria na América
Apêndice II:
Lojas Maçônicas Escocesas Anteriores a 1710 com a Data do seu Primeiro Registro
Apêndice III:
Os Primeiros Grão-Mestres da Maçonaria Inglesa
Apêndice IV:
Os Primeiros Grão-Mestres da Maçonaria Escocesa
Apêndice V:
Cronologia
Apêndice VI:
Mapas
Índice Remissivo
Introdução à Edição em Língua Portuguesa
Em 1996, passeando os olhos e as mãos pelas estantes de uma livraria especializada em assuntos da
mística e do esoterismo, deparei-me com um grosso volume de capa dura na estante de obras maçônicas:
chamava-se The Hyram Key de dois irmãos ingleses, editada naquele mesmo ano. Adorando a arte de
capa e os assuntos listados no índice, comprei. Foi uma experiência fascinante ler as descobertas feitas
por dois membros da Maçonaria da Inglaterra, com a qual já tivemos tantas e tão profundas ligações, que
felizmente estamos reatando nos últimos anos, para mútuo gáudio e prazer. O trabalho de Christopher
Knight e Robert Lamas traz um enorme cabedal de fatos indiscutíveis, que recolocam em seu verdadeiro
papel a Maçonaria mundial. A obra dá à Ordem Maçônica a devida importância não apenas quanto a sua
participação em fatos históricos muito antigos, mas também estabelecendo de forma concreta os motivos
pelos quais seus inimigos mais constantes ainda persistem em tratá-la (e a nós, seus membros) como se
fosse o próprio Satanás, de maneira pouquíssimo racional. A Ordem, graças a essa obra, pode ser
compreendida sem que restem mais dúvidas.
Fiquei excitadíssimo com a possibilidade de apresentar esses fatos a vários irmãos, e cheguei
mesmo a planejar uma tradução do livro, para que uma eventual necessidade de mercado pudesse trazê-lo
a público sem muita dificuldade. Por causa de meu próprio trabalho este projeto acabou relegado a um
segundo plano, até que meus irmãos Jorge e Fábio Cyrino, da Editora Landmark, me convidaram para
uma reunião. Fui pensando como seria maravilhoso se estivessem dispostos a buscar maneiras de editar
essa obra que eu considerava como essencial ao estudo e enriquecimento do maçom brasileiro; e ao
chegar lá, foi exatamente desse livro que falamos, numa impressionante sincronicidade, dessas que o
Universo anda cheio, ainda que insistamos em não percebê-las.
Portanto, graças à conspiração positiva (e sempre a favor) do Universo Vivo, eis a tradução
(razoavelmente comentada) da obra: esses comentários, aliás, foram feitos na sua maior parte por Fábio
Cyrino, dono de uma capacidade imensa para perceber o que seria compreensível ou incompreensível
tanto para o leitor maçônico quanto para o profano interessado no assunto, já que A Chave de Hiram trata
por diversas vezes de rituais pouco conhecidos no Brasil. Fábio também fez a tradução da obra seguinte
dos mesmos autores, O Segundo Messias, disponível junto com esta, no mesmo esforço editorial, e que
recomendo vivamente, por explorar de forma mais aprofundada algumas descobertas feitas por Knight e
Lamas neste primeiro trabalho.
Essas descobertas são de vital importância para a compreensão da História, não apenas da
Maçonaria, mas também da Humanidade, eternamente enganada por seus senhores, quando o assunto é
capaz para ampliar a liberdade de pensamento e o livre-arbítrio dos homens, tornando-os livres dos
dogmas sem sentido que até hoje só serviram para escravizar-lhes corpo e espírito.
A mesma liberdade que aprendi dentro das Lojas Maçônicas, que tenho freqüentado desde minha
iniciação, foi o norte inamovível desta tradução: era essencial que ficasse claro para o leitor o valor das
descobertas e conclusões dos autores, que esclarecem com extrema precisão e oportunidade alguns
enganos perpetuados através dos séculos, já que os que os divulgam não têm tido nenhum interesse em
que a Verdade venha à tona. O compromisso maçônico com a Livre Investigação da Verdade, no entanto,
é a primeira coisa que aprendemos quando pela primeira vez enxergamos a Verdadeira Luz, e é com a
satisfação do cumprimento desse dever que posso entregar aos leitores o presente trabalho, sabendo que
os fatos nele apresentados, mais do que qualquer outra coisa, servirão para que se conheça o real objetivo
da Maçonaria, e que a fonte onde ele nasce é e sempre será a fonte da Liberdade, da Igualdade e da
Fraternidade entre todos os homens do mundo.
São Paulo, dezembro de 2002.
Z. Rodrix
Introdução
Henry Ford declarou certa vez que 'toda a História é uma grande mentira', Pode ter soado um tanto
abrupto, mas uma vez encarados os 'fatos' do passado que nós ocidentais aprendemos nas escolas,
conclui-se que o sr. Ford tinha toda razão.
Nosso ponto de partida foi um trabalho de pesquisa particular para tentar encontrar as origens da
Maçonaria - a maior sociedade do mundo, hoje com mais de cinco milhões de membros em Lojas
regulares, e que no passado incluiu entre eles muitos grandes homens, de Mozart ao próprio Henry Ford.
Sendo Franco-Maçons, nosso objetivo era tentar entender um pouco mais sobre o significado da
ritualística maçônica: essas cerimônias estranhas e secretas efetuadas exclusivamente por homens, quase
todos de meia idade e de classe média, de um pólo a outro.
No centro das lendas maçônicas está um personagem denominado Hiram Abiff que, de acordo com
o que se conta a todos os Maçons, foi assassinado há quase dois mil anos atrás durante a construção do
Templo do Rei Salomão. Este homem é um enigma absoluto. Seu papel como construtor do Templo do
Rei Salomão e as circunstâncias de sua horrível morte são claramente descritas nas histórias maçônicas,
mas ele não é mencionado no Antigo Testamento (1). Durante quatro dos seis anos que gastamos nessa
pesquisa acreditamos que fosse uma criação simbólica, mas então ele se materializou das brumas do
tempo para provar-se extremamente real.
Assim que Hiram Abiff se ergueu do passado distante, nos brindou com nada menos que uma nova
chave para a História ocidental. As contorções intelectuais e as elaboradas conclusões que previamente
formaram a visão coletiva que a sociedade ocidental tem de seu passado deram lugar a uma ordem
simples e lógica. Nossas pesquisas nos levaram inicialmente à reconstrução do ritual de mais de quatro
mil anos de idade que o Egito usava para a feitura de seus reis: isso nos levou a desvendar um assassinato
que ocorreu por volta de 1570 a.c., e o que deu partida à cerimônia de ressurreição que é a antecedente
direta da moderna Maçonaria. Ao seguirmos o desenvolvimento desse ritual secreto, de Tebas a
Jerusalém, descobrimos seu papel na construção da nação judaica e na evolução de sua teologia.
Em flagrante contraste com o que hoje se acredita ser fato, o mundo ocidental na verdade se
desenvolveu de acordo com uma filosofia muito antiga, codificada em um sistema secreto que só veio à
superfície em três momentos cruciais nos últimos três mil anos.
A prova final de nossas descobertas pode certamente tornar-se a maior descoberta arqueológica do
século: nós localizamos os manuscritos de Jesus e de seus seguidores.
(1) Hiram Abiff é mencionado no Antigo Testamento como um mestre em metalurgia e trabalhos
com metais, enviado pelo Rei de Tiro a Salomão quando da construção do Templo, mencionado em Reis
I, 7:13-14 e em Crônicas II, 2:13-14. Em algumas versões do Antigo Testamento, ele é apresentado como
sendo Adonhiram, um coletor de impostos, mencionado em Samuel n, 20: 24, ou como superintendente
dos trabalhos no Monte Líbano, mencionado em Reis I, 5:14. (N. T.)
Capítulo Um
Os Segredos Perdidos da Maçonaria
Que a Maçonaria data de antes do Dilúvio; que é apenas uma criação de ontem; que é apenas uma
desculpa para o convívio social; que é uma organização ateísta e destruidora de almas; que é uma
associação caritativa, fazendo o bem debaixo de uma tola pretensão de segredo; que é uma máquina
política de extraordinária potência; que não tem segredos; que seus discípulos possuem o maior
conhecimento já legado à Humanidade; que celebram seus misteriosos ritos sob os auspícios e as
invocações a Mefistófeles; que seus atos são perfeitamente inocentes, para não dizer extremamente
estúpidos; que os Maçons cometem todos os crimes de que não se pode acusar a mais ninguém; e que
existem com o único propósito de promover a fraternidade e a irmandade universais - essas são algumas
das alegações que fazem os boquirrotos que estão fora do círculo dos Livres e Aceitos Irmãos. OMNE
IGNOTUM PROMAGNIFICO. Quanto menos se sabe mais se aprende na Maçonaria.
(The Daily Telegraph, Londres, 1871)
A Maçonaria coloca um considerável empenho em encorajar altos padrões de moralidade entre seus
membros. Mas não é nada surpreendente que uma sociedade que use apertos de mão, sinais e linguagem
secreta para o reconhecimento mútuo de seus membros se tome mais suspeita de ser uma má que uma boa
influência. Por que usar esses métodos, senão para ocultar a verdade? Por que ocultar, se nada existe a
ocultar?
Os que estão fora da Maçonaria acham tão tola a idéia de vestir-se, recitar textos esotéricos e
realizar estranhos rituais que tendem a acreditar que deve haver nela alguma outra atração, e muito mais
sinistra. Provavelmente não há... Mas uma negativa é sempre mais difícil de provar.
(The Daily Telegraph, Londres, 1995)
A Mais Pura Falta de 0bjetividade
Em 1871, a rainha Vitória ainda tinha trinta anos de reinado à sua frente, Ulysses S. Grant era
presidente dos Estados Unidos da América, e a Maçonaria era alvo da especulação pública. Cento e vinte
e cinco anos depois, a chegada do homem à Lua já está a uma geração de distância, e a Maçonaria ainda é
alvo da especulação pública.
Encontramos a primeira das epígrafes acima num recorte de jornal dobrado em um empoeirado
livro sobre a História da Maçonaria, onde foi usado como marcador de página por algum Maçom já
falecido. Chris leu o segundo em um ano no meio do Atlântico entre o almoço e o filme.
Quase tudo, inclusive o estilo de escrita, mudou nos últimos cento e vinte e cinco anos, mas a
atitude geral do público em relação à Maçonaria hoje ainda é tão confusa quanto era no século XIX. A
maioria das pessoas não confia naquilo que não compreende e, quando sentem algum elitismo que as
exclua, essa desconfiança rapidamente se transforma em desagrado e até ódio. Enquanto a Maçonaria tem
sido aberta a todos os homens acima da idade de vinte e um anos (dezoito pelas constituições escocesas),
com boa saúde física e mental, que possam demonstrar bom caráter e expressar a crença em um Deus, não
há dúvida que se associar a ela nas Ilhas Britânicas foi, no passado, quase que exclusividade da
aristocracia, com os lugares inferiores sendo ocupados pelo estrato superior da classe média.
No meio do período vitoriano era socialmente importante, quase essencial, que um profissional
fosse Franco-Maçom. Os novos-ricos da Revolução Industrial buscavam status social através da filiação a
uma sociedade exclusiva que tivesse alto perfil de ocupação por aristocratas de todos os níveis, incluída a
própria família real. Pelo menos em teoria, membros das classes trabalhadoras eram igualmente aptos a
tornarem-se Maçons, mas na prática dificilmente passaria por suas cabeças a idéia de tentar unir-se ao
"clube" de seus patrões, devido ao fato da existência de uma Loja estar associada com os bem-postos-navida.
Em todos os níveis da sociedade, aqueles que não eram Franco-Maçons só podiam especular sobre
os segredos que eram revelados aos membros dessa misteriosa organização. Sabia-se que usavam aventais
e colares e havia rumores de que enrolavam a barra das calças e trocavam estranhos apertos de mão,
enquanto sussurravam senhas uns aos outros.
Na segunda metade do século XX, a Maçonaria já era uma organização muito menos elitista, posto
que homens de todos os níveis da sociedade buscaram e alcançaram filiação a ela. Ainda assim uma
olhada rápida para o topo da Maçonaria Inglesa rapidamente mostra que ser membro da família real ou
par hereditário do reino ainda é uma grande vantagem para avanços dentro da Ordem.
Muitos no mundo ocidental estão pelo menos conscientes da existência da Maçonaria, e seus
mistérios intrigam dois grandes grupos: os que não são Maçons, e se perguntam quais seriam os segredos
da Ordem, e os que são Maçons, e também se perguntam quais seriam esses segredos! Uma sólida razão
para o silêncio entre os Maçons não é tanto a compulsão de aderir aos sagrados votos, ou o medo de
alguma macabra retribuição por parte de seus irmãos, mas sim o fato de que não compreendem uma
palavra sequer das cerimônias que participam, sendo o seu único medo o de que as pessoas venham a rir
dos rituais tolos e sem objetividade a que comparecem.
A Maçonaria para nós, e para todo e cada irmão que conhecemos, é um pouco mais que um clube
social cheio de oportunidades e um pouco de teatro amador, seguido por uma lauta refeição acompanhada
de muita cerveja e vinho. O ritual complexo e obscuro tem que ser memorizado através de anos e anos de
repetição cantada (2). Dá-se muita ênfase à sinceridade com que o ritual é apresentado, mas na realidade
apenas pequenas partes da cerimônia conseguem ser entendida como simples mensagens alegóricas que
se relacionam com a retidão de caráter moral- o resto é uma estranha mistura de palavras sem significado
e representações de supostos eventos históricos que se relacionam com a construção do Templo do Rei
Salomão em Jerusalém, há três mil anos.
(2) A prática maçônica feita na Grande Loja Unida da Inglaterra é a de se realizar todas as
cerimônias sem o auxílio de rituais escritos, prevalecendo com isso uma tentativa de se manter a tradição
da transmissão oral dos trabalhos maçônicos. (N. T)
Enquanto nós que estamos dentro fazemos muito pouco além de aprender textos amalucados de cor,
muitos do lado de fora estão tentando destruir a organização por suspeitar que ela cause corrupção, por
vê-la como um bastião de privilégio capitalista ou por considerá-la apenas um clube onde os membros
trocam favores. Inúmeros livros sobre o assunto têm alimentado a curiosidade e o antagonismo do público
em geral. Alguns, como os escritos pelo autor americano John J. Robinson são obras-primas de pesquisa;
outros, como os do falecido, Stephen Knight, são pouco mais que ficção urdida exclusivamente para
satisfazer os piores temores do setor antimaçônico.
O lobby antimaçônico trabalha constantemente para provar supostas irregularidades, e já tivemos
experiência quanto a isto. Um amigo de Chris, renascido-em-Cristo, nos disse recentemente que iria
ocupar o lugar de conselheiro na sua igreja. Questionado sobre a quem iria aconselhar, me horrorizou
com a resposta, "a todos aqueles que sofrem de feitiços maçônicos".
"O que é um feitiço maçônico?", eu perguntei, sem informar minha ligação com a Ordem (como a
Maçonaria é chamada pelos seus membros).
"Maçons têm que jurar lealdade absoluta entre si mesmos acima de todos os outros, inclusive das
famílias. Quando falham, são amaldiçoados com terríveis feitiços, que trazem grande sofrimento a eles e
aos que lhes estão próximos!".
Eu fiquei momentaneamente sem palavras. A Maçonaria é muitas coisas, mas certamente não é o
Mal, apesar de tantas pessoas estarem determinadas a considerá-la exatamente isso. Repudiando
diretamente essas acusações nascidas da falta de informação, a Grande Loja Unida da Inglaterra afirma
publicamente que "o dever de um Franco-Maçom como cidadão está sempre acima de qualquer obrigação
que tenha com qualquer outro. Franco-Maçom", e que "a Maçonaria não pode prejudicar nem a família de
um homem nem qualquer de suas ligações pessoais, ou por tomar muito de seu tempo e seu dinheiro ou
por forçá-lo a agir de maneira que fira o seu próprio interesse".
Não temos nenhum desejo de sermos apologistas da Maçonaria, mas a temos visto praticar o bem e,
tanto quanto saibamos, não a temos visto praticar nenhum mal. A Ordem doa consideráveis somas de
dinheiro à caridade, anonimamente na maioria das vezes, e promove níveis de retidão moral e responsabilidade
social que são não apenas impressionantes, mas também firmam padrões pelos quais muitos outros
se têm pautado. Cor, raça, credo, política são sempre irrelevantes para a filiação, e os dois principais
objetivos são uma ordem social baseada na liberdade individual e a busca da totalidade do Conhecimento.
A única exigência absoluta é a da crença em um Deus... qualquer Deus (3).
(3) A crença na existência de uma Divindade, ou de um Princípio Criador (como o professado pelos
Maçons do Rito Francês), é um ponto essencial da Maçonaria Especulativa, tão essencial que é um dos
pontos balisadores para o ingresso à Ordem. Como citado por Albert Mackey: "a 'religião' da Maçonaria é
cosmopolita, universal; mas a crença requerida em um Deus não é incompatível com essa
universalidade". De fato, a liberdade dada a cada um de seus membros para que se professe o Deus
pessoal e a tolerância com os princípios religiosos de cada um é um dos fatores que tem levado a
Maçonaria a sofrer toda a forma de ataque pelas crenças mais fundamentalistas, especialmente as alas
mais conservadoras da Igreja Católica Romana e algumas organizações cristãs evangélicas e neopentecostais.
(N. T.)
Nossa maior crítica à Maçonaria é a sua falta de objetividade. Não sabe de onde veio, ninguém
parece saber o que ela deseja alcançar, e parece cada vez mais improvável que ela tenha muito futuro em
um mundo que deseja cada vez mais clareza de propósitos e de benefícios. Não só não se conhecem mais
as origens da Ordem, mas todos admitem que os "verdadeiros segredos" estão perdidos, e "segredos
substitutos" estão sendo usados no lugar nas cerimônias maçônicas, "até o momento em que os
verdadeiros sejam redescobertos".
Se as palavras que emergem do ritual forem tomadas no seu valor imediato, supõe-se que a
Maçonaria deva ter pelo menos três mil anos de idade. Não são apenas os opositores da Ordem que
rejeitam isso - a própria Grande Loja Unida da Inglaterra não declara tal antigüidade. Ciente da possível
derrisão pública, evita qualquer posição oficial sobre as origens da Ordem e permite apenas às chamadas
"lojas de pesquisa" o debate sobre a limitada evidência histórica existente.
Um Pobre candidato Imerso em Trevas
Quando nós nos tornamos Maçons, passamos pelo processo experimentado por todo iniciado da
Ordem, pelo menos nos últimos duzentos e cinqüenta anos. Como parte dessa cerimônia fomos levados a
jurar, como homens de honra, que não divulgaríamos nenhum dos segredos da Maçonaria ao mundo
profano, e temos consciência de que certas informações que aqui damos podem parecer a alguns Maçons
uma traição desses segredos. No entanto, a Grande Loja Unida da Inglaterra considera apenas os meios de
reconhecimento mútuo como segredos protegidos pela Ordem, e ninguém poderá passar-se falsamente
por Maçom após ter lido este livro. Seria necessário explicar os rituais de maneira consideravelmente
detalhada, já que formam a base de toda a nossa pesquisa. Algumas das palavras mencionadas são
palavras de passe, mas nunca revelamos que palavras devem ser usadas em que circunstâncias, portanto,
fizemos o melhor possível para manter o espírito de nosso juramento. De qualquer forma, fizemos esses
votos por entender que nunca interfeririam em nossa liberdade como agentes morais, civis e religiosos: e
se esses votos nos impedissem de partilhar as importantes descobertas que fizemos, estariam certamente
interferindo nessas liberdades.
**********************************
Apesar de termos nos filiado a diferentes Lojas com uma distância de vários anos, podemos nos
recordar de experiências idênticas. Eis como nos sentimos: (usaremos o "EU" para significar o que ambos
vivemos).
Tendo sido entrevistado por um painel de past-masters alguns meses antes, eu agora estava pronto
para ser um Franco-Maçom. Aquilo a que ia me unir era virtualmente desconhecido para mim: a única
pergunta direta que me havia sido feita tinha sido "crê em Deus?" Eu acreditava, e tudo seguiu até o ponto
em que eu estava de pé, ao lado de um guarda que batia com o cabo de uma espada desembainhada na
grande porta de madeira que dava acesso ao templo, pedindo. permissão para que eu entrasse.
Eu estava imerso em trevas (quer dizer, vendado) e vestido em calças e camisa brancas muito
largas. Um de meus pés calçava um simples chinelo, minha perna esquerda estava exposta até o joelho, e
a aba esquerda da camisa estava afastada para que meu peito aparecesse nu desse lado. Sem que eu
soubesse, uma corda com um nó de carrasco havia sido posta em meu pescoço e deixada cair às minhas
costas. Havia sido aliviado de todos os objetos de metal que trazia e agora estava pronto a ser guiado para
dentro do templo (mais tarde soube que essa maneira de vestir, a roupa larga com o nó de enforcado à
volta do pescoço, era exatamente como um herético medieval teria sido tratado pela Inquisição antes de
fazer sua confissão).
Recordo-me de perceber a presença de um grande número de pessoas à minha volta e de sentir-me
muito vulnerável. Pude sentir uma ponta de metal colocada em meu peito.
"Sentes alguma coisa?", perguntou a voz à minha frente. Um sussurro em meu ouvido esquerdo me
deu as resposta formal que eu repeti em voz alta.
"Sim, eu sinto".
"Então que esta ponta seja um ferrão em tua consciência, assim como morte instantânea se acaso
algum dia traíres os segredos que agora te serão comunicados" .
Outra voz falou do outro lado da sala - eu a reconheci como pertencendo ao Venerável Mestre.
"Como nenhum homem pode tornar-se Maçom a menos que seja livre e maduro de idade, eu agora te
pergunto - és um homem livre e de idade igual ou acima de vinte e um anos?".
"Eu o sou".
"Tendo respondido a esta questão de maneira tão satisfatória, existem outras que eu farei
imediatamente, esperando que as respondas com a mesma franqueza. Declaras seriamente e por tua honra
que é sem preconceito causado por solicitações de amigos que sejam contrárias às tuas próprias
inclinações ou influenciado por motivos mercenários ou de qualquer outro indigno teor que livre e
voluntariamente te ofereces como candidato aos mistérios e privilégios da Maçonaria? E ainda mais:
declaras por tua própria honra que te sentes pronto a requerer os privilégios de uma opinião pré-
concebidamente favorável à nossa Ordem, um desejo geral de conhecimento e uma vontade sincera de
tornar-se mais amplamente dedicado ao serviço de nossos iguais humanos?".
"Sim" .
A adaga que havia sido firmemente posta em meu peito foi removida (apesar de que, nesse
momento, eu não o soubesse), mas a corda (chamada de cabo de toa) (4) permaneceu em meu pescoço. O
homem à minha direita sussurrou que eu me ajoelhasse e uma curta prece foi dita, invocando as bênçãos
do Supremo Governador do Universo (Deus - assim descrito de maneira neutra para ser igualmente
acessível aos membros de qualquer religião monoteísta).
A cerimônia prosseguiu com o mentor me guiando à volta do perímetro do templo, parando por três
vezes para apresentar-me como "um pobre candidato imerso em trevas". Eu não via, mas o centro do
assoalho do templo era um retângulo de quadrados brancos e negros. No lado oriental estava o altar do
Venerável Mestre, ao sul sentava-se o Segundo Vigilante e a oeste, o Primeiro Vigilante, ambos em
altares menores.
No fim da terceira volta fui levado, ainda vendado, ao pedestal do Venerável Mestre onde ele me
perguntou: "Tendo estado nas trevas, qual é o maior desejo de teu coração?"
Uma vez mais a resposta me foi sussurrada ao ouvido.
(4) Corda que normalmente é utilizada para o reboque de outras embarcações. (N. T.)
"Luz" .
"Que esse bem então te seja devolvido". A venda foi removida e quando meus olhos se ajustaram
pude ver que estava em frente ao Venerável Mestre que imediatamente chamou minha atenção para as
"luzes" emblemáticas da Maçonaria, que se explica como sendo o Livro da Lei Sagrada (para candidatos
cristãos, a Bíblia), o Esquadro e o Compasso. Ele então me disse que eu agora havia sido aceito no grau
de Aprendiz Maçom - o primeiro dos três graus pelos quais teria que passar até ser aceito como Mestre
Maçom. Os sinais secretos, apertos de mão e palavras de passe do 1o
. Grau me foram então explicados, e
me disseram que a coluna que ficava à esquerda da entrada do templo tem significado especial para os
Maçons. Tanto o pilar da esquerda quanto o da direita são recriados na Loja e ficam atrás e de cada lado
do Venerável Mestre. O pilar da esquerda, chamado Booz, é assim denominado por causa de Booz (5), o
bisavô de David, rei de Israel.
Após várias perambulações à volta do templo, me apresentaram um avental muito simples feito de
pele de carneiro, símbolo do grau que eu havia alcançado. Então me foi dito, "É mais antigo que o Velo
de Ouro ou a Águia Romana, mais honrado que a Estrela, a Jarreteira (6) ou qualquer outra condecoração
ainda existente, sendo a marca da inocência e o laço da amizade..." Este trecho provou ser uma parte
particularmente reveladora do ritual maçônico: como mostraremos, contém evidências claras de ter sido
urdido em três períodos diferentes da História, do genuinamente antigo ao relativamente moderno.
(5) Booz, personagem constante do Livro de Ruth, no Antigo Testamento, da Casa de Judá, da qual
David fazia parte. (N. T.)
(6) A Ordem da Jarreteira foi criada em 1348, pelo Rei da Inglaterra, Eduardo III, logo após curioso
incidente. Ao dançar com a condessa de Salisbury, sua amante, esta deixou cair a jarreteira, uma liga de
prender meias. Ao devolvê-la à sua dona, percebeu que os cortesãos manifestavam risos maliciosos e
reagiu com a frase: Honi soi! qui maly pense (vergonha para quem puser nisto malícia). O traje apresenta,
além da veste, manto, luvas e chapéu, a própria jarreteira usada na perna esquerda, em veludo azul, com a
famosa base bordada a ouro (N. T.)
No decorrer da cerimônia, várias virtudes morais e sociais me foram recomendadas usando um semnúmero
de analogias arquiteturais: entre elas, as ferramentas de pedreiro foram comparadas a métodos de
auto-aprimoramento. Quase no fim da cerimônia de iniciação, fiquei alarmado em saber que existem
perguntas que devem ser fixadas na memória para que eu progrida para o 2.° Grau, o de Companheiro
Maçom. Entre essas perguntas estão algumas informações, mais intrigantes que informativas:
Pergunta: "O que é a Maçonaria?"
Resposta: "Um sistema peculiar de Moral, oculto por alegorias e ilustrado por símbolos".
Pergunta: "Quais são os três grandes princípios sobre os quais a Maçonaria se fundamenta?"
Resposta: "Amor fraternal, alívio e verdade".
Para qualquer candidato, o primeiro desses princípios soa razoável, mas os outros dois são difíceis
de perceber. Alívio de quê? Qual verdade?
Sendo agora um irmão totalmente aceito, apesar de ainda um mero "aprendiz", deixei o templo com
a sensação de que alguma coisa de muito especial havia acontecido: mas não fazia a menor idéia do que
aquilo tudo significava. Um banquete festivo aconteceu e, sendo o homem do momento, fui colocado à
esquerda do Venerável Mestre. Brindes e discursos se seguiram e todos extraímos grande prazer em
participar da comemoração. Os mistérios da Ordem não me tinham sido revelados. Talvez, pensei eu,
tudo fique claro na próxima cerimônia.
Não ficou.
Os Mistérios Ocultos da Natureza e da Ciência
Alguns meses mais tarde eu passei pela cerimônia do 2o
. Grau a fim de alcançar o grau de
"Companheiro Maçom". Dessa vez eu adentrei o templo com os demais irmãos usando o mesmo avental
simples de pele de carneiro, o símbolo de minha inocência genuína - e de minha muito humilde posição.
A Loja foi aberta no 1o
. Grau, e como candidato a elevação, fui testado, tendo que responder às perguntas
cujas respostas me tinham sido ensinadas no final da primeira cerimônia. Assim que consegui passar por
esse exame de habilidade de recitar palavras sem sentido, foi-me ordenado que deixasse o templo para ser
devidamente preparado para a "cerimônia de passagem".
Fui readmitido vestindo a mesma roupa grosseira que usara na cerimônia de iniciação, agora com a
perna esquerda e o peito direito expostos. Enquanto os Diáconos me conduziam à volta do templo, novas
palavras de passe e sinais eram revelados, inclusive uma postura de mão erguida que se disse ter sido
originada quando ''Josué lutou as batalhas do Senhor (no vale de Joshoshapat) e rezou para que o sol
parasse em seu percurso até que a derrota de seus inimigos tivesse sido completada". Isto mais tarde
provou ser muito significativo.
O pilar da direita da entrada do Templo do Rei Salomão foi descrito para complementar a
informação dada no grau anterior sobre o pilar da esquerda. Esse pilar, identificado como "Jachin", assim
se chamava por causa do sumo-sacerdote que realizou a sagração dessa seção do Templo de Jerusalém.
Os pilares-gêmeos Booz e Jachin se tornariam importantíssimos, em todos os pontos de nossa futura
pesquisa. Foi dito que o primeiro representa "a força" ou "na força", e o segundo, "estabelecer" e que
quando juntos, significavam" estabilidade" (7).
Depois de terminada a cerimônia do 2o
. Grau me foi “permitido ampliar minhas pesquisas nos
mistérios ocultos da natureza e da ciência".
Mais uma vez a cerimônia foi seguida de banquete, discursos e cantos.
(7) Freqüentemente tem-se estudado qual o verdadeiro significado das duas colunas vestibulares no
pórtico do Templo de Salomão: alguns estudiosos apresentam-nas como homenagens aos ancestrais da
casa de David; entretanto, a versão mais aceita atualmente é a de representarem uma frase de
dedicação da casa de Deus, podendo também ser traduzida por "em Sua força, estabelecerá". (N. T.)
Uma Pequena Luz
Alguns meses mais tarde, já como Companheiro, usando um avental branco com duas rosetas azuis,
estava apto a ser elevado ao que se considera o "sublime" grau de Mestre Maçom. Mas antes foi
necessário que eu mais uma vez provasse a minha competência decorando as respostas para novas
perguntas-teste.
Enquanto me eram feitas as perguntas e eu as respondia, chamou minha atenção a informação
"nossos antigos irmãos recebiam seus salários na câmara do meio do Templo do Rei Salomão, sem
dúvidas nem desconfianças e com grande respeito à integridade de seu empregador nesses dias". Estudos
cuidadosos da Bíblia não haviam mostrado nenhuma menção a uma câmara do meio no Templo de
Salomão. Um engano factual desses não pode ocorrer. Portanto, para dar-lhe algum sentido, concluímos
que as perguntas e respostas indicavam que os irmãos haviam sido capazes de confiar em seus
empregadores no passado, mas talvez não pudessem fazê-lo agora.
Nesse ponto também me foi mostrada uma referência aparentemente bíblica que não existe na
Bíblia, mas que indica a missão que me seria dada assim que alcançasse o sublime grau de Mestre
Maçom: "Disse o Senhor: Com Força estabelecerei Minha Palavra em Minha Casa para que ela fique de
pé para sempre". Essa citação provou ser extremamente importante, apesar de não fazer nenhum sentido
para os Maçons de hoje, como não fez sentido para nenhum de nós quando pela primeira vez a ouvimos.
Foi-me então revelada uma palavra de passe que me permitiria reentrar o templo quando a Loja já
tivesse sido aberta como Loja de Mestres Maçons. As coisas dessa vez eram bem diferentes e muito mais
dramáticas.
Reentrei no templo para encontrar escuridão total exceto pelo pequeno brilho da luz de uma vela
que estava acesa no Oriente em frente ao Venerável Mestre. Na grande sala sem janelas, a vela solitária
dava pouquíssimo da iluminação necessária, mas assim que meus olhos se ajustaram foi possível ver as
faces atrás dela e apenas vislumbrar as formas do templo em tons de negro e cinza escuro.
Dramaticamente, fui informado de que o assunto desse grau era a própria morte.
A cerimônia começou com um breve resumo dos graus anteriores:
Irmãos, todos os graus da Maçonaria são progressivos e não podem ser alcançados a não ser com
tempo, paciência e assiduidade. No 1 ° Grau nos são ensinados os deveres que temos para com Deus,
nosso próximo e nós mesmos. No 2° Grau, somos admitidos como participantes dos mistérios da ciência
humana, para traçar a bondade e a majestade do Criador, pela analise minuciosa de Seus atos. Mas o 3°
Grau é o cimento que a tudo une: foi calculado para unir os homens pelos místicos pontos da irmandade,
como um laço de afeição fraternal e amor entre irmãos: mostra as trevas da morte e a escuridão da
sepultura como antecipação da luz brilhante, que se segue à ressurreição dos justos, quando esses
corpos mortais que por tanto tempo estiveram depositados no pó serão finalmente despertados, reunidos
a seus espíritos idênticos, e vestidos de imortalidade...
Uma prece então foi dita, com esta conclusão:
... rogamos a Ti que concedas Tua graça a este Teu servo, que busca conosco partilhar dos
segredos de um Mestre Maçom. Completai-o de tal fortitude que, na hora do julgamento ele não falhe,
mas que passando sob a segurança da Tua proteção através do escuro vale da sombra da morte, ele
possa finalmente erguer-se da tumba do pecado para brilhar como as estrelas, para todo o sempre.
A cerimônia prosseguiu de maneira não muito diversa das anteriores, até o ponto em que fui
obrigado a viver um papel em uma marcante história que explica de que maneira os segredos de um
Mestre Maçom foram perdidos. Vivi o papel de um personagem que não existe fora dos rituais da
Maçonaria: seu nome foi dado como sendo Hiram Abiff.
O Venerável Mestre narra a história:
... a natureza apresenta mais uma grande e útil lição - o auto conhecimento. Ela te ensina, pela
meditação, que te prepares para as horas finais de tua existência; e quando, por meio de tal meditação,
ela tiver te levado através das voltas intrincadas desta tua vida mortal, ela finalmente te ensina como
morrer. Este, meu querido Irmão, é o objetivo desse Terceiro Grau da Maçonaria. Ele te convida a
refletir sobre este terrível assunto e te ensina a sentir que, para o homem justo e correto, a morte não
traz terror igual ao que traz a nódoa da falsidade e da desonra.
Dessa grande verdade, os anais da Maçonaria dispõem de um grande exemplo na imutável
fidelidade e prematura morte de nosso Grão-Mestre Hiram Abiff, que perdeu a vida pouco antes do
acabamento do Templo do Rei Salomão, a construção da qual, como com certeza sabes, era o arquiteto
principal Sua morte se deu da maneira que se segue:
Quinze Companheiros de uma turma específica, que tinham sido apontados para presidir sobre os
outros, percebendo que o Templo estava quase terminado, mas que ainda não estavam de posse dos
segredos genuínos de um Mestre Maçom, conspiraram para obter esses segredos por quaisquer meios,
dispostos a recorrer até mesmo à violência. Na véspera de transformar sua conspiração em execução,
doze desses quinze recuaram, mas três de caráter mais atroz e determinado que o dos outros persistiram
em suas ímpias decisões, e com este propósito se colocaram respectivamente nos portões sul, oeste e leste
do Templo, onde nosso Mestre Hiram Abiff se havia retirado para prestar adoração ao Mais Alto, como
era seu antigo costume, sendo doze horas.
Terminadas as suas devoções, ele se retirava pelo pomo sul quando foi abordado pelo primeiro
desses três rufiões, que, na falta de melhor arma, tinha se armado com uma régua de chumbo, e que de
maneira ameaçadora exigiu de nosso Mestre, Hiram Abiff, os segredos de um Mestre Maçom, avisando-o
de que a morte seria a conseqüência de sua recusa: mas fiel à sua obrigação este replicou que esses
segredos só eram conhecidos por três homens em todo o mundo e que sem o consentimento dos outros
dois ele não podia e nem efetivamente os divulgaria: mas ponderou que não tinha nenhuma dúvida que a
paciência e a perseverança em pouco tempo dariam ao Maçom a participação neles. Mas falando por si
próprio, preferia enfrentar a morte que trair a confiança sagrada que lhe havia sido depositada.
Essa resposta sendo insatisfatória, o rufião desferiu violento golpe na fronte de nosso Mestre, mas
abismado pela firmeza de seu comportamento, só conseguiu atingi-lo na têmpora esquerda, ainda assim
com força suficiente para que ele girasse e caísse ao chão sobre o joelho esquerdo.
Nesse ponto eu senti um fraco golpe em minha têmpora esquerda e meus dois guias, conhecidos
como Diáconos, fizeram com que eu me ajoelhasse em imitação à história.
Recobrando-se dessa situação, ele correu para o portão oeste onde encontrou o segundo rufião, a
quem respondeu como antes, e ainda com a mesma firmeza, quando o rufião, armado com um prumo,
deu-lhe um violento golpe na têmpora esquerda, que o levou a cair ao chão sobre o joelho esquerdo.
À luz das velas, eu vi o Venerável Mestre debruçar-se sobre seu pedestal com um instrumento que
me tocou a fronte e senti muitas mãos me puxando para trás. Fui sendo deitado de costas com meus pés
mantidos no lugar, de maneira que meu corpo foi ficando na horizontal, na escuridão. No que toquei o
solo, uma mortalha foi imediatamente posta sobre mim, de forma que apenas a parte de cima de minha
face ficasse descoberta. O Venerável Mestre continuou:
Irmãos: na cerimônia anterior, assim como na presente situação, este nosso Irmão representa um
dos mais brilhantes personagens nos anais da Maçonaria, exatamente Hiram Abiff, que preferiu perder a
vida a trair a confiança sagrada nele depositada. E eu creio que essa decisão criou uma forte impressão,
não apenas em sua mente, mas também nas nossas, caso algum dia nos vejamos em circunstâncias
semelhantes.
Irmão Segundo Vigilante, agora tentareis erguer o representante de nosso Mestre com o aperto de
mão de Aprendiz.
O Segundo Vigilante se abaixou, tirou minha mão de dentro da mortalha e puxou. Minha mão
escapou de seus dedos.
Venerável Mestre, este aperto de mão não é firme.
Figuras sombrias marcharam à volta de minha "tumba" por alguns instantes, antes que o Venerável
Mestre novamente falasse.
Irmão Primeiro Vigilante, tentareis agora o toque de Companheiro.
Esse foi tão sem efeito quanto o anterior.
Irmãos Vigilantes, ambos falhastes em vossas tentativas. Resta ainda um terceiro e muito peculiar
método, conhecido como a Garra do Leão ou da Águia, que se dá apertando com firmeza os tendões do
punho da mão direita com as pontas dos dedos, erguendo-o pelos Cinco Pontos de Perfeição, o qual com
vossa ajuda tentarei agora.
O Venerável Mestre tomou firmemente de meu punho e puxou, trazendo-me de volta à posição
vertical. Uma vez mais, mãos que eu não via suportaram meu peso. Quando fiquei de pé, o Venerável
Mestre me segredou duas peculiares palavras ao ouvido. Agora eu já conhecia ambas as partes da palavra
de Mestre Maçom. Naquele momento não queriam dizer nada, mas através de nossas pesquisas
descobrimos seu antigo e fascinante significado, como mais tarde mostraremos.
Assim, queridos Irmãos, foram todos os Mestres Maçons erguidos de sua morte figurativa, para
reunir-se com seus iguais e retomar seus trabalhos. Peço-vos agora que observeis que a luz de um
Mestre Maçom não é mais que uma visível escuridão, servindo apenas para expressar essa penumbra
que paira sobre os prospectos do futuro. É esse o misterioso véu que o olho da razão humana não pode
penetrar, a menos que seja auxiliado pela luz divina que vem do alto. Ainda assim, aos raios desta luz
haveis de perceber que estais à beira da tumba à qual fostes figurativamente descidos a qual, quando
tiver passado esta vida transitória, novamente vos receberá em seu frio regaço.
Enquanto o Venerável Mestre dizia estas terríveis palavras, forçava meu olhar para baixo e para a
minha direita, onde eu pude apenas vislumbrar a forma de uma cova aberta, em cuja parte superior estava
um crânio humano posto sobre duas tíbias cruzadas. Pela primeira vez em qualquer cerimônia maçônica,
eu senti arrepios passando por minha espinha.
Que esses emblemas da mortalidade, que agora jazem à vossa frente, vos levem a contemplar vosso
inevitável destino e guiem vossas reflexões sobre o mais interessante e mais útil de todos os estudos
humanos - o auto-conhecimento.
Cuidai de realizar vossa tarefa enquanto ainda é dia; ouvi a voz da Natureza que dá o testemunho
de que, mesmo nesse organismo perecível, reside um princípio vital e imortal, que inspira uma santa
confiança, a de que o Senhor da Vida nos permitirá pisar com os pés o rei do Terror, e olhar para o
alto...
O Venerável Mestre dirigiu meu olhar para o alto à esquerda em direção a um brilho de luz no
Oriente (a direção exatamente oposta à da cova) no qual eu pude ver a forma pequena e iluminada de uma
estrela.
... para esta brilhante estrela matutina cujo erguer nos céus traz paz e tranqüilidade aos fiéis e
obedientes membros da raça humana.
Minha cerimônia de Exaltação me fez renascer como Mestre Maçom e foi concluída com a entrega
de mais palavras de passes e toques, e mais analogias construtivas que me guiariam no aprimoramento de
minhas qualidades como Maçom e como membro da sociedade. Mais tarde, em outro encontro formal da
Loja, a história dos eventos que seguiram ao assassinato foi explicada:
Houve agitação geral entre os trabalhadores em todos os departamentos, quando três supervisores
de uma mesma turma não foram encontrados. No mesmo dia, os doze artífices que haviam originalmente
feito parte da conspiração vieram ao rei, e fizeram uma confissão voluntária de tudo o que sabiam, até o
momento em que se haviam afastado do número dos conspiradores. Com seus temores pela segurança de
seu artista chefe grandemente ampliados, o rei selecionou quinze Companheiros de confiança, e ordenou
que fizessem diligentes buscas pela pessoa de nosso Mestre, para se certificarem de que ainda estava
vivo ou de que havia sofrido na tentativa feita de extrair-lhe os segredos de seu grau exaltado.
Tendo um dia certo sido apontado para o regresso a Jerusalém, se organizaram em três Lojas de
Companheiros e partiram pelas três portas do Templo. Muitos dias se passaram em infrutífera busca,
tendo mesmo uma dessas Lojas retomado sem ter feito nenhuma descoberta de importância. A segunda
Loja foi mais afortunada, porque no entardecer de um certo dia, após ter sofrido grandes privações e
fadigas, um dos Irmãos que havia tomado uma postura reclinada, para erguer-se lançou mão de um
arbusto que lhe estava próximo, notando com surpresa que este saía facilmente do solo: num exame mais
acurado, descobriu-se que a terra ali havia sido recentemente revolvida: portanto, chamou a seus
companheiros, e com seus esforços unidos reabriram a cova e lá encontraram o corpo de nosso Mestre
desrespeitosamente enterrado. Cobriram-no novamente com todo o respeito e reverência e, para marcar
o lugar, enfiaram um ramo de acácia na cabeceira da cova, e então se apressaram a ir a Jerusalém
narrar o triste fato ao rei Salomão.
Quando as primeiras emoções de dor do rei já haviam se amainado ele os ordenou que retomassem
e colocassem nosso Mestre em um sepulcro de acordo com seu grau e talentos exaltados, ao mesmo
tempo informando-lhes que com essa inesperada morte todos os segredos de um Mestre Maçom estavam
perdidos. Exortou-os, portanto, a serem particularmente cuidadosos ao observar quaisquer Sinais, Atos
ou Palavras que pudessem ocorrer, enquanto se estivesse pagando esse triste último tributo de respeito
aos méritos do ausente.
Eles cumpriram sua tarefa com enorme fidelidade e ao reabrir a cova um dos Irmãos, olhando em
volta, observou alguns de seus companheiros nessa posição...
Foi-me então explicado como os Companheiros tentaram erguer Hiram Abiff com as palavras e
toques usados em minha própria exaltação simbólica, e como desde essa época esses elementos foram
adotados como reconhecimento de Mestres Maçons em todo o Universo, até que o tempo e as
circunstâncias restaurem os genuínos. A cerimônia então continua:
A terceira Loja, enquanto isso, tinha dirigido suas pesquisas na direção de Jopa, e estavam
discutindo seu retorno a Jerusalém quando, passando acidentalmente pela boca de uma caverna,
ouviram sons de lamentação e arrependimento. Entrando na caverna para descobrir as suas causas,
encontraram três homens que correspondiam à descrição dos que haviam desaparecido, os quais, sendo
acusados do assassinato, e não encontrando mais nenhuma oportunidade de fuga, fizeram uma confissão
completa de sua culpa. Foram atados e levados à Jerusalém, onde o rei Salomão os sentenciou àquela
morte que a crueldade de seu crime sem dúvida merecia.
Nosso Mestre foi então novamente sepultado tão perto do Sanctum Sanctorum quanto a lei dos
Israelitas permitia: dali foi cavada uma cova, afastada um metro a oeste e um metro a leste, um metro ao
norte e um metro ao sul, e com um metro e meio ou mais de profundidade. Não era possível colocá-lo no
Sanctum Sanctorum, porque não era ali permitida a entrada de nada que fosse comum ou imundo: nem
mesmo o Sumo Sacerdote o fazia, exceto uma vez por ano: e isso apenas após muitos banhos e
purificações, no importante dia da expiação de todos os pecados, pois pela leis Israelitas toda a carne é
considerada imunda.
Os quinze Companheiros confiáveis tiveram ordem de atender ao funeral, usando aventais e luvas
brancas como emblemas de sua inocência.
A cerimônia continuou, e maneira similar à dos dois Graus anteriores, e dela eu emergi na plenitude
de Mestre Maçom. Alguns meses mais tarde, quando não havia nenhum candidato a aumento de salário
na reunião da Loja, um Past Master deu-me a explicação sobre o 3° Grau. Os três vilões que assassinaram
Hiram Abiff foram identificados como Jubelas, Jubelo e Jubelum, conhecidos coletivamente como os
Vilões (em inglês, Juwes, pronunciada Jú-is). Os "sons de lamentação e arrependimento" que foram
ouvidos saindo da caverna me foram dados em detalhe. Ouviu-se que os culpados estavam imersos em
grande remorso e desejando para si próprios terríveis punições por suas vis ações, e no correr do processo
seus desejos são realizados; o rei Salomão os fez executar exatamente da maneira como cada um deles
havia expressado ser seu castigo desejado. Estes castigos são descritos no ritual, mas não os descrevermos
por fazerem parte dos meios de identificação maçônica.
**************************
Os resumos dos três graus do ritual maçônico que mostramos aqui certamente parecerão estranhos
aos leitores que não estiverem "entre o compasso e o esquadro", mas serão muito familiares aos Maçons.
A familiaridade, no entanto, serve apenas para que essas atividades inexplicáveis se tornem normais,
quando por qualquer ponto de vista são no mínimo bizarras. Alguns Maçons crêem que estas histórias são
verdadeiras, assim como muitos cristãos aceitam como verdade as lendas do Antigo Testamento; outros
as consideram apenas divertidas, mas com um razoável fundo moral. Muito poucos na verdade se
preocupam em saber onde esses estranhos rituais se originaram.
Muitos dos principais personagens são facilmente identificáveis na mitologia judaico-cristã - o rei
Salomão, por exemplo, Booz, Jachin e vários outros que não chegamos a identificar - mas a personalidade
chave é um mistério completo. Hiram Abiff não é mencionado no Antigo Testamento (8), nenhum
construtor do Templo é nominado e nenhum assassinato de um sumo-sacerdote tem registro. Alguns
críticos cristãos da Maçonaria condenam a Ordem dizendo que ela glorifica a ressurreição de um outro
que não Jesus Cristo, e que por isso ela é essencialmente uma "religião pagã". Mas é importante notar que
Hiram Abiff, uma vez mono, permanece mono: não existe nenhum retorno à vida, e inclusive nenhuma
sugestão de vida após-morte. Não existe nenhum conteúdo sobrenatural nos rituais maçônicos e é por isso
que membros das mais diversas religiões, inclusive judeus, cristãos, muçulmanos, hindus e budistas os
consideram complementares e não conflitantes com suas próprias crenças teológicas.
A história central é muito simples e corriqueira, não tendo nem uma estrutura especial ou mesmo
algum valor simbólico. Sim, Hiram Abiff prefere morrer a trair suas crenças, mas assim fizeram muitos
outros homens e mulheres, antes e depois dele. Se alguém desejasse inventar uma história que fosse
emblemática de uma nova sociedade, teria certamente criado alguma coisa mais marcante e autoexplicativa?
Foi esse pensamento que nos provocou a cavar mais fundo na pesquisa pelas origens da
Ordem.
(8) Como já mencionado anteriormente, Hiram Abiff é citado no Antigo Testamento como um
mestre em metalurgia e trabalhos com metais, enviado pelo rei de Tiro a Salomão quando da construção
do Templo, mencionado em Reis I, 7: 13-14 e em Crônicas II, 2:13-14. Em algumas versões do Antigo
Testamento, ele é apresentado como sendo Adonhiram, um coletar de impostos, mencionado em Samuel
II, 20:24, ou como o superintendente dos trabalhos no Monte Líbano, mencionado em Reis I, 5:14 (N.T.)
Partilhamos as mesmas frustrações com a vaga e convencional explicação sobre as origens da
Ordem. Nossas discussões se tomaram mais e mais freqüentes e nosso interesse cresceu com o que
trazíamos um para o outro, não sendo muito depois disso que decidimos fazer uma investigação
estruturada com os objetivos de identificar esse personagem que conhecíamos como Hiram Abiff e
descobrir os segredos perdidos da Maçonaria. Nessa época nenhum dos dois acreditava que teríamos
qualquer chance de sucesso nessa estranha busca, mas sabíamos que a jornada seria pelo menos
interessante. Não sabíamos na época que havíamos colocado em ação uma das maiores investigações
detetivescas de todos os tempos, nem que nossas descobertas seriam de tal importância, não apenas para a
Maçonaria, mas para o mundo em geral.
Conclusão
Muito pouco do ritual maçônico pode ser descrito como "comum". O candidato é vendado, alijado
de todo o dinheiro e objetos de metal, vestido como um acusado de heresia a caminho da forca, e
finalmente avisado que o assunto do último grau é "a Morte!" A jornada das trevas à luz é obviamente
importante, como o são os dois pilares chamados Booz e Jachin, que simbolizam "força" e "estabelecer" e
quando unidos significam "estabilidade".
A Maçonaria alega ser mais antiga que o Tosão de Ouro ou a Águia Romana e que tem como meta
o amor fraternal, a caridade e a verdade - e ainda assim a livre investigação dos mistérios ocultos da
Natureza e da Ciência são apresentados como sendo muito importantes. Os verdadeiros segredos da Ordem,
nos informaram, foram perdidos, e segredos substitutos foram postos em seu lugar até que chegue o
tempo em que os reais sejam reencontrados.
O personagem central da Maçonaria é o construtor do Templo do Rei Salomão denominado Hiram
Abiff, que foi assassinado por três de seus próprios homens. A estilizada morte e ressurreição do
candidato é o ato que faz de cada um que por ele passa um Mestre Maçom, e quando este é erguido da
tumba, a brilhante estrela da manhã está no horizonte.
Onde idéias tão estranhas podem ter-se desenvolvido e por quê?
Só poderíamos iniciar a investigação analisando as teorias conhecidas.
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