terça-feira, 21 de março de 2017

CAPÍTULO QUINZE (A DESCOBERTAS DOS MANUSCRITOS PERDIDOS)

CHAVE DE HIRAM FARAÓS, FRANCO-MAÇONS E A DESCOBERTA DOS MANUSCRITOS SECRETOS DE JESUS CHRISTOPHER KNIGHT & ROBERT LOMAS


Por que será, nos perguntamos, que os Estados Unidos da América existem? Eles não surgiram simplesmente do nada, e duvidamos que sem o benefício da análise posterior, muitos observadores modernos teriam dado a eles a chance de terem sucesso ou de tornarem-se o eixo da cultura mundial e a nação mais poderosa da terra em menos de dois séculos. O plano para os Estados Unidos não foi o desenvolvimento de nenhuma coisa óbvia que já tivesse acontecido antes na Europa: era uma coisa aparentemente muito nova e muito radical, mas a inspiração para um país novo, onde cada indivíduo tivesse importância, onde esses mesmos indivíduos fossem os responsáveis pelo Estado e onde todos eles respondessem a seu Deus, tem que ter vindo de algum lugar. Sentimos, com cada vez mais certeza, que essa inspiração veio através da Maçonaria e dos Templários diretamente do homem a quem chamamos Jesus, que viveu em um tempo de opressão quando buscou igualdade, justiça e iluminação para todo o seu povo. Sua visão não podia e efetivamente não superou as fronteiras de sua própria nação, mas com o tempo a mensagem que ele deu ao mundo foi ouvida e cogitada. Descobrimos essas palavras de especial interesse: Observar a Boa Fé e a Justiça para com todas as nações: cultivar a paz e a harmonia com todas elas. A Religião e a Moralidade se articulam nessa conduta e seria possível que as boas Políticas também não se articulassem com elas? Será o valor de uma livre, iluminada e, em período não muito distante, grande nação, dar à humanidade o magnânimo e novíssimo exemplo de um povo sempre guiado pelas mais elevadas Justiça e Benevolência". Foram proferidas por George Washington em seu discurso de despedida, e as palavras escolhidas confirmam claramente o que já se sabia: esse primeiro presidente dos Estados Unidos havia sido Maçom por toda a sua vida. Elas também são estranhamente remanescentes dos ensinamentos perdidos de Jesus, falando da importância da "liberdade", da "Iluminação", da ''Boa Fé", da "Justiça" e da "Benevolência", assim como das aspirações de construção de uma "grande nação" e a articulação de Religião e Moralidade. Essas características exprimidas por Washington podem soar aos ouvidos modernos como o tipo de palavra que se usa em ocasiões desse tipo, mas quando elas foram proferidas, foram verdadeiramente muito marcantes. A existência de artefatos Templários na Costa Leste dos Estados Unidos não explica como essa Ordem francesa fora-da-lei pode ter influenciado os princípios fundamentais desse país. Para entender a seqüência de acontecimentos decidimos primeiramente analisar um posto avançado templário, cinco mil quilômetros através do Oceano Atlântico, na Costa Oeste da Escócia. Que muitos Templários se estabeleceram na Escócia após o colapso de sua Ordem na Europa continental é coisa bastante documentada e as evidências ainda hoje são fáceis de serem percebidas. A Igreja de Kilmartin, perto do Loch Awe em Argyll, contém muitos exemplos de sepulturas de Templários e tumbas esculpidas mostrando figuras templárias: além disso, existem muitas sepulturas maçônicas no mesmo cemitério. Visitando esse lugar em 1990, fomos imediatamente capturados pela visão de um monumento marítimo que fica na parede do átrio da igreja, em homenagem a um capitão perdido no mar durante o século XVII. O que nos chamou a atenção é que o monumento é composto por dois pilares emoldurando um crânio e duas tíbias cruzadas, a bandeira de batalha dos Templários e o símbolo de um Mestre Maçom, emolduradas pelas figuras que uniam a Maçonaria a Seqenenre Tao. Isso era muito excitante, mais ainda mais fascinante era o grande número de sepulturas e esculturas templárias no cemitério ao lado dessa igreja. Enquanto discutíamos essas descobertas nos pareceu que se um contingente grande o bastante de Templários tivesse fugido para Argyll no século XIV, poderíamos esperar encontrar mais do que apenas um lugar onde houvessem sepulturas templárias. Nas semanas seguintes viajamos a partir de Kilmartin explorando todas as velhas igrejas e campos santos que pudéssemos encontrar. Logo descobrimos vários lugares onde havia pelo menos uma sepultura templária, e mesmo não estando procurando especificamente por elas, também achamos várias tumbas extremamente antigas que exibiam símbolos maçônicos. Fazia tempo que estávamos conscientes de haver uma forte Conexão Templária com essa área da Escócia, desde quando Hugues de Payen desposou Catarina St. Clair. De fato, o primeiro preceptório Templário fora da Terra Santa foi erguido em terras dos St. Clair em um lugar ao sul de Edimburgo agora conhecido como Temple. No início do século XIV, os Templários possuíam muitas propriedades na Escócia, experimentando muita afeição e respeito por parte desse povo. Santuário Escocês A Escócia sempre fora um lugar importante para a Ordem do Templo, mas descobrimos que as circunstâncias políticas da Escócia a tornaram um santuário particularmente adequado após o ataque do rei Filipe e do papa. Seguindo-se à morte do rei Alexandre III em 1286, a antiga linhagem de reis celtas chegou a um fim abrupto, porque ele não tinha filhos, nem irmãos ou irmãs. Seu único herdeiro direto era Margarete, a "Donzela da Noruega", mas ela morreu a caminho da Escócia, deixando a sucessão em disputa. O país se enfraqueceu pelas lutas internas e o rei Eduardo I da Inglaterra tirou vantagens da situação, dando apoio a Jean de Balliol, que era um dos que disputavam o trono, exigindo em troca disso que Balliol se tornasse vassalo do rei da Inglaterra e reconhecesse seu poder sobre o reino escocês. As pessoas não se deixaram enganar e ele se tornou um rei bastante impopular, conhecido como Toom Tabard, que se traduz como Roupa Vazia, significando na verdade que ele era um fantoche do rei da Inglaterra. O rei da Inglaterra também não tinha nenhum respeito por esse homem e o tratava como um vassalo comum, humilhando-o publicamente em determinada ocasião ao insistir que Balliol enfrentasse julgamento por uma dívida não paga a um importador londrino de vinhos. Balliol finalmente se voltou contra Eduardo em 1296, quando rejeitou a ordem real de ajudá-lo a combater os franceses. Eduardo respondeu a isso com uma marcha sobre Berwick e a deposição de Balliol, enviando-o para o exílio em França e exigindo o controle direto sobre a Escócia para si próprio. Para assegurar-se de que nenhum celta faria uma exigência pelo poder, o inglês levou consigo o simbolo da independência escocesa: a antiga Pedra do Destino ou Pedra de Scone, como também é conhecida. Esse pequeno bloco retangular de pedra maltalhada sobre o qual os reis da Escócia sempre eram coroados nunca mais foi devolvido e ainda fica sob o trono inglês na Abadia de Westminster 117. Após roubar o símbolo da independência dos escoceses, o rei inglês estabeleceu um governador na Escócia para controlá-la em seu nome, mantendo os pobres escoceses duramente oprimidos sob sua liderança ditatorial. A primeira reaparição do nacionalismo escocês aconteceu logo depois disso, quando o nobre William Wallace matou o Xerife de Lanark como vingança pelo assassinato de sua mulher em maio de 1297. Isso foi uma afronta ao rei inglês e Wallace viria a ser severamente punido, mas o apoio popular a ele cresceu muito, levando a uma batalha sem quartel na ponte de Stirling a 11 de setembro de 1297, na qual as forças de Eduardo foram derrotadas. Eduardo I fez as pazes com os franceses e então voltou sua atenção para o encrenqueiro Wallace, a quem derrotou em Linlithgow no ano seguinte. Wallace escapou de ser capturado e imediatamente viajou para a Franca, buscando apoio para suas causa entre os velhos inimigos de Eduardo. Registra-se que ele recebeu cartas do rei Filipe, o Belo, recomendando sua causa ao papa Clemente V, e é certo que o apoio que ele recebeu da família Moray (cujo nome tem continuamente sido ligado aos Templários e à Maçonaria) o pôs em contato com os Templários durante essa época. Ele teve sucesso em buscar esse apoio porque houve uma batalha entre os escoceses e os ingleses em Rosslyn, no ano de 1303, que foi vencida com o auxilio dos Cavaleiros do Templo, liderados por um St. Clair. Wallace permaneceu sendo um fora-da-lei caçado pela Coroa Inglesa por sete anos, antes de ser traído e levado a Londres para ser enforcado, aviltado e esquartejado em 1305. Seguindo-se a sua execução e desmembramento, partes do corpo de Wallace foram exibidas em Newcastle-on-Tyne, Berwick, Stirling e Perth. Através desse período de inquietude houve dois escoceses que tinham direito genuíno, mas não indiscutível, sobre o trono, um deles sendo Robert Bruce, o oitavo conde de Carrick, e o outro sendo John Comyn. Robert era um homem ambicioso e a princípio buscou avançar em sua disputa com a ajuda de Eduardo I, mas seu apoio ao rei inglês foi se enfraquecendo gradativamente ao sentir que não receberia dele o posto elevado que desejava. Quando Robert se pôs a investigar outras opções para construir seu status pessoal na Escócia, seu oponente Comyn tirou vantagem da situação e informou a Eduardo I que Robert Bruce estava conspirando contra ele. O rei teria acabado com uma irritação desse tipo sem pensar duas vezes, mas um correligionário avisou a Robert Bruce do perigo iminente, e ele teve que pensar bem rápido. Suas opções haviam ficado subitamente bastante reduzidas, e ele decidiu fazer uma jogada gigantesca. Ele sabia que havia uma tenra ressurgência celta e que os escoceses não aceitariam com facilidade um rei que fosse vassalo da Inglaterra para sempre, portanto, ele decidiu ser a faísca que acendeu o paiol de pólvora. Ele sabia que Comyn era um dos favoritos do papa e bastante considerado por Eduardo I, portanto, conspirou para polarizar sua posição com um insulto público ao papa e ao rei enquanto erguia os estandartes da batalha por um renascimento celta. Ele fez tudo isso em um só movimento pré-articulado, quando atraiu Comyn à Igreja Franciscana de Dumfries e o atacou nos degraus do altar. Enquanto Comyn jazia sangrando, Robert não permitiu que os monges o ajudassem, e ficou sobre ele até ter certeza de que seu oponente havia sangrado até morrer. Esse ato brutal cometido em solo sagrado ultrajou tanto a Eduardo quanto ao papa, mas os patriotas escoceses o consideraram com um bravo ato de desafio aberto aos ingleses, porque Comyn havia herdado de Jean de Balliol a demanda pelo trono, sendo apoiado pelo rei Eduardo I. O papa reagiu anunciando em 10 de fevereiro de 1305 que Robert Bruce estava, a partir daquele momento, excomungado. Apesar dessa punição definitiva dada pelo papa, treze meses mais tarde Bruce tinha apoio total dos senhores celtas e foi coroado rei da Escócia pela condessa de Buchan em Scone - sem o beneficio da Pedra do Destino. Essa era, portanto, a situação na Escócia quando parte da frota templária tomou a decisão de dirigirse para Argyll e Firth of Forth, onde sabiam que Robert Bruce estava engajado em uma rebelião contra a Inglaterra. O fato de Robert Bruce ter sido excomungado, combinado com os fortes elos entre a família St. Clair e Rosslyn, davam à Escócia a sua grande atração como Santuário - era um dos poucos lugares no planeta onde o papa não podia alcançá-los. Por causa da guerra contra os ingleses os Templários também sabiam que, como guerreiros experientes, seriam recebidos de braços abertos. Apenas três meses antes que Filipe, o Belo, estruturas se sua armadilha para os Templários, Eduardo I da Inglaterra morreu, sendo sucedido por seu fraco e incompetente filho Eduardo II, que quase instantaneamente recuou para a Inglaterra, deixando Robert livre para cuidar de seus inimigos na Escócia. A história registra que Bruce não tinha tido nada senão grandes derrotas entre 1306 e 1307, mas depois que ele saiu de sua situação aparentemente sem esperança, começou a sistematicamente recuperar seu reino dos ingleses. O maior triunfo dos escoceses foi a Batalha de Bannockburn a 06 de novembro de 1314. Ela é registrada como tendo sido flagrantemente negativa para o exército de Bruce até que a intervenção de uma força reserva desconhecida rapidamente virou a maré da batalha e assegurou a vitória para os escoceses. Espalharam-se imediatamente várias histórias de que esses guerreiros misteriosos carregavam a Béausant (a bandeira de batalha dos Templários). Uma intervenção templária parece realmente ser a única explicação possível. Portanto, no mesmo ano em que Jacques de Molay e Geoffroy de Chamey estavam sendo queimados vivos em Paris, a Batalha de Bannockburn era vencida pela chegada de uma força templária liderada pelo Grão-Mestre dos Templários Escoceses, sir William St Clair. Essa vitória em Bannockburn declarou e garantiu a liberdade do reinado de Bruce na Escócia. A parte de St Clair nessa vitória foi bem recompensada, pois a família recebeu um bispado e terras adicionais que foram juntadas às suas posses em Rosslyn Essa grande vitória foi o passo principal para assegurar-se uma independência para a Escócia. O rei Robert I passou o resto de sua vida lutando contra os ingleses na Irlanda e ao longo das fronteiras escocesas até que eventualmente, em 1328, a Inglaterra formalmente reconheceu a Escócia como nação livre. Um ponto de interesse maçônico relacionado com a Batalha de Bannockburn é o de que ela aconteceu na data que tem o dia mais longo do ano - um dia ainda celebrado pelos Maçons de todo o mundo como a Festa de São João, o Batista. Parece que os Templários encontraram um bom refúgio na Escócia, mas era obviamente uma relação simbiótica com o rei da Escócia que se beneficiava dos talentos desses guerreiros profissionais, a princípio provavelmente em termos de planejamento estratégico, mas eventualmente também como assistência direta em combate. Por um tempo, os Templários ficaram seguros com a excomunhão de Robert I, mas esse estado de coisas, enquanto bom para os Templários, não era bom para a Escócia, porque um reino cujo rei foi excomungado era visto como uma terra pagã, e qualquer governante cristão estaria livre para montar uma Cruzada contra esses infiéis. A menos que as boas relações fossem eventualmente restauradas entre o rei da Escócia e o bispo de Roma, a Escócia estaria sob constante risco de uma invasão sem lei no futuro. Em 1317 o papa João XXII tentou impor uma trégua entre os escoceses e os ingleses, e conta-se que ficou furioso quando Robert Bruce respondeu capturando a cidade fronteiriça de Berwick em um ataque-surpresa. As relações entre o papa e a Escócia se deterioraram ainda mais quando os ingleses alegremente contaram, em plena corte papal, histórias de obstinação e preparação escocesa para a guerra, e em 1320 o papa enviou dois legados papais para entregar uma sentença adicional de excomunhão contra Bruce, Jaime, o Negro, Douglas e o conde de Moray. A defesa dessas acusações adicionais foi feita com a Declaração de Arbroath, que foi publicada pelos Barões escoceses a 06 de abril de 1320. Ela é de natureza extremamente maçônica e declara o seguinte a respeito de Robert Bruce: Todos estavam unidos a ele pelo direito e pelo serviço que ele havia prestado a seu povo. Os nobres disseram que haviam lutado não pela glória, nem riquezas, nem honra, mas apenas pela liberdade, que nenhum homem verdadeiro cederia a não ser com a própria vida. Ali também se encontra a definição de realeza: ... o verdadeiro e legal consentimento de todo o povo fez com que ele fosse nosso rei e príncipe. A ele estamos obrigados e decididos aderir em todas as coisas, tanto por conta de seu direito e seu próprio mérito como por ser a pessoa que restaurou a segurança do povo em defesa de suas liberdades. Mas, ao fim de tudo, se esse príncipe abandonar esses princípios que até agora tão nobremente perseguiu, e consentir que nós ou nosso reino sejam sujeitados ao rei ou povo da Inglaterra, nós imediatamente o rejeitaremos como nosso inimigo, e como um corruptor tanto dos seus quanto dos nossos direitos, e faremos imediatamente um outro rei que defenda nossas liberdades. Os patriarcas da Escócia eram Templários ou aliados dos Templários, portanto, não nos surpreende seu estilo "Nazoreano" de pensamento, presente nesse documento de democracia tão pouco usual, que faz a figura de um rei ser mais parecida com a de um presidente. Certamente um dos signatários do documento é o lorde Henry St Clair de Rosslyn. Claro está, acreditamos, que é muito significativo que o pensamento Nazoreano/Templário/ Maçônico estivesse presente em muitos pontos importantes da História ocidental, sempre que o assunto da liderança popular e a vontade do povo se apresentaram como os fatores principais. Na Inglaterra, cem anos antes da Declaração de Arbroath, a Magna Carta foi assinada pelo rei João sob a persuasão de um grupo que incluía Templários. E até o dia de hoje é o único documento da Constituição inglesa que pode ser comparado à carta de Direitos dos Estados Unidos - um documento que foi, como veremos mais tarde, maçonicamente inspirado em sua totalidade. Em outubro de 1328, por razões políticas que não são de grande importância para nossa história, o papa João XXII libertou Robert I do banimento da excomunhão, mas o então legítimo rei da Escócia morreu com a idade de 55 anos a 3 de junho de 1329, apenas dez dias antes que João XXII editasse uma carta reconhecendo publicamente seu direito ao trono da Escócia. Robert I foi sucedido por seu filho David II, que só tinha cinco anos de idade, e lorde Randolph, membro da família Moray e tio do conde de Moray, foi apontado como regente. A morte de Robert Bruce não foi o fim de suas ligações com os Templários. Antes de morrer ele havia feito um voto de ir a Jerusalém e combater os sarracenos, e como sinal de respeito o seu coração embalsamado foi levado por sir William St Clair e sir James Douglas até Jerusalém em uma última Cruzada, mas desafortunadamente eles foram mortos no caminho em uma batalha na Andaluzia. O coração de Bruce nunca alcançou a Cidade Santa, e voltou para ser enterrado na Abadia de Melrose enquanto sir William estava sendo enterrado em Rosslyn. Assim que a Escócia novamente se tornou parte oficial da Cristandade, tornou-se imperativo que os Templários desaparecessem de vista e se tornassem uma sociedade secreta, já que o poder do Vaticano agora estava novamente capacitado a perseguir seus inimigos em toda a Europa. Felizmente durante o periodo de transição um membro da família templária Moray era regente, governando em nome do rei infante David II, e isso lhes deu o grau de controle de que necessitavam para planejar o futuro da organização que já tinha substituído a sua Ordem destroçada, para que eles pudessem manter os grandes segredos que lhes haviam sido confiados. O Retorno a Rosslyn Uma nova Ordem secreta asseguraria a sobrevivência dos rituais e o pensamento do Templo, e os planos para essa mudança devem ter sido desenvolvidos em paralelo com a negociação papal, para que quando a Escócia começasse novamente a prestar homenagens ao papa, os Templários já estivessem invisíveis àqueles que não sabiam onde procurar - e um dos lugares onde valia a pena olhar era a família St Clair. Como já discutimos no Capítulo Cinco, a Capela de Rosslyn, construída pelo falecido William St Clair, já havia provado ser tremendamente importante em nossa busca, por ser a construção desse edificio o que fez a interface entre os Templários e a Maçonaria. O uso de plantas americanas em suas esculturas decorativas (tais como o milho e a babosa), que deveriam ser totalmente desconhecidas nessa época, nos forneceram evidências inegáveis de que alguém ligado à família St Clair havia atravessado o Atlântico numa data flagrantemente antiga. Nossa visita à capela construída pelo conde William St Clair tinha acontecido quatro anos antes, e por termos aprendido muito durante esse prazo, decidimos voltar a esse ponto essencial da história. Uma vez mais nos pusemos a caminho às sete e meia da manhã, chegando logo após o meio-dia na calma aldeia escocesa. Era um agradável dia de início de verão. Quente, mas com uma boa cobertura de nuvens que fazia o sol manchar de luz a campina verde, iluminando os muitos cimos da Capela de Rosslyn de maneira um tanto dramática. Entrar na capela era como cumprimentar um velho amigo. Era familiar e convidativa, mas também interessante e excitante, e felizmente ainda teria muita informação nova a partilhar conosco. Certamente tínhamos muitas descobertas a comprovar em Rosslyn. Ao entrar no edifício ficamos felizes por ele estar deserto, de maneira que pudemos usufruir de sua poderosa personalidade sem distrações. A Capela de Rosslyn apresenta uma sensação de espiritualidade viva, uma sensação de aqui e agora combinada com o passado distante. Nós dois temos grande carinho por velhas igrejas, mas cada igreja que conhecemos foi sempre um personagem vazio e sem vida, se comparada com Rosslyn. É difícil descrever a cálida sensação que nos envolve dentro dessa estrutura medieval sem parecer fantasiosa, mas Robert simplificou tudo ao notar que essa era a única capela onde poderíamos alegremente passar a noite sozinhos. Andamos pela nave admirando o lugar e então voltamos nossa atenção para a primeira de todas as esculturas de espigas de milho e babosa, para nos reassegurarmos conscientemente de que não havíamos imaginado o que havíamos visto em nossa primeira visita. Não havia necessidade de preocupações: não havia nenhuma dúvida sobre o que estávamos vendo. Enquanto estudávamos o lintel esculpido com o motivo da babosa uma senhora do vicariato se aproximou pela porta do norte e, com um sorriso amigável, nos perguntou se já tínhamos visto o milho. Respondemos que sim, e ela começou a discutir o assunto. A reverenda Janet Dyer mostrou-se bastante entendida em botânica, sendo seu marido botânico de profissão. "O cacto da babosa é fascinante, não é?", ela disse, olhando para o friso. ''Talvez pudesse ser uma outra coisa... mas então, eu não sei o que seria, se não fosse babosa". Ela virou um pouco para a esquerda e apontou para o arco enfeitado com as espigas de milho. ''Meu marido diz que o milho é muito perfeito, provavelmente baseado em uma planta ainda imatura". Ela continuou com seus comentários extremamente pertinentes referindo-se à evidência documentada de que o príncipe Henry Sinclair, o primeiro Jarl (conde) de St Clair das Ilhas Orkney teria, graças a dinheiro Templário, comissionado uma frota de doze navios para uma viagem ao "Novo Mundo". A frota sob o comando de Antonio Zeno aportou na Nova Escócia e explorou a . costa leste do que agora são os Estados Unidos da América antes de 1400. A data é correta porque Henry Sinclair foi assassinado logo após o seu retorno, nesse mesmo ano. Parece lógico que vidas tenham sido perdidas nesta expedição, e a família Sinclair declara que um cavaleiro chamado sir James Gunn morreu nas Américas e lá foi enterrado. A imagem do cavaleiro medieval encontrada em Westford, Massachusetts é, segundo eles, sua tumba apressadamente preparada. Encontramos evidências que apóiam essa declaração na cripta abaixo da capela, onde uma pequena cota de armas na parede mostra em seu lado esquerdo, acima da "Cruz Pontilhada" da família Sinclair, um navio de um só mastro e duas velas, idêntico ao que se vê no escudo do cavaleiro de Westford. Este navio também está apontando para oeste, mas em vez de velas atadas sob uma estrela ocidental esse navio se mostra com suas velas totalmente abertas. Olhando em toda a volta do interior da capela Robert não conseguiu tirar seus olhos do órgão Hamilton que fica na extensão, em estilo vitoriano, da parede ocidental. "Posso dar uma olhada no órgão, por favor?", ele pediu à reverenda Janet. "Claro, fique à vontade". A resposta dela foi tão amigável e relaxada que Robert testou sua sorte um pouco mais. "Será que eu poderia tocá-lo? Eu sou o organista da Igreja de Cristo em minha cidade". Tendo recebido permissão Robert subiu a escada em espiral até a galeria do órgão e alguns minutos depois a nave estava ressoando as notas de Cwm Rhonda enquanto Chris continuava filmando os muitos itens de interesse. Assim que começamos a anotar os detalhes do edifício nossa atenção foi imediatamente presa pelos pilares decorativos que lá existem num total de quatorze: doze idênticos em forma e tamanho, e dois especial e esplendidamente diferentes na ponta oriental da Capela. O pilar da esquerda é conhecido como o Pilar do Maçom, e é perfeitamente proporcional, uma elegantíssima obra de arte. O pilar da direita é bem diferente: conhecido como o Pilar do Aprendiz, regiamente decorado, com seus quatro envoltórios florais espiralando pra baixo em volta do centro em flauta, partindo dos cantos do capitel para encontrar a base do lado oposto. O significado destes símbolos era de grande importância para os construtores dessa capela, mas seu significado pode ter sido há muito tempo perdido. No entanto, nossa reconstrução do passado nos permitiu compreender o que e para que estávamos olhando. O assim chamado Pilar do Maçom é na realidade uma recriação do pilar sacerdotal conhecido pelos Maçons como Jachin e pelos Nazoreanos como tsedeq, e o Pilar do Aprendiz é o pilar real chamado Booz, representando o poder de mishpat. Uma coisa que precisávamos procurar nessa charada em forma de edifício era alguma referência a Hiram Abiff: teríamos ficado surpresos se esse edifício inteiramente Templário/Maçônico não tivesse uma figura com um buraco na cabeça, a ferida cranial que agora sabíamos ter vindo diretamente de Seqenenre Tao. E com certeza a encontramos. No alto do canto onde a parede meridional encontra a parede ocidental, no nível do órgão, existe uma cabeça com um enorme e profundo corte em sua têmpora direita, e do lado oposto da parede ocidental vemos a cabeça da pessoa que o matou. Essas cabeças são conhecidas há centenas de anos, mas seu verdadeiro simbolismo se perdeu, substituído por uma história sem conseqüências, mas completamente implausível. Para conseguir uma melhor visão, nós dois subimos a escada em espiral até a galeria do órgão e admiramos a esplêndida vista da capela, que se descortina do que originalmente fora parede ocidental, antes que um horrendo batistério nela fosse enfiado em 1882. Desse ponto vantajoso ficamos muito próximos à cabeça de Hiram Abiff, e pudemos ver a ferida na cabeça com grande clareza. Essa ferida já havia sido notada, e a história geralmente aceita é a de que é a cabeça de um aprendiz assassinado e que a cabeça oposta é a do mestre que o matou. De acordo com essa lenda um mestre pedreiro viajou para Roma em busca de inspiração para criar o pilar "real", mas enquanto estava longe seu aprendiz rapidamente criou e executou o pilar que existe até hoje. Por ser muito melhor do que qualquer coisa que o mestre tivesse feito, ou poderia ter feito, assim que voltou a Rosslyn ele atingiu seu aprendiz com um maço, matando-o imediatamente. Essa história soa como uma versão corrompida da lenda maçônica de Hiram Abiff, e pode ser facilmente desqualificada como razão para a existência da cabeça ferida. Sabemos disso porque o próprio William St Clair supervisionou toda a construção do edifício desde seu inicio até sua morte em 1484, apenas dois anos antes de seu término: além do mais, ele se responsabilizou por cada pequeno detalhe da obra. É uma questão de registro que cada relevo, não importa de que tamanho, foi primeiramente criado em madeira e submetido à sua aprovação, e só depois de aprovado era feito em pedra. William St Clair, com esse projeto, havia trazido para a Escócia os melhores pedreiros da Europa, erguendo a aldeia de Rosslyn para abrigá-los, e pagando aos mestres pedreiros a grande quantia de 40 libras por ano, e para os pedreiros menos importantes, a ainda bela soma de 10 libras por ano. A idéia de que após toda essa imensa preparação e despesas, um simples aprendiz tivesse conseguido produzir a peça central de todo o edifício parece extremamente improvável. Faça-se a Luz! Enquanto falávamos sobre o verdadeiro significado dos pilares e da cabeça ferida, e o fato de que as razões originais para sua existência haviam sido perdidas, lenta, mas seguramente, um véu de escuridão começou a erguer-se da frente de nossos olhos. Teríamos estado cegos? A grande luz da verdade sobre o edifício subitamente nos pareceu fulgurantemente óbvia: a Capela de Rosslyn não era capela coisíssima nenhuma, e muito menos cristã! Para começar, não existe altar dentro dela. Para que funcionasse como capela, uma mesa foi posta no centro do edifício porque não existe nenhum espaço a leste onde os pilares se erguem. Atrás de Booz e Jachin existem três pedestais de pedra colocado contra a parede, mas eles não são altares de nenhum tipo. Essa estrutura não foi erguida como um lugar de devoções cristãs! Já sabíamos que um certo William St Clair, que mais tarde tornou-se o primeiro Grão-Mestre eleito da Grande Loja da Escócia, teve problemas com a Igreja de Roma por batizar seus filhos nessa capela, mas a importância desse ponto não havia sequer sido notadal19. Checando a história oficial descobrimos que Rosslyn teve que ser reconsagrada em 1862: antes dessa data existem sérias dúvidas sobre sua consagração. De fato, as objeções que o rei Jaime VI levantou para com o este conde de Rosslyn, como Grão-Mestre dos Maçons, foi a de que ele mandara batizar seus filhos na Capela de Rosslyn que nem mesmo era um lugar de culto cristão! Quanto mais observávamos, mais este fato se tornava óbvio. O simbolismo é profusamente egípcio, celta, judeu, templário e maçônico. Céu repleto de estrelas, florescências vegetais saindo das bocas de Homens Verdes celtas, pirâmides entrelaça das, imagens de Moisés, torres da Jerusalém Celestial, cruzes gradeadas assim como esquadros e compassos. A única imagístrica cristã aconteceu com as alterações da época vitoriana: os vitrais coloridos, o batistério giratório, uma estátua da Madona com seu filho. Alguns pequenos elementos decorativos têm sido descritos como cristãos pela Igreja Episcopal, mas uma inspeção mais profunda mostra que eles não são o que parecem ser. Na área da parede setentrional existe um pequeno friso que mostra a crucificação. Mas há boas razões para acreditar que essa não é a crucificação de Jesus Cristo: é, isso sim, a tortura do último GrãoMestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, Jacques de Molay. Em primeiro lugar, todos os personagens usam trajes da Idade Média, inclusive os embuçados membros da Inquisição. Os detalhes são corretíssimos, com a cruz em formato de tau ou ''T'', e os cravos sendo pregados através dos punhos, dois detalhes que os artistas medievais invariavelmente representavam errado, a menos que soubessem exatamente o que acontecera com Jacques de Molay. Outro trecho mostra Templários com um carrasco próximo a eles e, mais sintomático ainda, encontramos um relevo que mostra figuras segurando o Sudário de Turim com a face de Molay claramente visível. Com certeza podíamos esperar que os Templários da Escócia soubessem do sofrimento de seu mestre, mas também sabemos que eles sabiam da história de sua imagem aparecendo "miraculosamente" em seu próprio sudário ritual. Confirmamos posteriormente que esse edifício não era o que todos pensavam que fosse quando lemos que mesmo após o término das obras ele nunca fora usado como capela por haver uma capela familiar no castelo, a muito pouca distância. Os atuais zeladores admitem a estranheza de se gastar uma razoável fortuna durante quarenta e cinco anos para erguer uma capela que nunca seria usada. Isso os deixa sem respostas, já que não podem fazer nenhuma sugestão do motivo pelo qual assim foi. O óbvio começava a nos envolver e ambos tivemos um ataque de arrepios. Rosslyn nunca fora uma simples capela: foi, isso sim; um relicário erguido pelos Templários para que nele se guardassem os manuscritos encontrados por Hugues de Payen e seu grupo sob o Santo dos Santos do último Templo de Jerusalém! Sob nossos pés estava o mais precioso tesouro de toda a Cristandade. Em comparação a esses tesouros, os Manuscritos do Mar Morto são simples competidores. Os Nazoreanos/ Qumranianos foram instruídos (pela Assunção de Moisés) a colocar seus preciosíssimos manuscritos sob o Santo dos Santos por volta de 69 d.C., e material mais mundano, como a Regra da Comunidade, foi guardado em toda a volta da Judéia nos lugares mais humildes, como as Cavernas de Qumran. Seguindo esses exemplos, a Capela de Rosslyn é uma cópia deliberada do lugar onde se enterrou os manuscritos secretos! A escavação que trouxe à luz os Manuscritos do Mar Morto causou imensa sensação: não podemos deixar de pensar como o mundo responderia a essa descoberta. Acreditamos que estes Manuscritos provavelmente trazem a história da luta Nazoreana: a história de Jesus Cristo, a cerimônia secreta de ressurreição dos vivos e a importância de construir o espírito humano como se ele fosse um templo. Ele nos contam sobre a vida de Jesus, devendo, portanto, ser o manuscrito perdido de "Q", o Evangelho que foi a fonte material de Mateus, Marcos, Lucas e João. Sentamos em um banco e observamos o assoalho de pedra, honrados e quase anestesiados pela excitação, porque subitamente percebemos com certeza absoluta estar a apenas uns poucos pés de distância de tudo o que havíamos buscado, a razão e o propósito da criação da Maçonaria. Levamos dez minutos para nos recompor o suficiente para poder continuar nossa busca por fatos. Fomos buscar mais pistas em informações históricas: e elas não demoraram a aparecer. Tendo decidido que os manuscritos Nazoreanos estavam sob Rosslyn, não se passaram mais de quatro minutos para que soubéssemos que eles estavam contidos precisamente em quatro baús. Isso veio à luz quando lemos um relato de um incêndio que ocorreu em 1447, apenas um ano depois do lançamento da pedra fundamental. William St Clair possuía muitos títulos, inclusive o de Príncipe de Orkney, e o relato a seguir usa essa descrição: Por esse tempo (1447) houve um fogo no quadrado interno (do Castelo de Rosslyn) na ocasião do qual os ocupantes foram forçados a abandonar o edifício. O capelão do príncipe, vendo isso, e recordando de todos os escritos de seu senhor, entrou na parte da frente das masmorras onde todos eles estavam, e atirou para fora quatro grandes baús que estavam guardados. As notícias do fogo chegando ao príncipe através dos lamentáveis gritos das mulheres e cavalheiros, e com a visão do que ocorria a partir do lugar de onde estava sobre o Monte Colledge, fizeram com que se preocupasse exclusivamente com a perda de suas escrituras e outros manuscritos: mas quando o capelão, que se havia salvado descendo pela corda do sino atada a uma viga, declarou como suas Escrituras e Documentos haviam sido salvos, ele se mostrou muito feliz e foi reconfortar sua princesa e damas. O que poderia haver de tão importante nesses quatro baús para que William St Clair pensasse apenas neles sendo ameaçados pelo fogo, e não em sua mulher e outras senhoras? Claro está que ele não seria tão insensível e inseguro que se preocupasse em primeiro lugar com documentos civis sobre suas terras ou títulos. Em qualquer caso, baús medievais são imensos móveis, e esses papéis certamente não preencheriam nem um quarto de um deles, quanto mais quatro. Não: esses baús continham os manuscritos de Jerusalém que haviam sido trazidos para a Escócia pelos Cavaleiros Templários e agora estavam depositados sob sua guarda como o maior tesouro de todo o mundo. Se esses manuscritos houvessem sido queimados antes que ele houvesse terminado o relicário onde os guardaria, ele teria ficado efetivamente desesperado. William St Clair dedicou sua vida à construção do relicário dos manuscritos, e estamos certos de que esses quatro baús ainda estão lá, debaixo de um metro e meio de rocha sólida. Quanto mais olhamos e estudamos a história de Rosslyn, mais isso se confirma. Aparentemente se considera que o edifício foi erguido muito rapidamente, mas que suas fundações, curiosamente, tomaram um tempo excessivamente longo. Do início do trabalho até o fim das fundações passaram-se quatro anos, um exagero se levarmos em conta que a "capela" é um cômodo relativamente pequeno, com uma cripta mínima em nível mais baixo a leste. Isso sempre intrigou historiadores, mas agora sabíamos exatamente o porquê de se ter gasto tanto tempo. A missão de William St Clair era recriar os subterrâneos do Templo de Herodes exatamente como Hugues de Payen e seus oito companheiros haviam encontrado trezentos anos antes. Suspeitamos que o sistema de subterrâneos é muito maior do que se encontra sobre o solo, e que os manuscritos encontraram seu lugar final de descanso em uma reconstrução de seu lar original. Foi nesse ponto que uma grande incoerência se resolveu: agora sabíamos que o Grau do Real Arco descrevia o local da escavação como sendo o Templo de Zorobabel em vez do Templo de Herodes. Aqueles que originalmente criaram o Grau do Real Arco - tenham sido velhos Templários desgarrados ou seus descendentes na Escócia - se basearam em histórias a eles repassadas pela tradição oral de Hugues de Payen, que lhes disse que o lugar das escavações era o Templo de Zorobabel. Agora já se sabe que os cruzados acreditavam que o Domo da Rocha, o templo muçulmano que foi erguido naquele local apenas no século VII, era o Templo de Herodes, e que as ruínas sob ele eram as do Templo de Zorobabel. Pelo lado de fora, Rosslyn é uma representação em pedra da Jerusalém Celestial tal como apresentada na cópia manuscrita de Lamberto, com torres e um imenso pátio central, curvado em arco. Dentro desse Relicário de Rosslyn, a planta-baixa é a de uma reconstrução do Templo de Herodes, decorada com simbolismo nazoreano e Templário. No canto nordeste, encontramos uma secção de parede decorada com as torres da Jerusalém Celestial completa, com os compassos maçônicos, recriada exatamente como está desenhada no manuscrito de Lamberto. Sob exame mais detalhado das bases que antes suportavam estátuas, percebemos que essa imagem da Jerusalém Celestial aparecia muitas vezes. Olhando diretamente para cima a partir do nicho do órgão, pudemos ver que o teto abobadado tem uma série de pedras-chave ao longo de seu comprimento, exatamente como o Real Arco descreve ter encontrado nas ruínas do Templo de Herodes! Feita com rocha com mais de um metro de espessura, essas pedras-chave estão ali suportando um peso incalculável. Esculpida na face inferior do teto sobre nossas cabeças podemos ver um firmamento estrelado tal como é encontrado nas pirâmides e nas Lojas maçônicas, e em meio a essas estrelas, vemos o Sol, a Lua, uma cornucópia, uma pomba e quatro figuras celestes. Pensando sobre o Real Arco percebemos que se nossa idéia de que o edifício de Rosslyn foi uma reconstrução do templo arruinado de Herodes, devíamos esperar que o edifício estivesse de acordo com a descrição dada no ritual. Nós recordamos das palavras relevantes proferidas nesse estágio: Logo cedo pela manhã ao reiniciar nossos trabalhos descobrimos um par de pilares de estranha beleza e simetria: prosseguindo com nosso trabalho, descobrimos seis outros pares de igual beleza, os quais, por sua situação, pareciam ser os vestígios da galeria subterrânea que levava ao Lugar Mais Sagrado. Quatorze pilares no total: exatamente o que víamos à nossa frente em Rosslyn! William St Clair havia seguido o roteiro com cuidado. Consultamos o ritual do Real Arco para ver se havia mais exigências que deveriam predizer o desenho desse relicário. Há uma referência às chamadas "luzes" da Ordem que definitivamente se referem a uma formação planejada: Essas luzes são colocadas em forma de um triângulo eqüilátero, cada uma das menores dividindo ao meio a linha formada por outras duas, dividindo o grande triângulo em três triângulos menores nas extremidades, os quais, por sua união, formam um quarto triângulo ao centro, todos eles iguais e eqüiláteros, emblemáticos dos quatro pontos ou divisões da Maçonaria. Esse arranjo simbólico corresponde ao misterioso Tau Tríplice... Nos recordamos de que era a marca do tau que os kenitas usavam em suas testas quando Moisés os encontrou pela primeira vez, e o formato da cruz sobre a qual tanto Jesus quanto Molay haviam sofrido. Em Rosslyn, pudemos ver que os quatorze pilares haviam sido colocados de maneira que os oito do leste, incluindo Booz e Jachin, estavam distribuídos no formato de um triplo tau. A formação e as proporções eram exatamente como o Grau do Real Arco ainda hoje os mostra. Não pode ser nenhuma coincidência - todos os pilares de Rosslyn são erguidos segundo um plano preciso, de acordo com antigo conhecimento, assim como mostrado no ritual do Real Arco! Outro ponto que sempre intrigou historiadores foi o fato de que a "capela" nunca foi terminada e que era "claramente a primeira secção de um edifício muito maior e mais volumoso - uma grande catedral". Não existe nenhuma razão conhecida pela qual a família St Clair devesse ter subitamente interrompido a construção e esquecido o projeto de quarenta e cinco anos, se fosse sua intenção erguer uma igreja colegiada. Ainda assim a parede ocidental é imensa, totalmente incompatível com o resto da estrutura e obviamente incompleta. Ela tem decoração no que hoje é o seu exterior, e isso foi tomado como evidência de que havia sido planejada para ser uma parede interna para algum edifício maior nãoexistente. Para todos os efeitos e por todos os motivos ela parece ser a ruína de uma estrutura muito maior, exceto que se sabe que essa estrutura nunca existiu. Mas nós sabemos que houve essa construção. Pensando bem, teria sido estranho completar uma pequena capela se a intenção fosse a de construir uma grande catedral medieval: e uma catedral no meio do nada, para ser mais exatos. A parede ocidental está incompleta e a conclusão óbvia seria a de que nunca foi terminada - mas existe outra razão para que essa parede solitária permaneça assim: são os vestígios de uma catedral em ruínas ou, neste caso, de um templo em ruínas. Não podemos esquecer que Hugues de Payen e seu time encontraram os manuscritos enquanto investigavam ruínas, e o ritual do Real Arco nos recorda desse fato: . .. limpando os restos e detritos que obstruíam nosso progresso, chegamos a alguma coisa que nos parecia ser rocha sólida, mas atingindo-a acidentalmente com minha alavanca, emitiu um som cavo. Então limpamos mais da terra solta e dos detritos... O relicário de Rosslyn foi completado exatamente como planejado: nunca houve nenhuma intenção de construir mais do que existe porque essa imensa parede ocidental é uma reconstrução cuidadosamente executada das ruínas do Templo de Herodes, que os Cavaleiros Templários viram pela primeira vez durante sua exploração em Jerusalém no ano de 1118. A seguir nos recordamos da seqüência do ritual, que diz: . .. quando percebemos que em vez de rocha sólida havia uma série de pedras na forma de um arco, e estando conscientes de que o arquiteto da estrutura anterior não havia planejado em vão nenhuma parte dela. . . Exatamente como "o arquiteto da estrutura anterior não havia planejado em vão nenhuma parte dela", assim foi com William St Clair. Cada faceta dessa fascinante estrutura ali está para contar uma história. Hoje a entrada do Ocidente original perdeu seu efeito dramático planejado de ruína do Templo de Herodes reconstruída, porque os vitorianos enfiaram nela um batistério extremamente mal concebido. Quanto mais cedo esse "furúnculo" for extirpado desse maravilhoso relicário, melhor! O Segredo Perdido da Maçonaria de Marca Redescoberto Quanto mais olhávamos, melhor compreendíamos não haver nada de acidental nessa edificação. Cada detalhe foi cuidadosamente levado em consideração, e sua importância para essa grande história, congelada no relicário de Rosslyn. O fato de que todas as esculturas foram primeiramente realizadas em madeira e levadas para aprovação pelos supervisores e finalmente pelo próprio senhor de St Clair nos recordou do ritual usado pelo grau maçônico conhecido como Maçonaria de Marca121. A cerimônia envolve os eventos que supostamente ocorreram durante a construção do Templo do Rei Salomão, e o candidato faz o papel de um Companheiro Maçom (o 2o . Grau da Maçonaria Simbólica), que percorre a Loja como o último de três trabalhadores que exibem seu trabalho para a aprovação do Segundo, Primeiro e Mestre Supervisores, que estão colocados respectivamente nos portões do sul, do oeste e do leste. Seus três pedestais são visitados um de cada vez, e em cada um os dois primeiros trabalhadores (os Diáconos da Loja) têm seu trabalho comparado com os planos, sendo-lhes dada aprovação. Quando o candidato finalmente apresenta seu trabalho vê-se que ele é uma pequena pedra-chave que não encontra aprovação. O Segundo e Primeiro Supervisores dizem que é uma pedra trabalhada de forma estranha que não está enquadrada nas instruções recebidas, mas por ter sido executada com tal maestria os faz dar ao trabalhador a permissão para seguir até o próximo portão. Finalmente o Companheiro chega ao pedestal do Mestre Supervisor, que tomado de ira porque o candidato teve a audácia de apresentar-lhe uma pedra que não está de acordo com as plantas e descrições, e ordena que essa pedra seja jogada no entulho da pedreira. Após isso declara que o candidato deve ser condenado à morte por sua impudência, mas assim que um pedido é feito para que seja leniente, o candidato é liberado para partir. Os trabalhadores são então chamados para que recebam seus salários na câmara do meio do Templo do rei Salomão, e o candidato a eles se junta, colocando sua mão através de um pequeno buraco conhecido como "o postigo", para receber seu pagamento. É imediatamente seguro pelo punho e denunciado como impostor, e um machado é baixado violentamente como que para decepar sua mão. Uma vez mais, felizmente, é poupado. Percebe-se então que todo o trabalho cessou por falta de uma pedra chave que complete o arco. Os supervisores declaram ter visto uma pedra assim que lhes foi trazida, e uma busca é feita pela pedra-chave perdida que manterá o arco perfeito. Ela é encontrada pelo candidato que então se torna Mestre de Marca, a quem uma marca (um pequeno símbolo) é dada, tornando-se a sua marca pessoal do ofício. O relicário de Rosslyn tem centenas dessas marcas talhadas em seu interior. Chris já tinha sido feito Maçom de Marca, e até esse momento nada de sua iniciação tinha feito muito sentido a não ser simplesmente como iniciação, mas agora o mistério se esclarecia rapidamente. Nos é possível compreender como essa lenda do aprendiz assassinado se desenvolveu em Rosslyn como híbrida da história de Hiram Abiff e da história dos Maçons da Marca. William St Clair tinha um flagrante problema de segurança: os pedreiros que erguiam o relicário de seus manuscritos tinham que conhecer o projeto da rede de câmaras subterrâneas, e por isso sabiam que esse estranho edifício existia para abrigar alguma coisa de grande valor. William St Clair era um homem brilhante e talentoso, e acreditamos que ele desenvolveu o 10 Grau da Maçonaria Simbólica e o grau da Marca para dar a seus Maçons operativos um código de conduta e um envolvimento com o segredo, sem lhes revelar o grande mistério da ressurreição em vida que estava reservado aos Maçons especulativos. É uma questão de registro afirmar que ele tinha dois graus de pedreiros no local: os pedreiros comuns, ganhando 10 libras por ano, e os pedreiros de Marca, ganhando 40 libras por ano, honrados pela posse de uma marca pessoal à moda do continente. Ambos os tipos de artesãos devem ter estado conscientes de que estavam reconstruindo o Templo do rei Salomão por alguma razão muito estranha (apesar de na verdade ser o Templo de Herodes). Quando William St Clair inicialmente planejou o edifício para ser relicário de seus manuscritos, precisou estar seguro de que tinha a lealdade e a fidelidade desses trabalhadores na pedra, para que eles mantivessem seus "segredos legais tão firmemente ocultos como se fossem os seus próprios". Para que isso acontecesse, ele teve que uni-los em torno do respeito a algum segredo, e acreditamos que o Grau de Aceitação na Maçonaria, hoje conhecido como o de ''Aprendiz Aceito" foi desenvolvido por sir William no inicio dos trabalhos, usando elementos selecionados da cerimônia de iniciação Templária para assegurar-se de que quaisquer segredos que tivesse que revelar a essas pessoas estivesse cercado por um sistema de obrigações. Para manter os diferenciais ele teve que dar aos pedreiros mais antigos, que recebiam um provento de 40 libras por ano, um segredo extra, para que eles tivessem em seu poder algo mais que os outros pedreiros. Cremos que ambos os graus chegavam a conhecer o segredo do pilar real ou Booz, e eram chamados de, como são ainda hoje, Aprendizes Aceitos, e os escalões mais altos aprendiam a importância da pedra-chave do arco porque eram Pedreiros da Marca. Nenhum escalão tinha a permissão de aprender o segredo do pilar sacerdotal, ou o significado dos pilares gêmeos e da pedrachave combinados: MISHPAT TSEDEQ OU PILAR REAL + OU PILAR SACERDOTAL = ESTABILIDADE OU BOOZ OU JACHIN Ou, mais simplesmente... FORÇA + ESTABELECIMENTO = ESTABILIDADE. Essa grande fórmula que assegurava a estabilidade no Antigo Egito tinha que ser preservada e reservada aos filósofos, os Maçons especulativos, homens como o próprio William St Clair. Os pedreiros que trabalhavam a pedra conheciam segredos, até um nível apropriado: mas nenhum jamais era elevado, pela ressurreição em vida, ao nível de um pedreiro especulativo, ou Mestre Maçom. . Agora podíamos estar certos, sem uma sombra de dúvida sequer, de que o lugar onde a Maçonaria se iniciara fora a construção da Capela de Rosslyn no meio do século XV: posteriores desenvolvimentos históricos confirmam esse ponto de vista porque a família St Clair de Rosslyn se tomou hereditariamente a dos Grão-Mestres de Ofícios e Guildas e Ordens da Escócia, mais tarde ocupando o posto de Mestre dos Maçons da Escócia até o fim do século XVIII. Como bem sabemos, muitos Maçons modernos crêem que sua organização descende de práticas rituais das guildas medievais de trabalhadores semianalfabetos. É uma teoria de origem que se mostra pejada de problemas, e ainda assim parece explicar as bem documentadas referências às primeiras lojas operativas da Escócia. A verdadeira razão é bem o oposto: foram os pedreiros especulativos (Templários) que adotaram os pedreiros operativos (trabalhadores na pedra) e os instruíram sobre os segredos dos graus inferiores concernentes ao Templo de Salomão. Acreditamos que esses Maçons de Marca e seus substitutos Aprendizes Aceitos ficavam felicíssimos em participar do segredo de Rosslyn, mas que não faziam a menor idéia dos "tesouros" fabulosos que lá seriam ocultos. Nunca questionavam a ausência das corriqueiras imagens cristãs porque sabiam que esse lugar era secreto e especial. A única imagem bíblica que pudemos conclusivamente identificar foi uma escultura de Moisés usando um par de bem desenvolvidos chifres. Apesar de nossos estudos do Êxodo nos dizerem que esse fanático pela morte pode muito bem tê-los merecido, não conseguimos perceber porque os Templários o teriam considerado dessa maneira. Por algum tempo pensamos ter encontrado uma figura clara do Novo Testamento em uma pequena estatueta de São Pedro, mas logo percebemos que não era nenhuma representação desse discípulo. O ritual maçônico nos diz que os trabalhadores entravam na câmara do meio do rei Salomão para receber seus salários, mas com o grande conhecimento que nossos historiadores modernos colocam à nossa disposição, sabemos que o Templo original não possuía uma câmara do meio: no entanto, o relicário de Rosslyn a tem. A cripta da suposta capela fica a sudeste, com degraus de acesso descendentes imediatamente à direita do pilar real. Esses íngremes degraus estão tremendamente gastos, com seus espelhos verticais tão arqueados que se torna muito difícil descê-los ou subi-los. O guia oficial diz desses degraus: Esses degraus muito usados indicam que muitos peregrinos visitaram a Capela nos noventa ou cem anos entre o término de suas obras e a Reforma. A razão exata pata esta peregrinação é, por enquanto, obscura, mas é possível que os Cavaleiros Templários tenham ai depositado alguma relíquia sagrada de antiga veneração. Idéia certa, conclusão errada. Qualquer Madona ou Virgem seria estrangeira nesses locais e certamente nesse relicário. A meio caminho fica uma porta com dobradiças que nos recordam as grandes dobradiças que estão na porta da copia que Lamberto fez do desenho da Jerusalém Celestial. Uma vez dentro dessa câmara, nos chamou a atenção a sua exigüidade. Nada existe dentro dela a não ser algumas poucas decorações de parede, uma alcova ainda menor ao norte e uma lareira com chaminé que foi construída na principal parede sul do edifício. Os degraus muito gastos nos contam que essa sala foi grandemente usada, e a presença de uma lareira mostra que o era por períodos razoavelmente dilatados. Ao menos que uma pessoa ai ficasse por algumas horas, uma lareira teria sido desnecessária para os endurecidos Cavaleiros do meio do século XV. Foi perto dessa lareira que encontramos uma pequena figura que a princípio acreditamos ser São Pedro, por estar carregando uma chave. Achamos isso muito estranho porque, mais do quaisquer outras imagens, essa é a mais Católica e menos Nazoreana/Templária que podemos conhecer, sendo a base das falsas declarações da Igreja sobre os ensinamentos de Jesus. Então percebemos que a figura tinha apenas uma grande chave em suas mãos, enquanto São Pedro normalmente carrega várias, e que a cabeça dessa chave era um esquadro perfeito - "um sinal seguro e verdadeiro de reconhecimento maçônico". Subitamente soubemos que esta figura marca a entrada para as câmaras dos manuscritos: essa pequena escultura na rocha segurava em suas mão nada mais nada menos que A Chave de Hiram. Acreditamos que esta fosse a Câmara do Meio desse relicário Templário, porque até a conclusão do projeto a parede ocidental da cripta era aberta, dando acesso ao labirinto que a ela se segue. Os manuscritos Nazoreanos eram provavelmente mantidos atrás de uma porta fechada dentro dos porões, de maneira que os St Clair e seus companheiros Maçons "ressurrectos" pudessem consultálos antes que fossem finalmente selados aí dentro até o final dos tempos. A sala, que agora se conhece como "a cripta", era a sala central do Templo reconstruído, porque liga o salão principal acima com a câmara subterrânea em arco que hospeda os manuscritos sagrados. Era aqui que os pedreiros recebiam seus salários, e sem dúvida era aqui que eram iniciados e juravam segredo como Mestres Maçons de Marca ou Aprendizes Aceitos. Antes que os porões fossem selados ao término das obras, vários Templários tardios ganharam o direito de ser enterrados lado-a-lado com os sagrados manuscritos. É uma questão de registro histórico que alguns desses Cavaleiros aqui enterrados não o foram em caixões, mas apenas em suas armaduras de batalha completas. Esse era um privilégio antes reservado exclusivamente aos reis. Sir Walter Scott imortalizou essa prática em seu poema A Canção do Último Menestrel: Parecia toda em fogo a capela orgulhosa onde os chefes de Rosslyn jazem sem caixões: cada barão, em vez de sudário de arminho, era envolvido por sua panóplia de ferro. Existem vinte desses bravos barões de Rosslyn Que aqui jazem na capela rústica. Examinando a sala principal pensamos como éramos desafortunados, pois todas as estátuas principais, que antes se erguiam nos muitos nichos das paredes, desapareceram. Já se disse que foram removidas pelos habitantes locais quando as tropas do Parlamento se acercaram durante a Guerra Civil Inglesa, e que certamente foram enterradas nas vizinhanças. Adoraríamos saber a quem eles representavam: David e Salomão, talvez, ou quem sabe Hugues de Payen e Jacques de Molay? Foi então que encontramos um pequeno relevo que possivelmente poderia dar mais peso à nossa interpretação do primeiro selo Templário, aquele que mostrava dois Cavaleiros em uma só montaria. Chris já havia tentado dar a sugestão de que esse motivo representava os dois níveis de participação na Ordem: os que eram "ressurrectos" pelos segredos na frente do cavalo, e os que não tinham acesso a esses segredos, na garupa. Aqui em Rosslyn encontramos um pequeno relevo que era uma representação tridimensional desse selo, a não ser pelo fato de que o cavaleiro da frente está empurrando o cavaleiro de trás para fora do cavalo com seu cotovelo. Poderia isso significar que, após a queda da Ordem, os de nível secundário tivessem sido afastados da mesma para manter o máximo de segurança possível para os que partilhavam os segredos principais? Ainda é um tanto de especulação, mas como resposta parece se encaixar muito bem com os fatos. O Lorde Protetor que Protegia Rosslyn Talvez a evidência mais marcante para apoiar nossa visão de Rosslyn é ela ainda estar onde está. Durante a Guerra Civil Inglesa, Cromwell e suas forças Parlamentares devastaram a Irlanda, a Escócia e o País de Gales, assim como a Inglaterra, causando danos a propriedades tanto Católicas quanto Realistas, onde quer que pudessem. O próprio Cromwell visitou Rosslyn e apesar de destruir todas as igrejas papistas que encontrou, nem ao menos arranhou esse edifício. A posição oficial, como nos foi dada pela reverenda Dyer, é a de que ele era um Maçom de alto grau, consciente de que Rosslyn era um relicário maçônico, e dessa vez tivemos que concordar inteiramente com os atuais zeladores do edifício. As fortes evidências circunstanciais que já havíamos detectado apontavam diretamente para o Lorde Protetor como sendo um importante Maçom, e o fato de poupar Rosslyn deliberadamente parece reforçar mais ainda essa idéia. Os St Clair (ou Sinclair, como mais tarde o nome começou a ser soletrado) estavam naturalmente do lado Realista, e o Castelo de Rosslyn foi completamente destruído pelo general Monck em 1630, mas ainda assim o relicário de Rosslyn permaneceu intocado: se tivesse sido uma capela católica teria sido arrasada instantaneamente! Deixamos o relicário de Rosslyn com muita relutância porque lá havíamos descoberto tanto em tão curto espaço de tempo, e percorremos a pequena distância até o lugar, logo abaixo na estrada, que é simplesmente chamado de Templo. Esse era o quartel-general dos Templários na Escócia, apesar da pitoresca ruína ser a de uma estrutura muito mais recente, construída com as pedras da Preceptoria original. No cemitério encontramos inúmeras sepulturas maçônicas, muitas delas exibindo o simbolismo do Real Arco, e muitas com o antigo motivo dos dois pilares e do lintel. Essas tumbas são extremamente antigas, e não foram nem restauradas nem protegidas de nenhuma maneira, sendo, portanto, bem difícil precisar suas datas. Uma delas, talvez uma das mais recentes, exibe a data de 1621 e como muitas outras traz a trolha e a pequena picareta do Real Arco (comemorando a descoberta dos manuscritos) assim como a caveira com as duas tíbias cruzadas, o símbolo templário de ressurreição que se tornou sua bandeira de batalha naval. Essa data significa que os restos mortais que estão sob a pedra são de um homem que foi Maçom do Real Arco quase cem anos antes que a Maçonaria fosse oficialmente fundada em Londres, 1717. Claro está que é o ritual do Real Arco quem nos conta da descoberta Templária dos manuscritos nas ruínas do Templo de Herodes, e nós, portanto, acreditamos que de deva datar de muito antes de Rosslyn e da Maçonaria de Marca, assim como do Grau de Companheiro, que agora acreditamos ser um desenvolvimento do Grau da Marca - e não ao contrário, como geralmente se acredita. Os homens que foram Maçons do Real Arco ao fim do século XV podem muito bem ter sido descendentes dos Templários. Neste dia, ao voltar de Rosslyn para a Inglaterra, refletimos sobre o grande número de revelações que descobrimos e a informação vital que havia vindo à luz para preencher lacunas em nossa busca. Lendo o livreto-guia ficamos impressionados ao descobrir que sir William St Clair usava muitos títulos, inclusive o de "Cavaleiro da Concha e do Tosão de Ouro". Isso imediatamente nos chamou a atenção, pois a Maçonaria freqüentemente se descreve como sendo "mais antiga que o Tosão de Ouro ou a Águia Romana". Para ser claro, isso informava aos antigos membros da Ordem da Maçonaria que o ritual não era uma invenção dos St Clair: na verdade não apenas os predatava, mas predatava até mesmo o grande Império Romano. Lendo mais sobre a visão oficial de Rosslyn também achamos um par de intrigantes comentários que perpassavam pelas verdades que recém havíamos descoberto. O primeiro diz: Os próprios porões podem ser mais que uma simples tumba, e outros artefatos importantes lá podem estar depositados. Essa única ação registrada dos Senhores de Sinclair que aparentemente contradiz sua merecida reputação de cavalheirismo e lealdade pode também ser explicada pela abertura dos porões, pois certamente é possível que alguma pista sobre o paradeiro de certos tesouros de grande interesse histórico também possa ser revelada. Muito verdadeiro. O autor não sabia que grandes segredos Rosslyn oculta, e, no entanto, o edifício tem sempre sido considerado como muito mais do que os olhos podem ver. Outros comentários também parecem ser premonitórios de nossa decodificação: Devemos reconhecer isto ao tentar compreender a motivação tanto do construtor dessa única e magnífica capela quanto dos talentosos artistas e artífices que executaram seu projeto. Os frutos dessa aproximação com a mente aberta inevitavelmente nos levará a hipóteses que nos impulsionarão a estudos mais profundos para localizar evidências que, pelo menos no momento presente, podem estar ocultas ou foram descartadas por qualquer uma de várias razões... Temos confiança que quando requisitarmos formalmente a abertura e a investigação dos porões que ficam abaixo do relicário de Rosslyn encontraremos pensamentos e atitudes maduras e racionais. Não pesquisar esses porões pode negar mais ainda ao mundo os dados dessa grande e antiga sabedoria, que nos conta sobre Jesus e seus contemporâneos e nos leva em direção ao terceiro milênio d.e. com um conhecimento seguro do que efetivamente aconteceu nos primórdios da era cristã. Encontramos uma inscrição Latina gravada no relicário de Rosslyn, e a consideramos um comentário muito apropriado sob a forma de lema único. Bem humorada como é, só podemos assumir que tenha vindo dos manuscritos Nazoreanos: O VINHO É PODEROSO, UM REI É MAIS PODEROSO, AS MULHERES SÃO MAIS PODEROSAS AINDA, MAS A VERDADE A TUDO CONQUISTA. Por Trás do Selo de Salomão Uma noite, quase uma semana depois de nossa visita a Rosslyn, quando estávamos discutindo o grande detalhamento simbólico que William St Clair havia construído em seu Relicário dos manuscritos para que se adequasse às descrições que estão no Grau do Real Arco, procuramos pela definição do Tríplice Tau. Já havíamos ficado excitados ao perceber que os pilares principais do edifício formavam um Tríp/ice Tau perfeito, porque sabíamos que este era o símbolo da Maçonaria do Real Arco, assim como uma antiga marca anterior a Moisés. Não havíamos, contudo, pensado sobre sua definição precisa como é dada no ritual desse grau. Chris leu as palavras em voz alta: O Tríplice Tau, significando, entre outras coisas ocultas, Templum Hierosolima - ou Templo de Jerusalém. Também significa Clavis ad Thesaurum - a chave para um tesouro - e Theca ubi res pretiosa deponitur - o lugar onde algo precioso foi escondido, ou então Res ipsa pretiosa - a coisa preciosa ela mesma. Finalmente estava claro como cristal porque sir William St Clair havia arrumado os pilares daquela maneira. O arranjo central do relicário era uma maneira simbólica de dizer que a estrutura representa o Templo de Jerusalém, e que este é o lugar onde um tesouro precioso foi escondido! Essa foi uma descoberta maravilhosa. Na mesma página dessa explicação Chris não pôde deixar de notar o significado dado ao Selo (ou Signo) de Salomão (a Estrela de David) dentro do Grau do Real Arco. Mais uma vez ele leu em voz alta: ''A Jóia do Companheiro do Real Arco é um triângulo duplo, algumas vezes chamado de Selo de Salomão, dentro de um círculo de ouro: na parte de baixo vê-se um rolo de pergaminho onde estão as palavras Nil Nisi Clovis Deest - Nada Falta A Não Ser A Chave, e no círculo aparece a legenda Si tatlia jungere possis sit tibi scire posse - Se puderes compreender essas coisas, saberás o bastante'. Robert deu um assobio de admiração. Essas referências soavam como se tivessem sido criadas para ser pistas dadas aos indivíduos que um dia desvendariam o mistério de Rosslyn. A palavras eram totalmente sem sentido em qualquer outro contexto, mas agora traziam em si uma importância muito precisa. O único problema era que nenhum de nós dois conseguia se recordar de ter visto um Selo de Salomão em qualquer lugar de Rosslyn, e por isso nos pusemos a estudar nossas fotografias, vídeos e a planta baixa do edifício para ver se havia alguma coisa que tivéssemos deixado de perceber. Pois havia. Chris traçou uma linha através dos pilares inferiores do Triplo Tau, e pegando um compasso, ajustou-os à largura do edifício no plano e descreveu um arco a partir de cada parede. Os dois arcos se encontram exatamente entre os pilares mais a oeste, formando um triângulo eqüilátero. Ele então desenhou outra linha através da largura do edifício exatamente entre os segundos dois pilares a partir da entrada oeste, e traçou mais dois arcos na direção leste. Eles se cortaram exatamente no centro do pilar central do Triplo Tau, formando um Selo de Salomão perfeito. Mesmo os dois pilares que ficam dentro do símbolo estão colocados exatamente onde as linhas dessa estrela se cruzam. No exato centro desse Selo de Salomão invisível, no teto arqueado, existe uma grande protuberância com a forma de uma ponta de flecha decorada que aponta diretamente para uma pedra chave no chão logo abaixo. Esta é, acreditamos, a pedra-chave que deve ser removida para que se possa entrar nos porões do Templo de Herodes reconstruído e recuperar os manuscritos Nazoreanos. A configuração de Rosslyn não é nenhuma coincidência. Se qualquer dos corredores tivesse alguns centímetros a mais ou os pilares estivessem ligeiramente fora de posição, nada dessa geometria teria funcionado. Foi nesse momento que percebemos com certeza absoluta que esses símbolos haviam sido o ponto de partida de todo o projeto, para marcar o tesouro que está abaixo nos grande porões em arco. A explicação dos símbolos foi certamente adicionada ao Grau do Real Arco, por William St Clair, após o desenho ter sido completado, revelando a pista para que alguma geração futura pudesse descobrir a chave. As palavras no ritual dizem; Se puderes compreender essas coisas, saberás o bastante: nós antes não compreendíamos, mas agora certamente sabíamos bastante para estarmos certos de que havíamos encontrado o significado da Maçonaria. Escavando os Manuscritos Nazoreanos Não podemos conceber uma prova mais poderosa da totalidade de nossa hipótese que a descoberta de que Rosslyn é o Relicário dos manuscritos. A pergunta a ser feita é: estarão esses manuscritos ainda lá? A resposta é que quase certamente sim, ainda estão. Não há evidência, nem histórica nem física, de que alguém tenha mexido nas fundações do edifício, apesar das guerras e batalhas que devastaram o terreno à sua volta. Sondas de ultrassom já estabeleceram que existem espaços cavos sob o assoalho de Rosslyn, e nós pretendemos usar nossas novas evidências como prova poderosa para convencer as autoridades a escavar sob o edifício e recuperar os manuscritos, e depois ter vários estudiosos analisando a sabedoria ali contida: uma sabedoria tão especial que já mudou o mundo mesmo enquanto ainda enterrada! Pensando naquela seta que aponta para baixo, nos vieram à mente as palavras dos primeiros Templários como ditas no Grau do Real Arco: . .. determinados a examinar, em cujo propósito afastamos duas das pedras, quando descobrimos um vão de considerável magnitude, e imediatamente tiramos a sorte para ver quem desceria. A sorte caiu sobre mim: donde, para que nenhuns vapores tóxicos ou outras causas tornassem insegura minha situação, meus companheiros ataram essa corda salva-vidas em torno de minha cintura, e eu fui diligentemente baixado dentro do vão. Chegando ao seu fundo, dei um sinal pré-combinado, e meus companheiros me deram mais corda, o que me permitiu caminhar pelo vão: foi então que descobri alguma coisa com a forma de um pedestal e nele senti certas marcas e caracteres gravados, mas que por falta de luz fui incapaz de me certificar quais fossem. Também encontrei este pergaminho, mas pelo mesmo motivo fui incapaz de ler seu conteúdo. Portanto dei outro sinal pré-combinado, e fui puxado para fora do vão, trazendo o manuscrito comigo. E então descobrimos logo na primeira frase que ele continha a Lei mais Sagrada, assim como promulgada por nosso Deus ao pé do Monte Sinai. Se fosse apenas isso! Nos comprometemos em um dia descer aos porões de Rosslyn e descobrir ali o tesouro que está além de qualquer preço. Faz muitos anos que principiamos nossa busca pelas origens da Maçonaria, e agora alcançamos nosso fim. Ao identificar Hiram Abiff nós não apenas redescobrimos os segredos perdidos da Arte, mas também, inadvertidamente, viramos a chave que destranca a porta da verdadeira história da Cristandade. Localizar o descanso final dos Manuscritos Nazoreanos foi o elo que faltava em uma corrente que une cada Maçom aos misteriosos ritos da feitura de reis no Antigo Egito, Para muitos leitores não-Maçons esse é o fim da história - pelo menos até que uma pesquisa arqueológica tenha sido completada e o conteúdo dos manuscritos estiverem finalmente à disposição do mundo. Mas para aqueles que têm um interesse especial no desenvolvimento da Maçonaria e como ela impactou o mundo nos séculos XVI, XVII e XVIII, nossa história continua no Apêndice I. Post Scriptum Começamos nossa pesquisa de forma inteiramente particular, e por isso desenvolvemos o hábito de manter tudo sob nosso controle, partilhando nossas descobertas apenas com um Past Master e um clérigo da Igreja Anglicana. Eles comentaram vários estágios de nosso trabalho e conseguiram nos convencer de que o que dizíamos fazia muito sentido. Consideramos isso extremamente valioso, porque estávamos próximos demais do assunto para saber se estávamos ou não transmitindo a excitação e a importância das descobertas que fazíamos em quantidade cada vez maior. Um pouco antes de fazermos a apresentação da obra para nossa editora, a Century, decidimos que era importante contar às pessoas presentemente envolvidas com Rosslyn sobre o conteúdo do livro. Portanto, numa tarde de sol, fomos encontrar a Curadora de Rosslyn, Judy Fisken, e Bob Brydon, um historiador maçônico e Templário envolvido com a capela, e que provou ser uma mina de informações adicionais. Esse encontro durou cinco horas, mas ao final concordamos que havíamos dado de encontro com alguma coisa tremendamente interessante, que teria grandes implicações sobre o futuro de Rosslyn, Judy imediatamente conseguiu um encontro com Niven Sinclair, um homem de negócios de Londres que possui os direitos de escavação no sitio de Rosslyn. Duas semanas mais tarde nós nos encontramos com Niven para almoçar, e mais uma vez explicamos nossas descobertas. Nos últimos anos Niven dedicou grande parte de seu tempo, além de considerável soma de dinheiro, à manutenção e promoção de Rosslyn, e decifrar os mistérios do edifício tinha se tornado a sua paixão. Ele nos ouviu atentamente e então, com um largo sorriso, nos informou ser ele quem tinha os direitos, dados pelo atual conde, para escavar os subterrâneos. Esse fascinante escocês cheio de energia era exatamente quem precisávamos ter a nosso lado. Um outro encontro foi organizado para que apresentássemos nossas descobertas a um grupo chamado "os Amigos de Rosslyn". Umas trinta pessoas compareceram, e nós mais uma vez desfiamos a nossa historia, nos concentrando nas partes essenciais que se relacionavam com o edifício. A platéia incluía historiadores, membros da Grande Loja da Escócia, dez clérigos, o mais antigo Cavaleiro Templário da Escócia e o barão St Clair Bonde que é um descendente direto de William St Clair (e que desde então se mostrou um grande aliado). Ninguém encontrou nenhuma razão para rejeitar nosso ponto de vista, e na verdade várias pessoas se adiantaram para dizer que tinham importantes informações que confirmariam tudo o que acabáramos de dizer. No entanto, na noite imediatamente anterior a esta apresentação, tínhamos feito mais uma descoberta significativa sobre os segredos ocultos em Rosslyn. Enquanto Chris preparava as transparências que exibiríamos alguma coisa muito interessante aconteceu. Havíamos decidido que Rosslyn era uma recriação espiritual do Templo de Herodes, e para ver se havia alguma semelhança entre os dois Chris superpôs os desenhos em acetato das fundações do Templo de Herodes e da Capela de Rosslyn. Não eram semelhantes. Eram idênticos! Rosslyn não é uma interpretação livre das ruínas de Jerusalém: no que concerne ao projeto das fundações, é uma cópia cuidadosamente executada. As seções inacabadas da Grande Parede do Oeste estão presentes, as paredes principais e a distribuição dos pilares casam perfeitamente, e os pilares de Jachin e Booz estão exatamente no limite leste do que seria o Templo Interno. O lugar que identificamos como sendo o centro do Selo de Salomão corresponde exatamente com o ponto central do mundo medieval: o centro do Santo dos Santos, o local onde a Arca da Aliança foi colocada no Templo de Jerusalém. Os paralelismos continuam do lado de fora da edificação. O terreno do lado leste de Rosslyn possui uma pequena queda apenas alguns metros à frente dos pilares gêmeos, exatamente como acontece no terreno do Templo original. Essa descoberta nos levou a observar mais cuidadosamente a paisagem em torno de Rosslyn, e descobrimos que a área parecia ter sido selecionada por refletir tão perfeitamente a topologia de Jerusalém. A leste está o Vale do Cedrom escocês, e ao sul temos o Vale do Hinnon. William St Clair era verdadeiramente um gênio. Com essa nova compreensão do terreno à volta da Capela e a partir de . outras pistas adicionais encontradas no edifício de Rosslyn, acreditamos ter finalmente decifrado a mensagem codificada que esse conde deixou traçada, parte na pedra e parte entrelaçada com um ritual maçônico. Agora sabemos exatamente onde o Manuscrito de Cobre, o mapa do tesouro dos Essênios e dos Templários, está escondido. Apêndice I O Desenvolvimento da Maçonaria Moderna e seu Impacto no Mundo. A Reforma Inglesa e as Condições de Surgimento Entre o término das obras da Capela de Rosslyn e a abertura oficial da Grande Loja da Inglaterra a 24 de junho de 1717, a sociedade que havia se desenvolvido a partir da Ordem Templária e que se tornaria a Maçonaria conduziu seus negócios em segredo. Por razões de auto-preservação a organização se manteve oculta do público em geral até que o poder do Vaticano começasse a rapidamente se deteriorar no século XVI. Isso aconteceu por causa da Reforma, um movimento que se espalhou amplamente dentro da Cristandade Ocidental para purgar a Igreja de seus abusos medievais, reduzir o controle papal e restaurar as doutrinas e práticas que os reformadores consideravam como em conformidade como modelo bíblico da Igreja. Os papas da Renascença eram flagrantemente mundanos, praticando abusos de sua posição tais como a simonia, o nepotismo e a corrupção financeira sem qualquer cuidado. A própria Igreja estava sendo permeada de imoralidade e venalidade, e isso levou a uma ruptura entre a Igreja Católica Romana e os reformadores, cujas crenças e práticas vieram a chamar-se Protestantismo. Da Reforma pode se dizer que efetivamente começou na Alemanha em 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero, um professor agostiniano da Universidade de Wittenberg, trouxe a público as suas noventa e cinco teses, abrindo o debate sobre a legitimidade da venda de indulgências. O papado imediatamente enxergou essa atitude como uma ameaça à sua lucrativa ditadura internacional, e sem demora rotulou o livre pensador como herege. Os três famosos tratados que Lutero publicou em 1520, Uma Carta-Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã Sobre a Reforma do Estado Cristão, O Cativeiro Babilônico da Igreja e Sobre a Liberdade de Um Cristão, lhe deram apoio popular muito amplo. Lutero acreditava que a salvação era um presente grátis para todas as pessoas, obtida através do perdão dos pecados apenas pela graça de Deus, e que, portanto, não havia nenhuma necessidade da existência de um papa. Não foi surpresa nenhuma quando esse pensamento tão similar aos de Jesus não foi bem-vindo pelo papado, e ele foi excomungado em 1521. Mas Lutero era um homem muito inteligente, e em abril desse mesmo ano, se apresentou ao Sacro Imperador Romano Carlos V e aos príncipes alemães na Dieta de Worms, recusando-se a negar suas idéias a menos que elas fossem provadas como erradas pela Bíblia ou pela razão pura. Apesar da Inglaterra já ter seu próprio movimento de reforma religiosa baseado nas idéias de Martinho Lutero, a Reforma Inglesa ocorreu, não para podar os excessos papais, mas aparentemente como resultado direto dos problemas pessoais de Henrique VIII com a esposa de seu primeiro casamento, Catarina de Aragão. A ruptura com o poder papal foi ardilosamente planejada por Thomas Cromwell, primeiro ministro do rei, que fez aprovar um Ato pela Suspensão das Apelações no Parlamento em 1533, seguido no ano seguinte pelo Ato de Supremacia que claramente definia o controle real da Igreja. Thomas Cranner, o Arcebispo de Canterbury, autorizou que se fizesse uma tradução da Bíblia para o inglês, e isso se tornou muito importante na criação do Livro de Orações Diárias. A Igreja Católica Romana foi substituída pela Igreja da Inglaterra ou Anglicana, apesar de ter havido uma breve reversão durante o reinado da filha de Henrique VIII com Catarina de Aragão, que havia sido rejeitada pelo rei por não lhe ter dado um herdeiro homem: a rainha Maria I governou de 1553 a 1558. Uma vez no poder Maria se pôs a restaurar o catolicismo, restabelecendo os serviços tradicionais e a autoridade do papa, ganhando o epíteto de Bloody Mary (Maria, a Sanguinária) pelas inúmeras execuções de protestantes. Em 1554, ela se casou com o rei Filipe II da Espanha, filho do Sacro Imperador Romano Carlos V: esse evento deflagrou inúmeras rebeliões, que foram duramente esmagadas, e logo após 300 protestantes foram queimados na fogueira por causa de suas crenças. Sob sua sucessora, a rainha Elizabeth I, a Inglaterra se tornou uma nação forte e protestante. O Rei que Estruturou o Sistema de Lojas A Maçonaria hoje consiste de quase cem mil células individuais chamadas de Lojas, cada uma delas com seu Venerável Mestre e um corpo completo dê Oficiais, a quem é dado o direito de conduzir cerimônias de iniciação e progresso. É possível traçar o desenvolvimento que leva a isso desde a Capela de Rosslyn erguida pela família St Clair até os dias de hoje. Parece que após a construção de Rosslyn o conceito de Lojas "operativas" (aquelas compostas por pedreiros hábeis em seu oficio) continuou a florescer em associação com o mais antigo conceito de Lojas "especulativas" (formadas por aristocratas que eram iniciados através da ressurreição em vida). Como já vimos, uma vez completado o relicário de Rosslyn, não foi mais possível dissolver as organizações secretas com as quais esses orgulhosos trabalhadores da pedra haviam sido presenteados. Tinham seus próprios rituais e eram parte de uma Ordem que os unia a seus senhores e ao misterioso e antigo passado do rei Salomão, entre outros. Nos cem anos seguintes esses Maçons operativos cresceram na Escócia como uma extensão remota dos Maçons especulativos, mas eventualmente os St Clair caíram em aparente obscuridade e a origem do sistema foi perdida para a memória viva. Lenta, mas seguramente as circunstâncias fizeram com que as cerimônias fossem repetidas com orgulho, mas sem qualquer compreensão de suas origens. O rei Jaime VI de Escócia (mais tarde também Jaime I de Inglaterra) foi o único filho de Maria, rainha dos escoceses, e o primeiro rei a governar tanto a Escócia quanto a Inglaterra. Ele também foi o primeiro rei conhecido como membro da Maçonaria, tendo sido iniciado na Loja de Scoon e Perth em 1601 com a idade de trinta e cinco anos124. Nascido a 19 de junho de 1566, Jaime tinha apenas quinze meses de idade quando sucedeu à sua mãe no trono escocês, mas só iniciou seu reinado pessoal sobre a Escócia em 1583. Recebeu uma excelente educação de seu tutor principal, George Buchanan, que sem dúvida teve uma forte influência sobre o jovem rei. O próprio Buchanan havia sido educado na Universidade de Saint Andrew, na Escócia, e em Paris, e era um homem de grande capacidade intelectual. Tinha morado na Europa por trinta anos, onde desenvolveu a reputação de ser um dos principais humanistas da época e tem sido considerado desde esse tempo como um dos maiores estudiosos do latim e poeta do fim do renas cimento. O jovem rei tinha boa cabeça, e sob a liderança intelectual de Buchanan, Jaime afirmou com sucesso a sua posição de chefe da Igreja e do Estado da Escócia, sobrepujando os nobres que contra ele conspiravam. Ansioso para suceder à Elizabeth, que não tinha filhos, no trono inglês, fez apenas um leve protesto quando a própria mãe foi executada por traição contra Elizabeth em 1587. Aos trinta e sete anos, dois anos depois de ser iniciado como Maçom, Jaime tornou-se o primeiro rei Stuart da Inglaterra, e se devotou dai por diante a negócios ingleses na maior parte do tempo. Ainda que criado como presbiteriano, ele imediatamente antagonizou o crescente movimento puritano, ao rejeitar uma petição pela reforma da Igreja Inglesa na conferência de Hampton Court em 1604. A hostilidade Católica Romana a esse monarca protestante estava muito espalhada, e em 1605 um plano católico liderado por Guy Fawkes falhou em sua tentativa de explodir tanto o rei quanto o Parlamento. Apesar desse plano de assassinato, houve suspeitas na Inglaterra de que Jaime fosse secretamente pró-católico por haver feito a paz com a Espanha em 1604. Jaime era um Maçom especulativo e também escreveu livros sobre realeza, teologia, bruxaria, e até tabaco: também, e muito significativamente, ele comissionou uma nova versão “Autorizada" da Bíblia que leva o seu nome - a Bíblia do Rei Jaime (é esta a versão que omite os dois Livros dos Macabeus anti-nazoreanos). A introdução que ainda hoje aparece no frontispício dessa Bíblia Protestante não revela nenhuma simpatia católica. Uma parte dela diz: ... para que por um lado, se tivermos que ser traduzidos por pessoas papistas em casa ou no estrangeiro, que daí em diante nos maldirão por sermos apenas os pobres instrumentos que farão com que a santa Verdade de Deus seja ainda mais e mais conhecida pelo povo, a quem eles ainda desejam manter na ignorância e nas trevas... Essa passagem desvenda um novo tipo de visão na qual "conhecimento" e "o povo" são vistos como coisas a quem se deve permitir estar juntas, em contraste com o egoísmo sectário e político da Igreja Católica nesse tempo. A Maçonaria moderna é absolutamente não-sectária, e se orgulha de sempre ter sido assim: mas nós acreditamos que houve um período de anti Catolicismo, que se mostra perfeitamente claro nessa introdução da Bíblia do Rei Jaime. As circunstâncias do século XVII criaram condições perfeitas para que uma sociedade secreta de Maçons emergisse na arena pública. Sendo o rei ele mesmo um Maçom especulativo e com o poder do papa bloqueado para sempre na Escócia, os motivos para tanto segredo não existiam mais. O rei Jaime era um pensador e um reformista, e deve ter sentido que a estrutura do crescente movimento maçônico precisava ser melhor formalizada, portanto, quinze anos após haver tomado o controle de seu reino escocês, dois anos antes de ter sido iniciado como Maçom e cinco anos antes de tornar-se o monarca inglês, ele ordenou que a estrutura maçônica existente tivesse liderança e organização. Ele fez de um líder Maçom, pelo nome de William Schaw, Guardião Geral do Oficio, e o instruiu para que aprimorasse toda a estrutura da Maçonaria. Schaw iniciou seu importante projeto a 28 de dezembro de 1598 quando publicou Os Estatutos e as Ordenações a serem Observadas por Todos os Mestres Maçons Dentro Deste Reino, assinando-se como O Guardião Geral desse Oficio. Schaw não se preocupou muito com o fato de que essas reuniões haviam originalmente sido introduzidas pela família St Clair, que já havia mantido uma Corte dos Ofícios pelo menos duzentos anos antes, sob o reinado de Robert Bruce. Parece que no tempo de Schaw, os St Clair haviam perdido muito de sua influência, porque haviam buscado ganhos financeiros através de seu controle da Maçonaria operativa. No ano de 1600, um novo documento foi produzido pelos mestres, diáconos e membros comuns da Maçonaria da Escócia e divulgado com o consentimento de William Schaw, que é descrito nesse documento como sendo o Mestre Real das Obras. Esse documento é conhecido como o Primeira Carta de St Clair. Nele se lê: Por todo o tempo em que tem sido observado por nós, tem-se como certo que os senhores de Rosslyn sempre foram patronos e protetores nossos e de nossos privilégios, mas nos últimos anos por negligência e imposições externas o oficio deixou de ser praticado. Isso privou os senhores de seus justos direitos, e o oficio de seus patronos, protetores e supervisores, levando a muitas corrupções no oficio e em empregadores em potencial que abandonaram tantos grandes empreendimentos. Isso foi assinado pelos Oficias das Lojas de Dunfermline, St Andrews, Edimburgo, Haddington e Aitchison's Haven. Apesar dessa queda nos proventos da família St Clair, os Maçons escoceses defenderem a tradição e dispensaram a oferta de Schaw de uma garantia de Proteção Real da Ordem se o rei Jaime fosse aceito como Grão-Mestre. Apesar dos St Clair nada terem contra o rei Jaime se auto indicar como Grão-Mestre, eles tinham o apoio das Lojas contra isso. O Ritual Schaw das Lojas foi regularizado, mas ainda era fortemente baseado nas "Antigas Constituições" e as palavras maçônicas e meios de reconhecimento ainda eram os mesmos da antiga tradição verbal, às quais Schaw inclusive se refere em muitas ocasiões. Ele denominou as reuniões de Maçons especulativos como Lojas, e dois anos após seu trabalho ter-se iniciado, as antes secretíssimas Lojas da Escócia começaram a preparar listagens de seus membros e a registrar atas de suas reuniões. Elas ainda não anunciavam publicamente sua existência, mas hoje em dia podemos identificá-las facilmente. A localização geográfica das primeiras Lojas registradas mostra como os Rituais cimentados em Rosslyn por William St Clair se tornaram um grande e importante movimento durante o reinado do rei Jaime VI. Foi a regulamentação tanto da Maçonaria Especulativa quanto da operativa por William Schaw (Guardião Geral do Ofício, de Jaime VI) que formalizaram o ritual nisto que agora conhecemos como os Três Graus da Maçonaria Simbólica. Ele assim fez restabelecendo os antigos Maçons operativos como subsidiários de nível inferior dos Maçons especulativos. Uma exigência absoluta para filiação a uma Loja especulativa era a de que o candidato fosse um Homem Livre da região na qual a Loja estava situada, e muito em breve um Maçom especulativo se distinguiu do Maçom operativo pelo titulo de Franco-Maçom. Cada associação devia ser parte de uma Loja, mas cada Loja de Maçons especulativos não tinha necessariamente que ter dentro de si uma associação. Desse ponto em diante, a Maçonaria ganhou uma estrutura em Lojas que logo se espalharia para a Inglaterra, e eventualmente para todo o mundo ocidental. Os Arquitetos do Segundo Grau Acreditamos que o conteúdo atual dos Três Graus da Maçonaria Simbólica já estava grandemente presente em apenas dois graus antes que a reorganização de Schaw nelas inserisse um nível extra de Maçonaria Especulativa, entre o grau de Aprendiz e o de Mestre Maçom (que era originalmente conhecido como A Parte do Mestre). Esse novo Grau foi introduzido e designado como sendo o de Companheiro Maçom, derivado, segundo pensamos, do fato de que esses Maçons não eram trabalhadores da pedra, mas sim trabalhadores no "ofício dos companheiros", ou seja, a Maçonaria Especulativa. E agora estamos seguros de que esse Grau foi um desenvolvimento do grau de Maçom de Marca (e não ao contrário, como muitos Maçons preferem crer). Quando Jaime VI de Escócia se tornou Jaime I de Inglaterra em 1603, um de seus primeiros atos foi o de conferir o grau de cavaleiro a Francis Bacon, que era um de seus pensadores favoritos, bem como um de seus irmãos Maçons. Seis anos mais tarde Bacon foi indicado como Procurador do Rei. As promoções foram se sucedendo, enquanto Jaime dava a Bacon as posições de Procurador Geral do Rei, Lorde Guardião do Grande Selo, e eventualmente Lorde Chanceler em 1618, ponto em que Bacon assumiu o título de Barão de Verulam. O Irmão Bacon foi um dos maiores filósofos da História, e buscava purgar a mente humana daquilo a que ele chamava "ídolos" ou "tendências ao erro". Planejou uma grande obra, intitulada Instaluratio Magna (Grande Restauração) ali anotando suas idéias para a restauração do governo da Humanidade sobre a Natureza, que deveria conter seis partes: 1. Uma classificação das ciências. 2. Uma nova lógica indutiva. 3. Uma súmula de fatos empíricos e experimentais. 4. Exemplos de como mostrar a eficácia dessa nova abordagem Generalizações derivadas da história natural 5. Uma nova filosofia que seria uma ciência completa da Natureza. Ao fim e ao cabo ele só conseguiu completar duas partes: Os Avanços do Aprendizado, em 1605 (mais tarde expandido como Da Dignidade e Crescimento das Ciências em 1623) e o Novo Organon, em 1620, que era um ataque ao Organon de Aristóteles. Esse último trabalho ele apresentou pessoalmente a seu patrono, Jaime VI. O ápice do trabalho de Bacon foi uma filosofia indutiva da Natureza, que se propunha a encontrar as "formas" ou leis naturais das ações dos corpos, tendo ele elaborado as assim chamadas tabelas de indução (de presença, ausência e gradação) destinadas a descobrir as formas que permitissem o domínio sobre a Natureza. Apesar de Bacon nunca ter podido ser chamado de grande cientista, é altamente considerado como o homem que deu ímpeto ao desenvolvimento da moderna ciência indutiva. Suas obras eram tidas em alta conta por diversos pensadores e cientistas do século XVII, inclusive Robert Boyle, Robert Hooke, sir Isaac Newton e Thomas Hobbes. Um século mais tarde os filósofos franceses Diderot e Voltaire descreveram esse pensador inglês como nada menos que "o pai da ciência moderna". É altamente provável que o Irmão Bacon tenha sido a força motriz atrás da elaboração do novo 2° Grau tal como apresentado pelo seu colega íntimo William Schaw; Ninguém nesse grupo real de Maçons tinha mais paixão pelo avanço da ciência e pela ampliação do estudo sobre a Natureza. Bacon, no entanto, deixou que seu conhecimento maçônico se misturasse com suas aspirações públicas ao publicar seu livro A Nova Atlântida, que falava abertamente de seu plano de reconstruir o Templo de Salomão em termos puramente espirituais. Essa visão essencialmente "ezequielesca", afirmava ele, deveria ser "um palácio da invenção" e "um grande templo da ciência". Era visualizado menos como um edifício que como um novo Estado em que a busca do conhecimento em todos os seus ramos fosse organizada segundo os princípios da mais alta eficiência. É nesse trabalho que a semente de germinação intelectual da Constituição dos Estados Unidos da América foi firmemente plantada. A Nova Heresia O 2° Grau ou "de Companheiro" dá muito pouco conhecimento ao candidato, mas introduz a idéia de "mistérios ocultos da natureza e da Ciência", fazendo uma referência clara ao que chama de "a heresia de Galileu". Estamos certos de que o assunto central desse grau é tão antigo quanto qualquer outro da Maçonaria, sendo não obstante de elaboração muito mais recente, e isso se deve em grande parte a Francis Bacon. As partes usadas nessa nova cerimônia têm a ver com a natureza e o direito do Homem de investigá-la e entendê-la. Toda a idéia de entender os mistérios da natureza nos faz lembrar a enciclopédia botânica encapsulada na elaboração do relicário de Rosslyn. Como mostramos antes, suas esculturas finamente trabalhadas registram detalhes de inúmeras plantas, inclusive as "impossíveis" espécies americanas. O pensamento liberal em todas as partes havia finalmente levado à invenção de uma nova forma de heresia, pois o Vaticano, muito corretamente para seus objetivos, via grande perigo nessa idéia de "pensamentos não-controlados". A Igreja Católica Romana estava perseguindo aqueles que investigavam a ciência e chegavam a conclusões que conflitavam com a visão cardinalícia de suas escrituras. O mais significativo desses homens "perversos" era Galileu, que usou novas técnicas para confirmar que era o Sol e não a Terra o centro do Universo. Apesar desse conceito ter sido descrito pela primeira vez pelo egípcio Erastóstenes no século III a.c., foi conhecido como Copernicanismo a partir do mais recente proponente dessa idéia (Nicolau Copérnico 1473 - 1543) e a despeito de todos os protesto o Santo Ofício de Roma promulgou um edito contra o Copernicanismo no início de 1616. A heresia a que Galileu se referia e que havia sido posta fora-da-lei pela bula papal é citada como resposta a uma pergunta paradoxal que faz parte do ritual de elevação do Primeiro para o 2° Grau da Maçonaria. Seguem-se as perguntas e respostas: P. Quando foste feito Maçom? R. No corpo de uma Loja, justa, perfeita e regular. P. E quando? R. Quando o Sol estava em seu meridiano. P. Como nesse país as Lojas de Maçons sempre se reúnem e seus candidatos sempre são iniciados à noite, como se reconcilia isso que à primeira vista parece ser um paradoxo? R. Sendo o Sol um corpo fixo e a Terra continuamente girando à sua volta em seu próprio eixo, e a Maçonaria sendo uma ciência Universal, difundida através de todo o globo habitado, segue-se necessariamente que o Sol sempre está em seu meridiano no que diz respeito à Maçonaria. Essa referência dificilmente teria sido aí colocado antes de 1610, a data em que Galileu publicamente anunciou sua convicção de que Copérnico estava verdadeiramente correto ao pensar que a Terra girava em torno do Sol. Francis Bacon, acreditamos, imediatamente incorporou essa nova verdade da Natureza em seu recém criado 2° Grau. É importante recordar que o Grau de Companheiro não é uma invenção: foi feitos a partir de seções extraídas da Maçonaria de Marca, e provavelmente os dois graus originais de Homem da Marca e de Mestre da Marca, com alguns elementos novos a eles adicionados onde pareceram caber melhor. Isso deu vazão a uma das maiores contradições desse ritual: informa-se ao candidato que um sinal secreto é feito ao segurar as mãos de uma determinada maneira sobre a cabeça, como usado por Josué: Quando Josué lutou as batalhas do Senhor no Vale de Joshoshapat foi nessa postura que ele ficou e fervorosamente orou ao Senhor para que parasse o Sol em seu curso e estendesse a luz do dia até que ele tivesse completado a destruição de Seus inimigos. Existe uma contradição óbvia em primeiro ser informado de que a Terra gira em torno do Sol, e logo depois que Deus fez o Sol parar seu giro em volta da Terra para ajudar a Josué. Acreditamos que a história foi mantida por ser velha ou importante demais para remover ou modificar, apesar de sua contradição com o material mais novo. Essa explicação do sinal do Grau de Companheiro aparentemente se aplica a Josué 10:12, mas esse versículo na verdade se refere ao Vale de Ajalon, não de Joshoshapat. Josué, como sabemos, foi o líder dos Israelitas após Moisés, mas não foi até a época de David que o Vale de Joshoshapat se tornou território Israelita (como já mencionamos, Joshoshapat é outro nome para o Vale do Cedrom, que corre ao sul e leste de Jerusalém). Já discutimos como a lenda de Josué no Antigo Testamento o mostra como um Habiru assassino e violento sem qualquer relevância para os padrões da Maçonaria. A passagem do Antigo Testamento à qual essa citação é atribuída é uma das extremamente chocantes listas de assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes, sem outra razão que não fosse a rapinagem de pilhadores como Josué, e a aparente insanidade de Yahweh. A passagem se vangloria sobre como, sob as ordens de Deus, cinco reis e todos os seus súditos e animais foram massacrados pelos atacantes habirus e como, de um extremo da Terra até o outro: Ele não deixou ninguém vivo, mas destruiu completamente a tudo o que respirava, como o Senhor Deus de Israel lhe havia ordenado. Já que Josué representa o comportamento mais antimaçônico que uma pessoa pode ter, e tendo esses fatos ocorridos antes do Templo do rei Salomão, não podemos imaginar porque alguém pretenderia que esse trecho do ritual maçônico se referisse a ele, a menos que fosse completamente ignorante sobre qualquer outra explicação. Havia, no entanto, outra figura bíblica muito mais especial conhecida pelo nome de Josué, ou Yahoshua, que é vitalmente importante para a Maçonaria e que lutou a maior das ''batalhas do Senhor" no Vale de Joshoshapat. Esse homem, claro, foi Jesus, que ficou com seus seguidores no Jardim do Getsêmani (que fica no Vale do Joshoshapat) quando ele finalmente confrontou e buscou a derrota de seus inimigos. Por estar ciente da antiga história de Seqenenre Tao/Hiram Abiff ele deve ter metaforicamente clamado a Deus para que parasse o Sol em seu meridiano, o que era uma maneira de pedir que as forças das trevas fossem mantidas em posição de fraqueza e que as forças da bondade estivessem em seu máximo por toda a duração do conflito que se aproximava. Desafortunadamente ele perdeu a batalha, mas graças aos Templários, veio eventualmente a ganhar a guerra. Esse conhecimento dá sentido perfeito a uma estranhíssima explicação sobre o sinal do Grau de Companheiro, ou 2° Grau. No Capítulo Doze mostramos como o discurso de Tiago na crucificação e sua subseqüente liderança da Igreja significaram que ele foi profundamente afetado pelas ações de seu irmão, sendo pouquíssimo razoável achar que um episódio tão importante quanto as orações feitas no Jardim de Getsêmani não tivessem sido registradas nos manuscritos que os Templários descobriram. Tiago e os demais Qumranianos teriam encarado o que Jesus fez no Vale de Joshoshapat como um pesher de Josué 10:12, e essa interpretação do Sinal do 2° Grau dá sentido a um ritual que até então era insondável. As Antigas Obrigações Já está claro que mudanças no conteúdo do velho ritual foram reduzidas a um mínimo, e que as O/d Charges (Antigas Obrigações) da tradição verbal foram escritas pela primeira vez para assegurar de que não houvesse desvios. William Schaw ficou conhecido como aquele que buscou proteger "os Antigos Landmarks da Ordem" e a evidência escrita está disponível hoje em dia para nos dizer do que a Maçonaria tratava antes dos melhoramentos feitos por ordem de Jaime VI e implementados por Schaw; Bacon e outros. Existe um grande número desses documentos: um deles é o Manuscrito Inigo Jones de 1607, mas existem dúvidas quanto à sua autoria: já foi atribuído a esse famoso arquiteto e Maçom, mas também há indícios de que possa ter sido escrito cinqüenta anos depois, possivelmente por um membro da Loja Inigo Jones. Um documento mais confiável é o Manuscrito Wood escrito em 1610 (o mesmo ano em que Galileu pela primeira vez declarou sua visão da estrutura do sistema solar) em pergaminho na forma de oito tiras dobradas para formar dezesseis folhas com trinta e duas páginas. Ele se inicia pela identificação das ciências com as quais a Maçonaria sempre esteve associada, e que são dadas como sendo: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Esses são os assuntos clássicos perdidos em todo o mundo durante a Idade das Trevas. Foram revalorizados do século X em diante, através do contato com estudiosos árabes da Espanha, Sicília e Norte da África, e pensadores gregos em Constantinopla. Entre outras coisas, as obras perdidas de Aristóteles foram redescobertas: e mais ainda, os trabalhos matemáticos e científicos dos árabes foram traduzidos para uso do Ocidente. No início do século XVII esses haviam novamente se tornado os assuntos naturais de todas as pessoas educadas, não sendo de nenhuma maneira peculiares à Maçonaria. O Manuscrito Wood segue dizendo que a Geometria é a maior de todas as ciências e que assim tem sido desde o inicio dos tempos. Traça a história da Ordem a partir dos dois pilares que foram encontrados depois do Dilúvio de Noé, um feito de mármore que não se queimaria com o fogo, outro feito de uma substância conhecida nas lendas maçônicas como laterus, que não se dissolve encharca nem afunda na água. Um desses pilares foi encontrado e sobre eles não estavam inscritos os segredos das ciências a partir das quais os sumérios desenvolveram o código moral que foi transmitido aos egípcios através dos sumérios Abraão e sua mulher Sara. O texto segue descrevendo como Euclides ensinou geometria aos egípcios, e quem os israelitas transferiram a Jerusalém, o que resultou no erguimento do Templo de Salomão. Alguns dos manuscritos do século XVII não se referem a Hiram Abiff, o que levou alguns a acreditar que o personagem foi uma invenção de período relativamente mais recente. No entanto, o nome de Hiram Abiff era apenas uma das designações dessa figura central: ele também é conhecido como Aymon, Aymen, Amnon, A Man, Amon ou Amen e algumas vezes como Bennaim. Já foi dito que Amen é a palavra hebraica para "o confiável" ou "o fiel", o que combina perfeitamente com a figura de Hiram Abiff. Mas também sabemos que Amon ou Amen é o nome do antigo criador de Tebas, a cidade de Seqenenre Tao. Poderia haver aí um antigo elo? Acreditamos que sim. O nome A Man nos interessou particularmente por trazer à baila a descrição dos autores do Livro do Gênese em 49:6 a que nos referimos no Capítulo Oito: é, recordemo-nos, o que consideramos como sendo uma descrição do Assassinato de Seqenenre: Que a minha alma não entre em seu conselho, que meu coração não se una à sua assembléia: porque na sua cólera mataram um homem, e em seu capricho derrubaram uma parede. Pode ser que essa vítima inominada tivesse nome, porque estavam se referindo a A Man - o primeiro nome original maçônico de Hiram Abiff, e também do deus criador de Tebas? E seria coincidência o fato dos cristãos chamarem por ''Amen'' no final de suas preces, como um apelo para que seus desejos se tornem realidade? O outro nome, Bennaim, já fez com que pesquisadores maçônicos passassem por dificuldades. Foi notado que o final "im" em hebraico cria o plural (como em pesherim) enquanto a primeira parte significa "construtor". Podemos ir mais longe e sugerir que o nome é baseado na antiga palavra egípcia para pilar sagrado, que era encimado por uma pequena pirâmide chamada de "pedra de benben". Essa palavra, portanto, pode ser encarada como uma descrição muito antiga, significando "construtor dos pilares sagrados". Isso verdadeiramente faria muito sentido como uma descrição literal de Hiram Abiff, e uma metáfora para Jesus. Nos parece que quando a Maçonaria estava sendo formalizada pelo grupo do rei Jaime, a partir do casamento especulativo/operativo dos Templários de Rosslyn, suas origens se tornaram confusas e suas partes foram perdidas. Esses Maçons do século XVII tinham quase uma linha direta com os primórdios da história humana, mas todos os estágios pelos quais os motivos haviam passado agora obscureciam muito dessa história. No entanto, apesar de serem pouco claros sobre o lugar onde sua Ordem se originou, eles percebiam a importância da sabedoria que ela contém e foram revigorados pelo impulso de conhecimento que surgiu no século XVII. Os Maçons já estavam prontos para alcançar suas vantagens. Na cerimônia do 2o . Grau pergunta-se ao candidato: "Quais são os objetos peculiares de pesquisa neste grau?" A resposta que ele deve dar é a seguinte: "Os mistérios ocultos da Natureza e da Ciência". Ao completar a elevação desse novo Companheiro a ele se diz: "Esperamos agora que sejam as Artes Liberais e as Ciências os teus estudos futuros". Esse era um convite que nenhum Maçom do meio do século XVII poderia recusar. Tendo analisado os desenvolvimentos da Maçonaria no século XVII, nossa tarefa final era entender como a Maçonaria veio a deixar sua marca em todo o mundo moderno. Em 1625, o Maçom e rei Jaime VI morreu e seu segundo filho Carlos o sucedeu no trono (o filho mais velho de Jaime, príncipe Henrique, havia morrido em 1612). Estamos seguros de que o novo rei seguiu os passos de seu pai, tornando-se um Maçom. É significativo que um grande número de sepulturas, ricas em simbolismo maçônico, foram erguidas na parede norte da Abadia de Holyrood em Edimburgo, que ele mandou reformar para sua própria coroação escocesa em 1633. No entanto, Carlos teve um início pouco auspicioso aos olhos da maioria protestante de seu povo, quando se casou com a princesa católica Henrieta Maria, filha do rei Henrique IV da França. Como Jaime, Carlos era um fervoroso crente no direito divino dos reis, e demonstrava isso com arrogância, causando conflitos com o Parlamento e finalmente gerando uma guerra civil. O jovem rei era fortemente influenciado por seu amigo intimo George Villiers, o 1o . duque de Buckingham, a quem ele apontou como Primeiro Ministro a despeito da desaprovação generalizada. Carlos permaneceu em constante conflito com seu Parlamento, dissolvendo três de suas formações em apenas quatro anos por causa da recusa a compactuar com suas exigências arbitrárias. Quando o terceiro desses Parlamentos se encontrou em 1628, apresentou uma "Petição de Direitos", uma declaração que exigia que o rei fizesse certas reformas em troca de fundos. Carlos foi forçado a aceitar essa petição, mas após fazer essa concessão, respondeu dissolvendo o Parlamento mais uma vez, e mandando prender vários de seus lideres parlamentares. Carlos não tinha a maleabilidade de seu pai para assuntos políticos e sua confrontação constante com o Parlamento levou a um período em que ele reinou por onze anos sem ter parlamento. Durante este período ele introduziu medidas financeiras extraordinárias para fazer frente às despesas governamentais, as quais ampliaram sua já profunda impopularidade. O reino inteiro começou a tornar-se instável sob o domínio autocrático de Carlos e, enquanto em outros tempos uma tal agitação social seria certamente uma coisa desagradável, as peculiares circunstâncias desse tempo paradoxalmente o tornaram um período de oportunidades. Novas formas de pensamento abundavam e a quebra de continuidade da velha e estabelecida ordem das coisas colocou todas as possibilidades num mesmo caldeirão. Pode soar estranho, mas nós começamos a sentir cada vez mais os paralelos pertinentes entre esse período do século XVII na Inglaterra e as circunstâncias encontradas em Israel no tempo de Jesus e do movimento Nazoreano. Essas similaridades faziam com que os ensinamentos encontrados na Maçonaria fossem particularmente relevantes a todos os grupos envolvidos na Guerra Civil inglesa. O primeiro desses paralelos está no conflito do processo de conexão com Deus. Como com os judeus mil e seiscentos anos antes, praticamente todas as pessoas consideravam que Deus estava no centro de todas as questões, havendo uma crescente diversidade de opiniões sobre a melhor maneira de se relacionar com Ele. No tempo de Jesus havia o Sinédrio, que se constituía a autoridade efetiva do Templo e que era o único caminho oficial até Yahweh, e havia os saduceus, que reconheciam o comando do imperador romano. Mesmo os supostamente íntegros fariseus foram acusados por Jesus de ter perdido a visão da verdadeira base de sua fé, e por isso Jesus se opunha a seu poder. Na nossa maneira de ver, Jesus não era mais que um republicano, tentando estabelecer o domínio da "retidão" para todas as pessoas, tomando para si o papel de líder legislativo no suporte às leis de Deus. Ele era um antiburocrata que queria remover os individualistas que declaravam ter controle pessoal dos caminhos até Deus. Ele era sem dúvida antiinstituições, e achamos razoável descrevê-lo como um puritano em seu próprio tempo: um homem que propugnava pela simplicidade, rigor religioso e liberdade - e não tinha medo de lutar por isso. Nos séculos XVI e XVII a Igreja Católica era comandada por conservadores estabelecidos que haviam perdido a visão da Divindade acima de seus egos inchados, e sua insistência de que só o papa tinha direito de se comunicar com Deus havia se tornado muito frágil para todos que tinham a inteligência e a oportunidade de pensar por si próprios. Algumas das criticas que os fariseus encontraram nos Evangelhos originais reconstituídos como sendo da autoria de "Q" soam muito similares às acusações que os puritanos do século XVII estavam utilizando contra a Igreja Católica Romana. Algumas das palavras atribuídas a Jesus em QS34 (dos Evangelhos Reconstituídos de "Q'') nos tocaram como extremamente pertinentes a esses tempos tardios: Envergonhai-vos, ó fariseus! Pois vós limpais o exterior da taça e do prato, mas por dentro sois cheios de cobiça e incontinência. Tolos Fariseus! Limpai o interior e o exterior também estará limpo! Envergonhai-vos, ó fariseus! Pois vós amais os lugares da frente nas assembléias e os cumprimentos no mercado. Envergonhai-vos! Pois sois como sepulcros, belos no exterior, mas por dentro cheios de sujeira... Envergonhai-vos, homens da lei! Pois tomastes a chave do conhecimento das mãos do povo! Vós mesmos não entrais no reino de Deus, mas impedís que os que querem entrar o façam! Como é fácil substituir as palavras "fariseus" ou "homens da lei" pela palavra "cardeal", criando uma passagem que soaria perfeitamente Puritana! A segunda ligação que vemos entre os dois períodos está no fim do poder papal na Inglaterra e a combinação das autoridades sacerdotal e secular na figura única do rei. Pela primeira vez desde o estabelecimento da Igreja, a ambição que Jesus tinha de unir os pilares real e sacerdotal em apenas um foi alcançada. Enquanto trabalhávamos nesse Apêndice decidimos pesquisar no material que havíamos acumulado sobre a Guerra Civil inglesa. E encontramos uma ilustração do século XVII que confirma tudo o que havíamos detectado sobre este elo com a Igreja de Jerusalém. No início de nossa pesquisa havíamos celebrado sempre que encontrávamos algum artefato ou trecho de informação que se ligasse indubitavelmente a outra parte do quadro geral Nesse ponto, no entanto, estávamos começando a aceitar que amostras de evidências importantes continuariam a saltar aos nossos olhos porque nossa tese era correta, e o que estávamos minerando era um contínuo e infinito veio de verdade história. O que encontramos nesse ponto foi uma gravura do século XVII que mostra em detalhes os pilares real e sacerdotal de mishpat e tsedeq - exatamente como os havíamos compreendido pela leitura de antigos textos judeus. Não era simplesmente similar ao que havíamos chegado a compreender em termos do âmago dessas imagens: era idêntica, ou muito próxima disso. A única diferença real era a figura que estava sobre a pedra-chave: nesta versão, o rei Carlos I havia assumido o papel de ambos os pilares, ao identificar-se com a pedra que os mantém unidos. Aqui o pilar da esquerda é tsedeq, sob o formato da IGREJA, tendo por cima a figura da VERDADE: o pilar da direita é mishpat sob a forma de ESTADO, tendo por cima a JUSTIÇA. E mais interessante ainda: o filho do Rei Carlos I, Carlos II, fez com que esse desenho fosse construído na entrada da casa Holyrood quando ela foi reerguida após a Guerra Civil em 1677. Ao usar esse simbolismo, o rei Carlos I estava seguindo fielmente as pegadas de Jesus, mas lhe faltavam tanto o inegável brilho do líder judeu quanto sua clareza republicana. Jesus havia acreditado que quando a ordem social estivesse funcionando em sintonia com as leis dadas por Yahweh, não haveria necessidade de nenhum papel de Sumo Sacerdote porque Deus agiria diretamente através desse rei terreno para manter um estado de shalom: em contraste, o rei inglês via apenas um papel duplo que deveria assumir, com Deus sendo apenas uma figura distante. A Maçonaria estava passando adiante uma antiga mensagem que já havia perdido muito de seu significado original de suma importância! Na Inglaterra, aqueles que buscavam uma nova ordem social teriam que combater muito antes de encontrar uma solução específica para suas diferenças - uma solução que veio da Ordem e que asseguraria a continuidade da monarquia no Reino Unido quando as nações em toda a sua volta estivessem passando seus governantes ao fio da espada. A Ascensão dos Republicanos Três anos após Carlos I ter subido ao trono, um jovem homem do povo com idéias republicanas entrou no Parlamento como representante de Huntingdon. Seu nome era Oliver Cromwell e sua família era de Gales com o nome original de Williams. Haviam saído da obscuridade através dos favores do ministro de Henrique VIII, Thomas Cromwell, que era o tio do trisavô de Oliver, fazendo-os adotar o nome de seu patrono como reconhecimento por sua ajuda. Os novos Cromwell logo se tornaram preeminentes na cidade de Huntingdon, no Cambridgeshire, onde Oliver nasceu a 25 de abril de 1599. Os Cromwell, agora bem de vida, mandaram seu filho para ser educado na cidade, pelas mãos de um líder puritano chamado Thomas Beard, um homem que expressava claramente sua vontade de "purificar" a Igreja da Inglaterra dos elementos católicos romanos que nela ainda restavam. Cromwell mais tarde freqüentou o predominantemente puritano Sidney Sussex College e a Universidade de Cambridge, e também estudou Direito em Londres. Em Agosto de 1620 ele se casou com Elizabeth Bourcheir e voltou para Huntingdon com o objetivo de cuidar das propriedades de seu pai, tornando-se membro do Parlamento por Huntingdon oito anos mais tarde. Na década seguinte, Cromwell desenvolveu uma ideologia completamente puritana e sua vida pessoal se manteve morna antes de ferver novamente quando herdou algumas propriedades do tio de sua mulher em Ely. Em 1640 Cromwell retornou ao Parlamento, exatamente quando a relação entre o rei Carlos I e os puritanos entrou em crise, e o conflito se tornou inevitável. Dois anos mais tarde, a 22 de agosto de 1642, estourou a Guerra Civil entre o parlamento dominado por puritanos e os correligionários do rei. A astuta mente militar de Cromwell rapidamente percebeu que a paixão religiosa poderia gerar o espírito de luta que vende batalhas, e rapidamente organizou um regimento de cavaleiros determinados para lutar ao lado das forças do Parlamento. Nos primeiros dois anos de guerra, após ambos os lados terem organizado seus exércitos, os Realistas (ou Cavaleiros, como eram conhecidos) tiveram cada vez mais sucessos. Após uma sangrenta batalha sem solução em Edgehill, em Warwickshire em outubro de 1642, os Realistas pareciam estar prontos a avançar sobre Londres, mas foram forçados a recuar. Ao fim do primeiro ano de guerra os Realistas estavam dominando a maioria dos lugares da Inglaterra exceto Londres e o lado leste do país. A habilidade de Cromwell como comandante foi reconhecida e em 1644 o soldado de idéia fixa já era tenente general sob Edward Montagu, Conde de Manchester. Sua promoção foi merecida: ele liderou as forças parlamentares, conhecidas como os Roundheads (O Exército dos Roundheads era a força militar dos partidários puritanos de sir Oliver Cromwell, lorde protetor da Grã-Bretanha e Irlanda, quando da Revolução que depôs a casa real dos Stuart do trono inglês, em 1649. Cromwell instituiu uma república, baseada nos conceitos reformadores da Igreja Puritana da Inglaterra, permanecendo no governo da Grã-Bretanha até o ano de 1658), para a vitória na crucial Batalha de Marston Moor, ganhando para si e seus soldados o título de "ironsides". Essa vitória provou ser uma espécie de ponto de virada para os Parlamentaristas, e os Realistas foram novamente derrotados pelo Novo Exército Modelo de sir Thomas Fairfax em Naseby, no Leicestersrure. Batalha após batalha dava a vitória aos Roundheads até que a capital dos Realistas, Oxford, caiu a 24 de junho de 1646, e Carlos, que se havia rendido aos escoceses, foi entregue ao parlamento e feito prisioneiro. A cidade de Lichfield no Sttafordshire ainda resistiu por algumas semanas, mas a primeira e mais importante parte da Guerra Civil já estava terminada. Muitos observadores crêem que Oliver Cromwell era Maçom, e apesar de não haver nenhum registro definitivo sobre isso, é bem possível que assim tenha sido. Certamente seu superior e amigo íntimo, sir Thomas Fairfax foi um membro da Ordem e a sede da família Fairfax em Ilkley, Yorkshire, ainda possui um templo maçônico na seqüência da biblioteca, que é acessado por meio de uma escada em espiral que leva a uma sala pavimentada de quadrados brancos e pretos com dois pilares livres. O edifício é hoje em dia o escritório central corporativo de uma grande firma de empreiteiros de eletricidade, mas a alguns quilômetros abaixo na aldeia de Guisley ainda existe uma Loja maçônica chamada Fairfax. Uma das melhores fontes de informação sobre a Maçonaria durante este período foi o diário de Elias Ashmole, um formidável tomo formado por seis volumes de diários e mais um volume-índice. O bibliotecário na Biblioteca da Universidade que Robert freqüenta ficou surpreso quando ele levou consigo todos os sete volumes em um único verão, com o objetivo de ler todo o diário! Já havíamos discutido como conseguir informações sobre esse período e havíamos percebido ser a época dos grandes diaristas, portanto, lê-los seria a melhor maneira de saber sobre seu tempo. Ainda não sabíamos o que estávamos procurando, portanto, foi necessário ler tudo para ver o que encontraríamos. Isso não foi um exercício sem sentido porque encontramos referências a algumas reuniões muito estranhas, que nos ajudaram a lançar luz sobre os eventos que levaram à formação da Sociedade Real e à Restauração. Elias Ashmole era o Controlador Real das Ordenações em Oxford ao tempo da rendição e ele é também um dos mais importantes personagens da história oficial da Maçonaria. Quatro meses após ver seu lado perder a guerra, Ashmole viajou para Warrington para ser iniciado na Ordem. A anotação em seu diário para 16 de outubro de 1646 é a seguinte: 4:30 p.m. Eu fui feito Franco-Maçom em Warrington no Lancashire, com meu Col. Henry Mainwaring de Karincham no Cheshire. Os nomes daqueles que então eram da Loja, Senhor Richie Penket Warden, Senhor James Collier, Senhor Rich, Sankey, Henry Littler, John Ellam, Rich. ElIam & Hugh Brewer. Viajar de Oxford para Warrington nesses dias deve ter sido uma jornada longa e árdua, e ainda assim no dia seguinte após sua iniciação Ashmole viajou novamente, dessa vez para o bastião Parlamentarista de Londres. Essa foi uma coisa estranha de se fazer porque as tensões ainda estavam muito altas e todos os exoficiais Realistas foram banidos até a distância de trinta e dois quilômetros da cidade de Londres. Tendo tão recentemente servido como Controlador de Ordenações do Rei, Ashmole podia esperar tudo menos não ser reconhecido, portanto, deve ter tido boas razões para ir lá, além de ter alguma garantia de proteção. Uma nota datada de 14 de maio de 1650 nos papéis do Escritório Público de Registros, Documentos de Estado Doméstico, Interregno A, confirma a pouco usual natureza de sua visita, além de mostrá-la como não sendo um arranjo temporário: Ele (Ashmole) fez sua moradia em Londres sem se incomodar com o Ato do Parlamento que estabelecia o Contrário. Há boas razões para que suponhamos que esse Maçom realista fosse capaz de viver abertamente em Londres por muitos anos, e que se relacionasse com tantos Parlamentaristas importantes. Não resta nenhuma dúvida que isso aconteceu graças ao fato de ser Maçom, e, portanto, membro da única organiza- ção não-religiosa e não-política que dava provimento a uma estrutura fraterna dentro da qual um Roundhead pudesse se encontrar com um cavaleiro e um católico pudesse se encontrar com um puritano sem medo e sem malícia. Uma vez mais o diário de Ashmole nos deu informações valiosas. A anotação de 17 de junho de 1652 é a seguinte: IIH. A.M. Doutor Wilkins & Senhor Wren vieram visitar-me em Blaclfriaras, essa foi a primeira vez que eu vi o Doutor. O senhor Wren a que ele se refere é o grande arquiteto sir Christopher Wren, que construiu várias importantes igrejas tais como a Catedral de São Paulo após a City de Londres ter sido destruída pelo Grande Incêndio de 1666. Wren deve ter sido Maçom, mas não existe evidência que apóie essa idéia, e muitos afirmam que ele não era. Doutor Wilkins, por outro lado, era sem dúvida alguma um membro da Ordem. À época desse encontro John Wilkins era Guardião do Colégio Wadham de Oxford (Wren era membro do mesmo Colégio, nessa ocasião), mas mais tarde tornou-se bispo de Chester e membro fundador da Sociedade Real. Wilkins era um correligionário dos Parlamentaristas e um puritano de considerável ascendência, sendo marido de Robina, irmã de Oliver Cromwell, de quem já havia sido capelão. Ao tempo em que Ashmole encontrou Wilkins ela já estava em Londres por seis anos e muito havia acontecido. O rei havia reiniciado a guerra com a ajuda dos escoceses, mas havia sido derrotado e levado como prisioneiro para Preston, e finalmente um rei Maçom perdeu a guerra para um Parlamentarista Maçom. A 20 de janeiro de 1649 Carlos I foi levado a julgamento no Westminster Hall de Londres. O rei se recusou a reconhecer a legalidade desta corte e sequer entrou com um pedido de revisão das acusações de ser tirano, assassino e inimigo da nação, e uma semana mais tarde foi sentenciado à morte e publicamente decapitado a 30 de janeiro. Com a monarquia extinta e a Inglaterra sob seu controle, a primeira tarefa de Cromwell foi a sujeição da Irlanda e da Escócia. Os massacres que se seguiram à captura de Drogheda e Wexford foram terríveis e excessivos, resultado de seu ódio fervente tanto contra os irlandeses quanto contra os católicos romanos. O nome de Oliver Cromwell ainda evoca medo e ira na Irlanda, trezentos e cinqüenta anos após esses eventos. A Escócia também foi um foco da ira de Cromwell, e lá ele destruiu castelos de realistas e igrejas católicas sempre que encontrou oportunidade para isso. Como vimos antes, o relicário maçônico de Rosslyn teria que ser conhecido exatamente assim, para que tanto Cromwell quanto o general George Monck permitissem que sobrevivesse intacto a essa guerra. Apesar do talento de Cromwell para a violência, seu maior sucesso foi manter paz e estabilidade relativas e, paradoxalmente, os passos preparatórios para uma estrutura que permitiu uma grande medida de tolerância religiosa. Apesar de não ter nenhum amor por católicos, permitiu que os judeus, que haviam sido expulsos da Inglaterra em 1290, retomassem em 1655 - uma ação nascida de seu conhecimento do ritual maçônico. A vigorosa política externa de Cromwell e as conquistas de seu Exército e Marinha deram à Inglaterra, fora de suas fronteiras um prestígio que não havia tido por mais de meio século. Com a decapitação de Carlos I, o Trono da Inglaterra foi abandonado e o país se tornou a primeira República parlamentarista em um período conhecido como Commonwealth. No ano seguinte o filho do rei morto Carlos desembarcou na Escócia para continuar a guerra: em 1651 ele foi coroado rei desse país e imediatamente invadiu a Inglaterra. O novo regime Parlamentarista estava bem estabelecido e organizado demais para ser ameaçado por esse ataque mal planejado, e Carlos foi duramente derrotado em Worcester, tendo tido sorte o bastante em poder escapulir para a França. Através de todos esses tempos tumultuados, o ex-Guardião das Ordenações para o velho rei viveu sem ser incomodado na Londres de Cromwell, convivendo com alguns dos mais inteligentes e influentes homens de ambas as facções. Ashmole obviamente tinha permissão de níveis bem altos para executar uma missão que transcendia a simples política e, enquanto construía alguma coisa que derivava integralmente da Maçonaria, a transformava em alguma coisa muito nova e muito importante. Ashmole se tornou amigo e se relacionou com astrólogos, matemáticos, médicos e outros indivíduos que estavam avançando em seu conhecimento sobre os mistérios ocultos da Natureza e da Ciência, como requerido pelo 2° Grau da Maçonaria redefinido por Francis Bacon. A palavra havia sido lançada: havia um "Colégio Invisível", uma sociedade de cientistas que não podia ser identificada como um grupo, mas cuja presença era bastante evidente. Cromwell morreu de causas naturais a 3 de setembro de 1658, e foi enterrado na Abadia de Westminster. Seu filho Richard, a quem ele havia nomeado como seu sucessor, foi fraco e não conseguiu manter o poder. O país rapidamente decaiu em anarquia, mas essa queda foi interrompida pelo comandante do exército na Escócia, general George Monck, que marchou sobre Londres com suas tropas em maio de 1660. Ele reconvocou o Parlamento e o fez restaurar a monarquia, colocando Carlos II no trono. O novo rei não levou muito tempo para buscar vingança sobre o homem que lhe havia causado tanta dor. Fez com que o corpo de Cromwell fosse desenterrado e que seus restos apodrecidos fossem enforcados como sendo de um traidor antes que sua cabeça fosse espetada em uma trave no alto do Westminster Hall. A Sociedade Real Emerge O retorno à Monarquia depois da República pode muito bem ter sido bem-vindo por Ashmole em âmbito pessoal, mas também trouxe benefícios ao "Colégio Invisível". Em 1662, o rei Carlos 11 concedeu uma garantia real a esse Colégio, criando a Sociedade Real: a primeira assembléia do mundo onde cientistas e engenheiros se dedicavam a entender as maravilhas criadas pelo "Grande Arquiteto do Universo". As liberdades que eram partes do tecido da Maçonaria haviam a princípio criado uma tenra República e quando esta falhou, deu à luz uma organização que iria fazer avançar as fronteiras do conhecimento humano para criar uma era de iluminação, e assentar as fundações da sociedade industrializada dos séculos XIX e XX. O breve período que a Inglaterra passou sendo República não foi em vão: os monarcas, daí em diante, esqueceram a primitiva noção do direito divino de governar, e mantiveram seu poder a partir da afeição do povo e da autoridade da Casa dos Comuns, que expressava a vontade democrática do povo. Nos anos que se seguiram, esse direito democrático se espalhou para os pobres e eventualmente até mesmo para as mulheres - a visão do homem chamado Jesus levou muito tempo para se realizar. Nesse ponto de nossa pesquisa já não tínhamos mais dúvidas de que a Maçonaria leva a semente Nazoreana e mais particularmente de Jesus, e podemos estar igualmente seguros de que a Sociedade Real germinou na estufa de pensamentos que foi liberada pela definição de Bacon para o 2° Grau da Maçonaria bem antes que pessoas como Ashmole e Wilkins a tudo reorganizassem depois dos traumas da Guerra Civil. John Wallis, o eminente matemático do século XVII, escrevendo suas reminiscências dos primórdios da Sociedade Real, assim diz: Considero sua primeira base e fundação como sendo em Londres, ali pelo ano de 1645, se não antes, quando o doutor Wilkins (então capelão do Príncipe Eleitor do Palatino, em Londres) e outros, encontraram-se semanalmente em um certo dia e hora, sob certas penalidades, e uma contribuição semanal para as despesas com experiências, com certas regras acordadas entre nós. Quando (para impedir desvirtuamentos e por algumas outras razões) barramos todos os discursos sobre divindade, negócios de Estado, e notícias outras que não aquelas concernentes a nossos interesses em Filosofia. Essa descrição dos primeiros encontros dos novos pensadores é inquestionavelmente maçônica. O encontro semanal em hora determinada, as penalidades e a completa abstinência de todos os tópicos de política e religião ainda são marcas típicas de uma Loja de Maçons. Essa indiscrição de Wallis foi corrigida pela hierarquia maçônica da Sociedade Real inicial, que comissionou Spratt a escrever a história oficial da Sociedade Real, não fazendo nenhuma menção a essas regras maçônicas que Wallis tão descuidadamente revelara. Um dos cientistas mais influentes a se envolver com Ashmole foi Robert Hooke, que foi indicado como primeiro Curador de Experimentos da Sociedade Real. Seus prolíficos experimentos, demonstrações e discursos nos quinze anos seguintes foram um forte fator na sobrevivência da Sociedade em período tão inicial. Hooke foi um dos três topógrafos da cidade após o Grande Incêndio de Londres, além de ser um dos primeiros a propor o uso do microscópio para as investigações biológicas, dando partida ao moderno uso em Biologia da palavra «célula". Todos os grandes homens dessa época buscavam filiação à Sociedade Real, e talvez o maior deles todos tenha sido sir Isaac Newton, que havia alcançado várias coisas, inclusive uma fenomenal e detalhada analise da estrutura gravitacional do Universo. Em 1672, Newton foi eleito Membro da Sociedade Real e mais tarde nesse mesmo ano publicou seu primeiro ensaio científico sobre sua nova teoria da Luz e Cor, nas Transações Filosóficas da Sociedade. Um quarto de século após a Sociedade ter recebido sua garantia real, Newton publicou seu Philosophia Naturalis Principia Mathematica (Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural), o Principia, como são universalmente conhecidos. Esse trabalho marcante é, indiscutivelmente, o maior livro científico já escrito. Apesar de virtualmente todos os primeiros membros da Sociedade Real terem sido Maçons, com o correr do tempo a Maçonaria parece ter-se movido para o banco de trás dessa sua nova cria, porque os encontros dessa intelligentzia não precisavam mais nem do segredo nem da proteção da Ordem para superar os obstáculos políticos e religiosos. A nova Sociedade fez uso de grande parte do tempo e energia de Elias Ashmole, Roben Moray (registrado como o primeiro homem a ser iniciado na Maçonaria em solo inglês, em 1614) John Wilkins, Robert Hooke e Christopher Wren, que foi feito presidente em 1681. Fica muito claro a partir desses fatos tão bem documentados que a Maçonaria estabeleceu a Sociedade Real e que o foco do 2° Grau reconstruído já havia servido a seu propósito e movido o mundo para &ente em direção a uma era científica. Durante a presidência de sir Isaac Newton, alguns anos mais tarde, um bem conhecido antigo Maçom francês com o nome de Cavaleiro Ramsay foi feito membro da Sociedade Real, apesar de lhe faltarem quaisquer credenciais científicas. Com a maioria dos melhores intelectos da Maçonaria devotando seu tempo e energia à nova Sociedade, parece que a Ordem em Londres estava sofrendo uma certa dose de esquecimento. A Maçonaria Encontra Seus Próprios Pés No ano de 1717, a Maçonaria na área de Londres estava em sua maré mais baixa: só havia quatro Lojas que se reuniam regularmente: 1. O Ganso e a Grelha, (Goose and Gridiron) no adro da Catedral de São Paulo. 2. A Coroa, (The Crown) em Parker Lane, perto de Drury Lane. 3. A Tavema da Macieira, (TheAppletree Tavern) na rua Charles, em Covent Garden. 4. A Tavema da Taça e das Uvas, (The Rummer and Grapes Tavern) no Channel Row, Westminster. Não pode haver dúvidas de que a Ordem em Londres estava sofrendo a crise da perda de sua identidade tradicional. Por que ainda tinha que existir? A Maçonaria havia subitamente se tornado uma vítima de seu próprio sucesso: havia superado a grande e longa ameaça da Igreja e havia dado a partida para a democracia e um clima de constante pesquisa científica. No resto do país, entretanto, as Lojas maçÔnicas estavam começando a se tornar regulares e cada vez mais populares. Uma Grande Loja, formada em algum momento desconhecido antes de 1705, já vinha se reunindo com regularidade em York, e essa primeira Grande Loja, que era intensamente apoiada por membros da nobreza, reclamava o título de "Grande Loja de Toda a Inglaterra". Alguma coisa precisava ser feita em Londres, e, portanto, as quatro Lojas acima listadas se encontraram na Taverna da Macieira em fevereiro de 1717 e votaram no mais velho dos Maçons presentes para presidir esse encontro. Este Maçom mais velho não parece ter seu nome registrado em nenhum ponto da literatura, mas a reunião certamente decidiu convocar uma assembléia de todas as quatro Lojas na Taverna do Ganso e da Grelha para o dia 24 de junho, com o propósito de eleger um Grão-Mestre que comandasse toda a Ordem. De acordo com essa decisão, no dia da Festa de São João Batista desse mesmo ano a assembléia e banquete foram realizados, e o sr. Anthony Sawyer eleito primeiro Grão-Mestre por um ano. É interessante notar que nesta época eles escolheram um GrãoMestre entre os próprios membros "até que venha o dia em que possamos ter a honra de ter um Irmão Nobre em nosso comando". Isso bem pode ser uma referencia ao fato de que a Maçonaria Escocesa escolhia um Irmão Nobre como Grão-Mestre desde o tempo do Primeira Carta de St Clair de 1601. A Nova Grande Loja Inglesa registrou um grande número de regras: Que o privilegio de reunir-se como Maçons que havia até agora sido ilimitado deva ser investido em certas Lojas ou assembléias de Maçons acertadas para determinados lugares: e que cada Loja dai em diante acertada, exceto as quatro Lojas que nesse momento já existem, devam ser legalmente autorizadas a agir por uma garantia do Grão-Mestre com tempo definido, dada a certos indivíduos após petição, com consentimento e aprovação por comunicação à Grande Loja: e que sem tal garantia nenhuma Loja pode desse momento em diante ser considerada regular ou constitucional. Que todos os privilégios de que coletivamente desfrutam, em virtude de seus direitos imemoriais, continue a ser desfrutado; e que nenhuma lei, ou regra ou regulamentação que seja passada ou feita desse dia em diante pela Grande Loja os prive desses privilégios, ou exceda os limites de qualquer dos marcos da Ordem que nesse momento sejam definidos como sendo o padrão do governo maçônico. A necessidade de fixar as constituições originais como o padrão pelo qual todas as futuras leis dessa Sociedade venham a ser regulamentadas, foi tão bem compreendida por toda a Fraternidade nesse instante que foi estabelecida como cláusula pétrea, em cada instalação, pública e privada, obrigar o Grão-Mestre, e os Veneráveis e Vigilantes de todas as Lojas, a se aplicarem no apoio a essas constituições: às quais também todos são ligados por fortes laços durante a iniciação. Ao formar uma Grande Loja sob o controle de um Grão-Mestre eleito, as quatro Lojas haviam efetivamente criado um sistema de controle da Maçonaria que asseguraria que apenas elas quatro estavam isentas de obedecer às suas ordens, mas que todos os outros Maçons deviam conformar-se com seus editos. Eles podiam declarar uma Loja regular ou fazê-la ser removida da lista de Lojas regulares. Seu direito de fazer isso foi desafiado por outros Maçons, particularmente aqueles de York, que não aceitavam a missão auto-imposta de Londres para assegurar que nenhum novo herege emergisse sem concordar com a heresia regular e aprovada pela Ordem. Tentando formalizar-se como uma instituição regular, a Maçonaria Inglesa já estava começando a perder seu rumo. Não obstante, a nova estrutura conseguiu aglutinar tudo o que havia após um período de lutas internas, e os mais altos escalões da Ordem foram vagarosamente sendo ocupados pela família real, que buscava manter sua influência na mais republicana das organizações do mundo. Esse elo entre a Maçonaria e a família real tem sido, na nossa opinião, a razão mais importante na sobrevivência da monarquia britânica. Organizamos uma lista de Past Grão-Mestres Ingleses, e a gravitação em direção à aristocracia e a família real é fácil de perceber (Apêndice III). Quando esta lista é comparada com o registro dos Past Grão-Mestres Escoceses (Apêndice IV) fica claro que desde seus mais remotos registros a Maçonaria Escocesa sempre esteve intimamente ligada aos Senhores do Reino assim como ao mais humilde de todos os pedreiros: uma tradição ainda hoje orgulhosamente mantida na Escócia. A Ordem logo se espalhou pelo mundo. Foi a influência fundamental da Maçonaria nas Revoluções Americana e Francesa, combinada com a tendência dos Maçons Escoceses de apoiar a causa jacobita, que finalmente fez com que os reis hanoverianos da Inglaterra adotas sem a Ordem como sendo sua própria. Em 1782, quatro anos antes da Declaração de Independência dos Estados Unidos, o duque de Clarence, irmão de Jorge II, tornou-se Grão-Mestre. No ano da Revolução Francesa, 1789, o príncipe de Gales e seus dois irmãos foram iniciados na Ordem, e dentro de um ano o príncipe de Gales já era GrãoMestre, recebendo pleitos de lealdade de Maçons em todo o mundo (inclusive George Washington, nesse tempo Venerável da Loja Alexandria, n° 22 no rol da Grande Loja de Nova York) assim como de muitas Lojas francesas. Por esse meio, os reis hanoverianos usaram o sistema maçônico para oferecer uma razão democrática para manter a lealdade de seus súditos Maçons. A Maçonaria na Inglaterra estava no caminho para tornar-se o clube de jantares sociais que é hoje em dia, e começando a perder a visão de sua herança longínqua. Seus verdadeiros segredos estavam efetivamente ficando a cada dia mais perdidos. A Maçonaria se Difunde Logo após a formação da Grande Loja de Londres, o segundo GrãoMestre, George Payne, começou a colecionar vários manuscritos sobre os assuntos da Maçonaria, inclusive cópias das Ancient Charges. Em 1729 foi decidido que se publicaria o Livro das Constituições, e desse momento se diz que um grande número de manuscritos valiosos "foi queimado rápido demais por alguns irmãos muito escrupulosos para que não caíssem nas mãos dos elementos de oposição que a Ordem conhece como os "modernos". Declara-se inclusive que o original da cópia que Inigo Jones fez das Ancient Charges foi perdida dessa maneira. No mesmo ano houve concordância de que no futuro o Grão-Mestre deveria ser nomeado antes da reunião anual e que cada Grão-Mestre quando instalado teria o poder exclusivo de nomear seus Deputados e Vigilantes. Em 1724 o Grão-Mestre, que nesse momento era o duque de Richmond, organizou o primeiro Comitê de Caridade para prover um fundo geral de alívio aos Maçons em dificuldades: isso já havia sido sugerido por seu predecessor, o duque de Buccleuch. Isso parece ser o primeiro registro de uma organização de caridade maçônica, esta alternativa tão importante na Maçonaria moderna. Em janeiro de 1723, após apenas nove meses no cargo, o duque de Montagu renunciou ao cargo de Grão-Mestre em favor do duque de Wharton, que tinha tanta vontade de ser Grão-Mestre que até tinha tentado ser eleito como tal em uma reunião irregular de Maçons. Daí em diante a sucessão de pares do reino já havia sido estabelecida e continuaria inabalável. Os homens comuns como os que haviam sido Grão-Mestres no inicio nunca mais alcançaram esse cargo, nem na verdade a posição de Grão-Mestre Adjunto: nobres de lugares inferiores tomaram esses papéis, se encarregando do trabalho administrativo do Grão-Mestrado. A crescente organização começou a necessitar de centros secundários de administração, e em 1727 o Escritório do Grão-Mestre Provincial foi instituído como forma de dar assistência ao governo de uma Ordem grandemente aumentada e geograficamente muito extensa. A 10 de maio de 1727 Hugh Warburton foi instalado como o primeiro Grão-Mestre provincial, sua província sendo Gales do Norte, e a 24 de junho de 1727, sir Edward Mansell-Bart foi instalado como Grão-Mestre Provincial de Gales do Sul. Também em 1727, a primeira carta constitutiva para uma Loja ultramarina foi expedida pela Grande Loja de Londres para Gibraltar, seguida de perto pela permissão para que se abrisse uma Loja na rua São Bernardo, em Madrid. A Maçonaria estava se espalhando como fogo em capim seco, e em 1728, Grande Loja de Londres começou a se estabelecer no futuro Império Britânico, com o cargo de Deputado dado a George Pomfret para que estabelecesse uma Loja em Bengala. O escopo do controle provincial da Ordem aumentou com a indicação dos Grão-Mestres Provinciais da Saxônia, de Nova Jersey na América e de Bengala. Em 1730 o primeiro príncipe de sangue real foi iniciado: Francisco, duque de Lorena, Grão-Duque da Toscana, que mais tarde se tornou Imperador da Alemanha, foi iniciado pelo conde de Chesterfield em uma Loja especial arranjada no Hague: o duque recebeu os dois primeiros Graus da Maçonaria, e foi mais tarde exaltado ao 3° Grau na casa de sir Robert Walpole em mais uma Loja presidida pelo conde de Chesterfield. No mesmo ano o alcance da Maçonaria no estrangeiro foi ainda mais ampliado com a indicação de Deputados para formar Lojas na Rússia, na Espanha, em Paris e em Flandres. A Ordem nesse momento já estava rapidamente se tornando um clube de jantares cheio de estilo para a nobreza, e em 1730 foi realizada a primeira reunião campestre da jurisdição de Londres, em Hampstead a 24 de junho, para a qual cartas-convite foram enviadas para vários membros da nobreza. Em 1733 já havia cinqüenta e três Lojas representadas na Comunicação Anual da Grande Loja, portanto, o território de poder e influência na Grande Loja de Londres estava crescendo. Nessa reunião de 1733, vários regulamentos novos foram confirmados, tratando das operações do Comitê de Caridade, inclusive direito de ouvir as próprias reclamações antes que qualquer um deles fosse levado à Grande Loja. Na mesma reunião uma coleta foi feita para ser distribuída aos Maçons em dificuldades, e encorajá-los a fundar uma nova colônia na Georgia. Durante o ano, vários Deputados foram indicados para abrirem Lojas em Hamburgo e na Holanda. Em 1738 James Anderson (então Grande Secretário) publicou um revisadíssimo Livro das Constituições. É esse trabalho sobre a história da Ordem que fez com que certos autores a ele atribuíssem a criação da Maçonaria Simbólica. Nessa época os regulamentos foram introduzidos para conseguir que, se uma Loja deixasse de se reunir por mais de doze meses, fosse apagada das listas e perdesse a sua antiguidade. Também se fixou nessa época que todos os futuros Grão-Mestres seriam eleitos pela Grande Loja de Diáconos, para encorajar os cavalheiros a ocupar esse cargo, enquanto se passavam resoluções sobre o que era descrito como sendo "Convenções ilegais" de Maçons. Isso removeu o direito democrático dos Irmãos de eleger quem eles achassem mais aptos a liderá- los. O território da Grande Loja de York foi encampado pelas garantias dadas às Lojas do Lancashire, Durham e Northumberland, que como se sabe causaram a interrupção de todas as relações de amizade entre as duas Grandes Lojas. Por esse tempo já haviam sido expedidas garantias para organizar Lojas em Aubigny, em França, Lisboa, Savanah, na Georgia, na América do Sul. Gambay e Oeste da África. Grão-Mestres Provinciais haviam sido indicados para a Nova Inglaterra, Carolina do Sul e Cape Coast Castle na África. Durante o ano de 1737 o dr. Desaguliers (past Grão-Mestre de 1719) iniciou Frederico, príncipe de Gales, em uma Loja especial arranjada para esse propósito em Kew mais tarde no mesmo ano, elevando-o ao 2° Grau e então o exaltando ao sublime Grau de Mestre Maçom. Na comunicação da Grande Loja, sessenta Lojas estavam representadas e foram indicados Grão-Mestres Provinciais para Montserrat, Genebra, a Costa da África, Nova York e as Ilhas da América. Em 1738 mais duas Províncias viram a Luz: a das Ilhas do Caribe e a província de Yorkshire, West Riding, que foi considerada como mais um encampamento dos direitos da Grande Loja de York. Isso aumentou em muito a brecha já existente entre as duas Grandes Lojas e resultou em um total rompimento de relações. A 15 de agosto de 1738 a Grande Loja da Escócia teve uma importante vitória na disputa por antiguidade entre as Grandes Lojas, ao iniciar Frederico, o Grande, da Prússia em uma Loja reunida em Brunswick com esse propósito. Frederico a partir disso organizou uma Grande Loja em Berlim sob a Constituição Escocesa. O Desenvolvimento da Maçonaria na América. Já havíamos alcançado a história registrada da Ordem e de alguma forma a busca estava completa, mas ainda tínhamos uma curiosidade fora do comum sobre o destino em longo prazo da terra da estrela chamada Mérica. Para completar nosso quadro decidimos olhar sem muito aprofundamento para o desenvolvimento dos Estados Unidos da América. Não é segredo que a Maçonaria foi uma grande força por trás da Revolução Americana e da fundação da República dos Estados Unidos da América. A demonstração contra os impostos britânicos conhecida como ''A Festa do Chá de Boston" foi organizada em 1773 pelos membros da Loja St Andrews, que tinha entre seus membros indivíduos famosos como Samuel Adams e Paul Revere. A Loja, que se reunia na Taverna do Dragão Verde (Green Dragon Tavern) em Boston, não foi a organizadora da "Festa do Chá", mas seus membros fundaram um clube chamado Causus Pro Bono Publico, do qual Joseph Warren, o Venerável da Loja - e que mais tarde se tornou Grão-Mestre de Massachusetts - era uma das grandes forças. De Henry Purkett se declarava estar presente à "Festa do Chá" como espectador, e em desobediência ao Venerável Mestre da Loja St Andrews, que estava ativamente presente. Os homens que criaram os Estados Unidos da América ou eram eles mesmos ativos Maçons ou estavam em contato constante com os Maçons. Eles usavam os pensamentos que haviam se desenvolvido na Inglaterra durante o século anterior como blocos para a construção de sua própria Constituição. Eles não sabiam, mas com sua devoção aos princípios maçônicos de Justiça, Verdade e Igualdade para seu novo país, estavam fazendo uma tentativa de construir uma terra que seria guiada por Ma'at redescoberta: um Estado moderno que fosse o herdeiro genuíno da grandeza do Antigo Egito. De várias maneiras os arquitetos dos Estados Unidos alcançaram esse objetivo: mas na grande maioria delas eles, até agora, falharam. Foi necessária uma terrível Guerra Civil para que se acabasse a escravidão da população negra sulista, e ainda hoje em muitos estados, a palavra "igualdade" ainda é uma aspiração das pessoas racionais e uma irrelevância para as irracionais. Como a própria Maçonaria, os Estados Unidos são um ideal imperfeito que merece ser vitorioso, mas falha exatamente por ser formado por meros mortais. Dos homens que assinaram a Declaração de Independência em 4 de julho de 1778, os seguintes eram Maçons: William Hooper, Benjamin Franklin, Matthew Thornton, William Whipple, John Hancock, Philip Livingston e Thomas Nelson. Dizia-se à época que com apenas quatro homens da assembléia fora da sala, se poderia ter realizado um trabalho de Loja maçônica no 3°Grau! Poderiam também terem sido abertas as portas para muitos líderes do exército: Maçons ativos entre eles incluíam homens como Greene, Marion, Sullivan, Rufus, Putnam, Edwards,Jackson, Gist, barão Steuben, barão de Kalb, o marquês de Lafayette e o próprio George Washington. Quando Washington foi empossado como primeiro Presidente da República a 30 de abril de 1789, foi pelas mãos do Grão-Mestre de Nova York que ele prestou seu juramento sobre uma Bíblia maçônica, que normalmente era usada como Livro da Lei Sagrada na Loja St John, n° 1, filiada à Grande Loja de Nova York. Ele havia sido Maçom por toda a sua vida adulta, tendo sido iniciado na Loja maçônica de Fredericksburg cinco meses antes de seu vigésimo primeiro aniversário na sexta-feira 4 de novembro de 1752. Como sua Loja Mãe se reunia na primeira sexta-feira do mês, ele foi elevado ao 2° Grau a 3 de março de 1753, e exaltado ao "sublime grau" de Mestre Maçom a 4 de agosto de 1753 na mesma Loja. Ao tempo de sua iniciação ele havia apenas completado a supervisão das propriedades do lorde Fairfax na Virgínia, cujo antepassado havia apresentado Oliver Cromwell à Maçonaria. A família Fairfax era toda de Maçons ativos na Grande Loja de York e seu irmão mais velho, Lawrence, com quem George estava morando nessa ocasião, havia sido educado na Inglaterra e estava casado com uma sobrinha de lorde Fairfax. A Loja que Washington freqüentava provavelmente seguia um ''Rito de York" ad hoc em vez de um "Rito Escocês", mas seis anos após sua iniciação, em 1758, a Loja de Fredericksburg recebeu um Documento da Grande Loja de Escócia que formalizou sua posição. Quando Washington foi empossado como primeiro Presidente dos Estados Unidos da América ele já era membro da Ordem há quase trinta e seis anos, e era membro da Loja Alexandria, n° 22. Procurando em velhos manuscritos encontramos um registro contemporâneo do discurso de George Washington logo após ter sido presenteado com um Livro das Constituições assinado pelos Maçons de Boston a 27 de dezembro de 1792. Pela data do presente podemos notar que é o seu quadragésimo aniversário como membro da Ordem. Mostrá-lo-emos a seguir na forma como foi encontrado: POR MAIS ELOGIOSO que possa ser à mente humana, e verdadeiramente honroso como é, receber de nossos cidadãos-companheiros testemunhos de aprovação por nossos esforços de promover o bem-estar público: não é mesmo agradável saber que as suaves virtudes do coração são altamente respeitadas por uma Sociedade cujos princípios liberais estão fundamentados nas imutáveis leis da verdade e da Justiça. Ampliar a esfera da felicidade social é digno - como desejo benevolente - de uma Instituição maçônica: e é mais fervorosamente ainda desejado que a conduta de cada membro dessa fraternidade assim como as publicações que revelam os princípios pelos quais que eles atuam, podem tender a convencer a humanidade de que o grande objetivo da Maçonaria é promover a felicidade da raça humana. Ao rogar pela aceitação de meus agradecimentos pelo Livro das Constituições que me foi enviado, e pela honra que nele me deram com a dedicatória, peço que também me permitam assegurar a todos que sinto todas essas emoções da gratidão que vossos afetUosos discursos e cordiais desejos foram calculados para inspirar: e eu sinceramente oro para que o Grande Arquiteto do Universo possa abençoar-vos aqui, e receber-vos no além em seu templo imortal. Foi também em 1792 que Washington lançou a pedra-fundamental da Casa Branca - a 13 de outubro, o aniversário da crucificação de Molay! Nesse ano o dólar foi adotado como a unidade de moeda corrente para os Estados Unidos da América. O símbolo do dólar é um "S" cortado verticalmente por duas traves, apesar de que, ao ser impresso, hoje em dia apareça com apenas uma linha vertical: $. Esse sinal foi emprestado de uma velha moeda espanhola, mas as duas linhas verticais eram os pilares de tsedeq e mishpat, mais conhecidos pelos fundadores dos Estados Unidos como Booz e Jachin, os pilares do pórtico do Templo do rei Salomão. Hoje a nota de um dólar apresenta a imagem de uma pirâmide com um olho inserido em seu topo, que é a mais antiga das imagens de uso diário, porque veio até nós desde antes do tempo de Seqenenre Tao, escapando ao expurgo dos motivos egípcios da cerimônia da feitura de reis, por causa do profeta Ezequiel durante o cativeiro babilônio dos judeus. Representa Deus (na forma de Amon-Rá) como um olho sempre presente, lançando Seu olhar sobre Seu povo para julgar cada ação que fazem na vida, para que recebam seus justos merecimentos na morte. A base integral de Ma'at é uma medida da bondade feita em vida assim como vista por Deus. No anverso da nota de um dólar está o Irmão George Washington e, na nota de dois dólares que foi retirada de circulação, está outro Maçom famoso - Benjamin Franklin. A 18 de setembro de 1793, George Washington assentou a pedra-angular do edifício do Capitólio em Washington, e junto com seus companheiros estavam todos vestidos em traje maçônico completo com todos os paramentos. Os Estados Unidos da América ainda são um país muito jovem, para fazer frente à longevidade do Egito terá que manter seu status de poder até pelo menos 4500 d.C., e para alcançar o primeiro grande ápice desse país ainda lhe faltam uns quatrocentos anos. Mas suspeitamos que a experiência maçônica que encontrou seu lar na terra cosmopolita do outro lado do oceano a oeste há de encontrar uma conclusão bem mais grandiosa, por ser apenas mais uma das pedras pisadas em uma jornada que se iniciou no sul do Iraque há pelo menos seis mil anos atrás.

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