terça-feira, 21 de março de 2017

CAPÍTULO DOZE " Um homem que Transformava Água em vinho A Corrida contra o Tempo



Estávamos entrando na área mais sensível de nossa investigação do passado, por isso decidimos sentar e analisar cuidadosamente o que estávamos por fazer. Parecia certo que nossas conclusões seriam controversas, para dizer o mínimo, e sentíamos que seria mais importante que nunca fundamentar tudo aquilo que diríamos. Os cristãos conhecem um Jesus enormemente diferente daquele que estava emergindo de nossas pesquisas e sabíamos que o contraste seria perturbador para muitos. No entanto, nossa responsabilidade principal é para com a verdade, e após longas discussões decidimos contar tudo o que encontrássemos da maneira mais clara possível. Na verdade, o que descobrimos revela um personagem que era imensamente poderoso e particularmente impressionante. A primeira coisa que nos surpreendeu sobre Jesus foi que todo o seu ministério não durou mais que um ano, desde a morte de João, o Batista, até a sua própria crucificação. Ficou muito claro, a partir de todas as evidências disponíveis, que até esse curto período esteve repleto de amargor e lutas políticas internas, particularmente entre Jesus e Tiago. Tudo aponta para a mesma realidade: Jesus, ou Yahoshua Ben Joseph, como ele era conhecido por seus contemporâneos, era um homem profundamente impopular, tanto em Jerusalém quanto em Qumran. Seu projeto era muito mais radical que sua família e outros Qumranianos pudessem compreender. Como passaremos a mostrar, todas as evidencias sugerem que a maioria das pessoas apoiava Tiago, inclusive Maria e José. Enquanto João, o Batista, esteve vivo é provável que Jesus observasse as mesmas regras sectárias que ele, mas com a perda do messias sacerdotal, a estratégia de Jesus se radicalizou97. Ele decidiu que era melhor quebrar a lei pelo bem da nação. Jesus acreditava que o momento da batalha final com os romanos e seus sucessores estava próximo, e ele acreditava ter a melhor chance de vencer esta guerra por Yahweh. Os Qumranianos ficaram felizes por Jesus ser o pilar esquerdo de Mishpat, tornando-o o messias real, ou futuro rei dos judeus, mas não podiam aceitá-lo também como o pilar da direita. A Bíblia diz que Jesus se sentará à mão direita do Pai, o que significa que ele é o pilar da esquerda, porque quando se olha para Deus olhando para o Oeste através da porta do templo, Deus está olhando para fora, em direção ao Oriente com o pilar de Mishpat à Sua direita. As circunstâncias nos sugerem fortemente que Tiago, o Justo, deve ter dito a seu irmão que ele não era considerado santo o bastante para tornar-se ambos os pilares, mas Jesus ignorou seus comentários e se anunciou como sendo as duas conexões terrenas da santa trindade que tinha Deus como seu ápice. Enquanto a idéia desses três pontos de poder se fixava em nossas mentes não podíamos deixar de cogitar se esta não fora a fonte da Trindade Católica que tem Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Sempre achamos curioso o conceito de um Espírito Santo (em inglês Holy Ghost, Fantasma Santo) muito difícil de entender já que não parece fazer nenhum sentido. Nenhum de nossos amigos cristãos foi capaz de nos explicar o que significava essa curiosa designação. Se a primitiva Igreja Romana tivesse da Igreja de Jerusalém assimilado a importância de uma trindade divina, é perfeitamente possível que a tenham traduzido mal. Jesus Cristo clamava ser ambos os lados (pilares terrenos) desse triângulo e nós podíamos ver como a confusão se iniciara. Como vimos antes, Jesus tinha um projeto militar. Isso não se coaduna bem com as imagens tradicionais dele, mas G. W Buchanan observou que Jesus era um guerreiro e concluiu que não seria possível para um historiador objetivo abrir mão de todas as implicações militares dos ensinamentos de e sobre Jesus. Era papel de Jesus liderar a guerra e tornar-se o novo rei. O prof. Eisenman disse, sobre os Manuscritos do Mar Morto: O tipo de coisa sobre a qual estamos falando em nossa nova visão dos Manuscritos do Mar Morto é a de um movimento messiânico na Palestina que é multo mais agressivo, muito mais apocalíptico, muito mais militante e muito mais orientado para este mundo - um tipo de exército de Deus em acampamentos ao logo do Mar Vermelho, ou então um grupo preparando-se no deserto para a guerra apocalíptica final contra todo o Mal sobre a terra. Como um homem profundamente inteligente Jesus sabia de início que o tempo não estava a seu lado: ele precisava acelerar o "fim dos dias" e se proteger dos poderosos inimigos que já haviam derrubado um dos pilares. A primeira coisa que ele fez foi escolher alguns guarda-costas pessoais para que o protegessem, depois seguiu uma política de estar sempre em movimento, com apenas breves paradas em lugares indeterminados. Seus cinco principais "protetores" eram: Tiago e João, a quem ele chamava de "filhos do trovão", dois Simões, um chamado "o zelote" e o outro chamado de "o terrorista" (barjona), e com Judas como seu ''homem da faca" (sicário). Não havia pacificadores - em Lucas 22:35- 38 é dito que eles informam a Jesus que já possuem duas espadas, depois que ele os exorta a vender suas roupas para comprar armas. E ele lhes disse: "Quando vos enviei sem bolsa, nem alforje, nem sandálias, faltou-vos alguma coisa?". E eles disseram: "Nada". Ele então disse a ele: 'Agora, porém, aquele que tem uma bolsa tome-a, assim como aquele que tem um alforje: e quem não tiver uma espada venda a veste para comprar uma. Pois eu vos digo, é preciso que se cumpra em mim o que está escrito: 'Ele foi contado entre os transgressores'. Pois também o que me diz respeito tem um fim". Disseram eles: "Senhor, eis aqui duas espadas". E ele respondeu: "É o suficiente!" As exigências mais importantes para o sucesso do plano de Jesus eram mais seguidores e mais fundos. Se ele tivesse que algum dia sentar-se ao Trono de Jerusalém, ambas teriam que ser concretizadas rapidamente. O sacerdócio de Jerusalém já era rico, vendendo ingresso na religião judaica aos gentios que circulavam pelo Império Romano, dando-lhes uma pedra do rio Jordão em troca de grandes quantidades de dinheiro, e ele tinha que desalojar essas pessoas. Sua idéia inicial foi genial, mas causou pânico e ultraje na Comunidade de Qumran. Ele começou por toda parte a elevar pessoas comuns ao status de iniciado Qumrariiano de primeiro ano: e pior ainda, ele unilateralmente "deu a "ressurreição" a muitos de seus seguidores, elevando-os ao nível mais alto, concedendo-lhes os segredos de Moisés. O Novo Testamento indica que Jesus tinha uma elite com quem partilhava segredos especiais. Desde quase o início do ministério de Jesus parece ter havido um círculo interno e seguidores mais chegados com os quais ele partilhava segredos especiais. Alguns observadores detectaram três níveis adicionais: o primeiro time, um grupo formado por seguidores menos íntimos que incluía a família e os conhecidos mais próximos (aos quais o segredo não havia sido revelado) e os indiferentes ou hostis que formavam o mundo exterior. Havia claramente um mistério secreto exclusivo de uns poucos selecionados entre os seguidores e Jesus, mas até hoje ninguém foi capaz de explicar que segredo teria sido esse. Nós tínhamos certeza de que sabíamos a resposta, mas tínhamos que nos manter objetivos e não tentar forçar a nossa solução aos fatos. Felizmente não tivemos que fazer isso, porque os Evangelhos o fizeram por nós. O primeiro milagre de Jesus foi a transformação da água em vinho nas Bodas de Caná. Observando essa história no contexto de tudo o que já havíamos descoberto, estávamos certos de que não havia sido uma mera exibição de poder mágico. Essa foi a primeira tentativa de recrutamento feita por Jesus fora de sua Comunidade, no que deve ter sido um agrupamento razoável de pessoas. Descobrimos que a expressão "transformar a água em vinho" era de uso comum, com o mesmo valor metafórico com a qual ela ainda é usada hoje em dia. Nesse contexto, ela realmente se referia a Jesus usando o batismo para transformar grandes grupos de pessoas comuns em seres humanos aptos a ingressar no "Reino dos Céus", como preparação para o "final dos tempos". Na terminologia Qumraniana, os não-instruídos eram "água" e os treinados e refinados eram "vinho". Tomando a frase literalmente, como alguns cristãos menos informados fazem, é perder o sentido real da expressão. A idéia de que Jesus andava por toda parte revivendo uns poucos seletos de sua morte recente, em uma terra em que centenas morriam diariamente, é outra literalização de alguma coisa bem mais terra-aterra. O método pelo qual uma pessoa se tornava membro do círculo interno de Qumran era, como sabemos, a cerimônia que havia chegado até eles desde 1500 anos antes, à época do assassinato de Seqenenre em Tebas, e que havia surgido da cerimônia da feitura de reis do Antigo Egito e que tiveram seu início no quarto milênio a.c. Nós nos sentiamos muito confortáveis com o conceito de iniciados serem conhecidos como "os vivos" e todos os não-iniciados serem conhecidos como "os mortos". A Comunidade de Qumran acreditava religiosamente que a "vida" só podia acontecer dentro da Comunidade e de acordo com alguns judeus, ela só podia ocorrer no território da Palestina se ele estivesse livre do jugo romano. Descobrimos que era uma prática comum desse tempo para uma seita judaica qualquer considerar os membros de todas as outras como religiosamente "mortos". Essa preocupação com uma ressurreição em vida já havia surgido em nossos estudos dos Evangelhos Gnósticos, portanto, a idéia dos não-ressurrectos serem chamados de "os mortos" não era uma coisa tão estranha assim. Nossas descobertas até esse momento nos diziam que os Qumranianos usavam a ressurreição simulada como meio de admissão ao "terceiro grau" da seita e já foi indiscutivelmente estabelecido a partir dos Manuscritos do Mar Morto que eles encaravam os que estavam fora de sua ordem como Mortos, portanto, estava ficando cada vez mais claro no Novo Testamento que Jesus pode ser visto como usando as mesmas técnicas. Quando ele transformava alguém em membro comum a esse culto lateral à seita Qumraniana, ele transformava "água em vinho", e quando ele elevava um desses candidatos ao círculo interno, ele era "erguido dos mortos". Essa estrutura em dois níveis foi registrada por vários cristãos primitivos, que diziam que Jesus oferecia ensinamentos simples para "muitos" mas só dava seu ensinamento secreto a "poucos". Clemente de Alexandria menciona essa tradição secreta em uma carta, como discutimos antes. Valentim, um mestre cristão do meio do século II, também registrou que Jesus partilhava com seus discípulos "certos mistérios que ele mantinha em segredo dos que estavam fora do grupo". Isso é confirmado no Novo Testamento por Marcos 4:11: E de lhes disse: ''A vós foi dado o mistério do reino de Deus, aos de fora, porém. Tudo acontece exclusivamente em parábolas". A iniciação por ressurreição que trazia pessoas de volta dos "mortos" era chamada de "elevação" ou "soerguimento", e era reversível para aqueles que quebravam as regras da seita, o que era, logicamente, conhecido como "enterro" ou "queda". Um exemplo clássico desse processo foi encontrado no Novo Testamento na história de Ananias e Safira, que foram membros da seita nos tempos de crise logo após a crucificação. Tiago ordenou que a maior quantidade de dinheiro possível fosse levantada para organizar a defesa da seita, e cada membro do círculo interno teve ordem de vender qualquer terreno ou propriedade que tivesse e entregar o fruto dessa venda ao fundo comunitário. Quando se descobriu que Ananias e sua mulher Safira haviam feito sua venda, mas guardado uma parte do dinheiro para si próprios, foram trazidos um de cada vez ante Pedro, que decidiu fazer desse casal um exemplo que dissuadisse outros de pensamento similares. A história vem contada em Atos 5:1-11: Entretanto certo homem chamado Ananias, com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade. Mas com a conivência da esposa reteve parte do preço. Levando depois uma parte, depositou-a aos pés dos Apóstolos. Disse-lhe então Pedro: ''Ananias, por que encheu Satã teu coração para mentir ao Espírito Santo, retendo parte do preço do terreno? Porventura mantendo-o não permaneceria teu e, vendido, não continuaria em teu poder? Por que, pois, concebeste em teu coração este projeto? Não foi a homens que mentiste, mas sim a Deus". Ao ouvir estas palavras, Ananias caiu e expirou. E um grande temor sobreveio a todos que disto ouviram falar. Os jovens, acorrendo, envolveram o corpo e o retiraram, dando-lhe sepultura. Passou-se um intervalo de cerca de três horas. Sua esposa, nada sabendo do que sucedera, entrou. Pedro interpelou-a: "Dize-me, foi por tal preço que vendestes o terreno?". E ela respondeu: "Sim, por tal preço". Retrucou-lhe Pedro: "Por que vos pusestes de acordo para tentardes o Espírito do Senhor? Eis à porta os pés dos que sepultaram teu marido. Eles levarão também a ti". No mesmo instante ela caiu a seus pés e expirou. Os jovens que entravam de volta, encontraram-na morta: levaram-na e a enterraram junto com seu marido. Sobreveio então grande temor à Igreja inteira e a todos que tiveram notícia desses fatos. Para aqueles que lêem a Bíblia sem a compreensão da terminologia do período, parece que um deus irritadiço assassinou um marido e uma mulher usando poderes sobrenaturais, porque não haviam apoiado com suficiente fervor a Seu grupo de escolhidos. Isso mostra um deus tão parcial e violento quanto Yahweh fora em seus primeiros dias de existência, e que é bastante diferente do Deus de Amor e Perdão que Jesus aparentemente divulgava. No entanto, uma vez conhecidos os procedimentos da Comunidade de Qumran podemos ver o fato exatamente como se deu: uma audiência disciplinar que resulta na expulsão de dois de seus membros, ou seja, seu retorno ao seio dos "mortos". O termo "jovens" usado nesta passagem não é uma referência desnecessária à idade desses acólitos, mas simplesmente a descrição Qumraniana normal aplicada a seus "noviços" - o oposto de "anciãos". Ser jogado no meio dos "mortos" em momento tão crucial era uma punição terrível para aqueles que acreditavam que o "Reino de Deus" estava apenas a alguns dias de distância: eles haviam perdido sua passagem para a nova ordem que estava por surgir em Israel. Algumas vezes as pessoas experimentavam "morte temporária", sendo expulsas do círculo interno e depois readmitidas. Um exemplo disso foi Lázaro, que perdeu a coragem, quando as coisas começaram a ficar difíceis nos momentos finais da vida de Jesus. Ele explicou a suas irmãs Maria e Marta que tinha medo e teria que deixar o círculo interno. Quatro dias depois Jesus chega à sua casa e Maria diz a Jesus que Lázaro não se teria tornado um "morto" se Jesus lá estivesse para falar com ele. Jesus então vai em busca de Lázaro e o persuade a ser corajoso e retomar ao meio dos "vivos". A ressurreição de Lázaro sempre nos foi mostrada como um dos mais fantásticos milagres de Jesus registrado nos Evangelhos, mas agora que efetivamente compreendemos a terminologia usada pelos judeus do século I, podemos seguramente deixar de lado a desnecessária interpretação necromântica. Esse tipo de expressão "vivos e mortos", acima de qualquer dúvida, mostra ter sido a terminologia usada no tempo de Jesus e aqueles que insistem em tomá-la literalmente não apenas negam todas as evidências mas também prestam um grande desserviço a um brilhante e singular mestre. A idéia de um corpo em decomposição sendo trazido de volta à vida teria sido um conceito desagradabilíssimo para os judeus da época, e para os cristão de hoje pensar que houve um tempo em que tais coisas eram comentadas de maneira tão natural é tão tolo quanto acreditar que tapetes mágicos um dia foram realmente os meios de transporte em Bagdá. As pessoas que são de modo geral pragmáticas parecem prontas a acreditar que o ridículo pudesse acontecer no passado remoto em alguma "era de ouro" perdida. A realidade é que Jesus não era suave nem bonzinho, nem distribuía o amor e a bondade onde quer que fosse: pelos padrões de hoje ele seria considerado extremamente rígido consigo mesmo e com seus seguidores, seu círculo interno, fazendo-os cortar todos os seus laços familiares como ele mesmo já o havia feito. Um exemplo disso está em Mateus 8: 21-22, um versículo que sempre pareceu estranho e desafiou as explicações da Igreja: Outro de seus discípulos lhe disse: - Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai. Mas Jesus lhe respondeu: - Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos. Tentar encontrar sentido literal nessa alocução é mais difícil que "transformar a água em vinho", mas está claro que Jesus quis dizer: - Deixa que os do mundo exterior (os "mortos'') cuidem de si próprios porque temos negócios mais urgentes para resolver dentro da Comunidade. Se algum leitor pensar que estamos super-valorizando esse aspecto dos ensinamentos de Jesus, deveria ler Lucas 14:26, em que ele efetivamente exige de seus seguidores que "odeiem" suas famílias. A Bíblia traz um grande número de referências a uma relação rompida entre Jesus e sua mãe e irmãos, nenhuma mais clara que essa em Mateus 12:46-50: Estando ainda a falar às multidões, sua mãe e seus irmãos estavam fora, procurando falar-lhe. Jesus respondeu àquele que o avisou: - Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E apontando para os discípulos com a mão, disse: - Aqui estão minha mãe e meus irmãos, porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, irmã e mãe. Isso mostra que Jesus não tinha tempo para os membros de sua família, mas também que eles poderiam ter estado tentando fazer as pazes com ele após o conflito que ele unilateralmente criara com os papéis de messias "sacerdotal" e "real". É certo que em algum ponto antes da crucificação, Tiago, o irmão de Jesus que como ele competia pelo papel de messias "sacerdotal", havia enxergado a sabedoria das ações de seu irmão e se tornado preparado para aceitar seus novos ensinamentos. Jesus era conhecido como Yahoshua Ben Joseph, significando, "o salvador filho de José", mas no Novo Testamento não existe nenhuma menção de Jesus a seu próprio pai. Isso não nos surpreende já que ele havia dito a seus discípulos que não chamassem de pai a nenhum homem que vivesse sobre a terra (Mateus 23:9). Dos discípulos se exigia que rejeitassem suas famílias e vivessem como se elas nunca tivessem existido, para que toda a sua lealdade pudesse estar focada dentro do grupo. Na Oração do Pai Nosso, Jesus ensina aos apóstolos a se referirem a Deus como "nosso pai", em uma substituição completa desse parente genético. É fácil compreender nesse ponto como os gentios e helenizados cristãos, ao ouvir isso, compreenderam equivocadamente a mente judaica e a tomaram literalmente, crendo que Jesus era de alguma maneira física "o Filho de Deus", apesar dele próprio se chamar como" Filho do Homem", um título que nessa época comumente se aplicava a um possível messias. Essa descrição de Deus como Pai e de si próprio como seu filho mais velho faz todo o sentido, porque como o homem que se tornaria o novo rei davídico dos judeus, ele seria apenas o regente terreno de Yahweh, que sempre seria o Supremo Governante desse Estado teocrático. O Pai Nosso é rezado assim: Pai Nosso que estais nos Céus, Santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoainos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nosso devedores. Não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal. Pois teus são o Reino, o Poder e a Glória., para todo o sempre, amém. Isso pode ser traduzido a partir do entendimento que agora temos da terminologia e das intenções de Jesus e de seu grupo de dissidentes como se segue: Yahweh, grande é Teu nome. Israel se tornará Teu Reino. As exigência da vida santificada pelas quais Tu nos aceitas serão instituídas em Israel Sustenta-nos agora até que Teu Reino tenha esteja em seu lugar. Perdoa-nos se não conseguirmos cumprir todas as Tuas Santas exigências, assim como perdoaremos a todos aqueles que falharem conosco. E não faz com que a vida seja dura demais para testar nossa decisão, mas ajuda-nos a evitar os erros na realização de Tuas Santas tarefas. Israel é Teu, e são Teus o Poder, o Comando sobre nós e o Esplendor, para sempre. Que assim seja. É importante compreender que a palavra "tentação" tinha uma conotação bastante diferente da maneira como é usada hoje em dia. Na verdade ela significava "teste" no sentido da pressão sendo aumentada para poqer saber quanta punição uma pessoa poderia suportar, mais do que o sentido moderno de resistir aos prazeres. Disso é possível ver o quanto é estranho para os não-judeus usar essa prece totalmente israelita para seus próprios objetivos gentios. Ela nunca foi mais do que um pedido feito a um deus judeu para criar autodeterminação em Israel, já que Jesus não tinha nenhum interesse em nada nem ninguém fora de seu pequeno reino. Outros termos que ele usava, como "irmãos" e "vizinhos" também se referiam apenas àqueles dentro da Comunidade, não no mundo inteiro. O Pai Nosso re-explicado que apresentamos é uma tradução de significado, mais do que das palavras que o formam, como faz a Bíblia. O fato de que as palavras usadas por Jesus tinham um significado político judeu e local não foi descoberto por nós: agora é amplamente aceito, mesmo em obras profundamente cristãs como os Comentários de Peake sobre a Bíblia. Agora é claro que Jesus estava apenas falando de seu esforço político em libertar os judeus para sempre da dominação estrangeira. O Novo Caminho para o Reino de Deus As exigências para o fim da idade corrente e o início do "Reino de Deus" eram ter o Sumo Sacerdote de "tsedeq" no templo e o rei davídico de "mishpat" no trono, para que Yahweh assegurasse que "shalom" ficasse em seu devido lugar para sempre. Yahweh não participaria da chegada desses eventos até que um grande estado de santidade existisse na terra de Israel, e Jesus viu como sua tarefa principal trazer um progresso do povo comum. A primeira coisa que Jesus fez em seu ministério foi ir a um grande casamento (que podiam ser festividades imensas, durando muitos dias) buscar convertidos para sua causa. A coisa mais impressionante que ele fez, assustando os estritos Qumranianos, foi permitir a aceitação de "não-limpos" - tais como homens casados, aleijados e, para surpresa geral, até mesmo mulheres. Para Jesus eram todos igualmente capazes de pecar às vistas do Senhor e portanto tinham tanta necessidade de salvação quanto os outros, se não mais. Essa idéia de igualdade era revolucionária para a época e se tornou a marca mais importante de seus ensinamentos. Mais do que qualquer outra coisa, Jesus precisava de dinheiro e para consegui-lo, de preferência bastante, ele precisava ir até os ricos. Desgraçadamente era exatamente esse grupo de pessoas que era considerado particularmente pecador. Seguindo-se à destruição do Templo em 586 a.C. o Lugar do Senhor havia sido dessacralizado, e os judeus devotos tentavam manter suas casas tão sagradas quanto o altar do Templo, e a si próprios tão sagrados quanto se fossem sacerdotes. Isso significava manter as levíticas leis de pureza e as prescrições de dieta do Pentateuco com o máximo de cuidado. Um membro da Comunidade de Qumran nunca entraria na casa de alguém de fora da Comunidade (os "mortos") porque lá poderia estar exposto a todo tipo de imundície. Jesus ofendia os judeus "de importância" entrando nas casas de coletores de impostos, por exemplo, e como resultado disso estava sendo acusado de misturar-se com "pecadores" e "depravados", "bêbados" e "prostitutas". Na verdade essas pessoas eram perfeitamente respeitáveis e bastante ricas, mas sua devoção ao "caminho" não estava estabelecida, portanto, eram chamados por todos os palavrões imagináveis. O termo "depravados", por exemplo, significava simplesmente que ele se misturava com gentios em suas vidas social e profissional, mais do que opinar sobre sua promiscuidade sexual. Um coletor de impostos tornou-se apóstolo de Jesus e um outro, Zaqueu, era na verdade o chefe dos coletores de impostos antes de ser "erguido" dos "mortos". Ele deu metade de sua fortuna para pagar antigas injustiças e a outra metade para "os pobres", que era o termo usado para indicar a Comunidade de Qumran. Os ensinamentos de Jesus aparecem sob a forma de uma lista em alguns dos Evangelhos Gnósticos, e é certo que o Evangelho "Q" original não foi escrito no formato de história. Enquanto muitos desses ensinamentos de Jesus foram tecidos como biografia pelos escritores dos Evangelhos do Novo Testamento, uma grande parte deles aparece nessa forma de lista naquele que é conhecido como o Sermão da Montanha. Parece que a habilidade que Mateus exibe ao tecer todos os ensinamentos de Jesus em uma só história tenha se perdido já em alguns momentos, portanto, ele ajuntou todo tipo de ensinamentos como se tivessem sido dados um após o outro de cima de uma montanha para uma multidão. Se isso tivesse sido dado ipsis-literis como um sermão único, a pobre platéia teria ficado boquiaberta tentando assimilar toda essa avalanche de informação. Acreditamos portanto, que muitos desses ditos e instruções tenham sido ajuntados nessa "ocasião" para não interromper o fluxo da história. As palavras de Jesus usadas nessa "ocasião" têm sido o foco das mentes cristãs durante os séculos e delas já se extraiu todo tipo de interpretação. No entanto, à luz do que agora sabemos, os significados se tornaram muito claros e diretos. As bem-aventuranças são simples de interpretar: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles será o Reino dos Céus. Isso em Lucas vem apenas como "os pobres", e em ambos os casos é apenas uma menção à Comunidade de Qumran, pois é assim que se denominavam os seus membros de "terceiro grau". Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados. Em Lucas, os "aflitos" são" os que choram". Em ambos os casos a referência é à Comunidade de Qumran e a outros judeus devotos que lamentaram pelo Templo de Yahweh nas mãos dos sem-valor. Este dito também aparece em um salmo Qumraniano. Bem-aventurados os humildes, pois eles herdarão a terra. Mais uma vez o termo "humildes" era comumente usado pelos membros da Comunidade de Qumran para se descreverem. Deles se requeria que se comportassem de maneira humilde e modesta para que o "Reino de Deus" (sua herança) chegasse logo. À luz das evidências dos Manuscritos do Mar Morto, pretender que isso mencione qualquer pessoa que seja humilde é abusar deliberadamente da verdade. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois eles serão saciados. A Comunidade de Qumran era formada pelas pessoas que buscavam o "tsedeq" Gustiça, retidão) em todas as ocasiões, mas até que o "Reino de Deus" chegasse, eles não seriam satisfeitos. Bem-aventurados os misericordiosos, pois alcançarão a misericórdia. Como no Pai Nosso, Deus permite aos justos da Comunidade de Qumran seus pequenos erros porque eles também perdoam os pequenos erros de seus irmãos. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Os membros da Comunidade de Qumran eram ensinados a manter as mãos limpas e o coração puro, porque esta era a exigência para entrar no Templo de Sião: eles eram os escolhidos para testemunhar a chegada do "Reino de Deus". Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados de os Filhos de Deus. Nada foi mais mal-citado que esta declaração de crença. Os "pacificadores" aqui não significam nenhum tipo de pacifistas, mas se refere àqueles que trabalhavam em prol de "shalom", o Estado de paz, prosperidade e bem-estar geral que chegaria quando os pilares de "tsedeq" e "mishpat" estivessem finalmente em seu lugar. Uma vez mais, a referência se aplica unicamente à Comunidade de Qumran. Como já sabemos, Jesus ensinava a seus seguidores a se separarem em definitivo de suas famílias, considerando Yahweh como seu Pai, daí portanto, a expressão "Filhos de Deus." Bem-aventurados aqueles que são perseguidos por causa da justiça, porque deles serão o Reino dos Céus. A Comunidade de Qumran sempre sofrera perseguições: João, o Batista, por exemplo, havia sido extirpado deles no ano anterior. Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Esse trecho é razoavelmente diferente dos outros, já que parece aplicar-se a Jesus e seu grupo de dissidentes. Lucas usa a palavra "odiar" em vez de "injuriar". E isso é provavelmente uma referência à inimizade sentida pelos apoiadores de Tiago dentro da Comunidade de Qumran. Assim sendo, deve ter sido escrita apenas alguns meses antes da crucificação, quando a disputa entre irmãos estava em seu ponto máximo. Essas bem-aventuranças são uma leitura bastante simplória quando vistas como aquilo que realmente são: uma série de slogans de recrutamento que acabam todas reduzidas a "torna-te um de nós e seja parte do Reino de Deus - ou não seja nada!". Devem ter funcionado muito bem. Até agora os cristãos nunca haviam compreendido as complexas circunstâncias judaicas que eram o pano de fundo para essa inspirada campanha de recrutamento, e usaram o texto literal das declarações de Jesus como apoio a seu próprio sistema de crença. Isso pode ter sido uma coisa boa na maioria das vezes, mas neste caso não é aquilo que Jesus queria dizer. Por um curto período de tempo, talvez dois ou três meses, Jesus, com suas estranhas atividades, foi visto como tendo abandonado o âmago da Comunidade de Qumran: mas logo ficou claro para Tiago que seu irmão estava construindo um partido bastante substancial. Grande parte da ideologia dos ensinamentos de Jesus pode ser vislumbrada em obras de sua época que foram excluídas do Novo Testamento. No fragmento 114 do Evangelho de Tomé (o irmão de Jesus) este explica sua crença de que até mesmo as mulheres são iguais aos homens: Simão Pedro disse a eles: "Que Maria saia de perto de nós, porque as mulheres não são dignas da vida". E Jesus disse: "Eu mesmo a instruirei para que ela se torne homem, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo em tudo semelhante a vós, homens. Porque toda mulher que se tornar homem entrará no Reino dos Céus". Desnecessário dizer que Simão Pedro não estava sugerindo que todas as mulheres fossem assassinadas quando disse que elas não eram "dignas da vida": essa é uma referência ao fato de que ela devia deixar a sala enquanto membros do mais alto escalão do movimento (os "vivos") discutiam assuntos secretos. Jesus deve ter causado espanto ante seus seguidores quando afirmava que ele pessoalmente "a erguerá dos mortos" para ser o primeiro membro mulher da elite, e que todas as mulheres tinham o mesmo direito. Essa passagem certamente saiu dos lábios do mestre radical que os cristãos chamam de Jesus Cristo, e é desapontador ver tantos padres atualmente levantando objeções à entrada de mulheres para o sacerdócio. No livro Secreto de Tiago, que se reputa ter sido escrito por Tiago, o irmão de Jesus, após a crucificação, Jesus é citado como tendo explicado de que maneira seus seguidores deveriam entender seus ensinamentos: Prestai atenção à Palavra. Entendei o Conhecimento. Amai a Vida. E ninguém vos perseguirá, ninguém vos oprimirá, além de vós mesmos. Este homem era inacreditavelmente maravilhoso. Não podemos crer que tal sabedoria pudesse surgir em meio a tal tensão. Para nós essas palavras ainda provém uma magnífica filosofia de estilo pessoal de vida. A Prisão do Pilar Real: Jesus sabia que o tempo e o segredo eram essenciais. Ele precisava incitar uma revolta de massa contra os romanos e os saduceus em Jerusalém, armando o maior número de pessoas que pudesse. Isso deveria ser conseguido sem dar ao inimigo nenhuma pista da verdadeira força do movimento, por isso Jesus e seus seguidores se reuniam em segredo e pregavam em lugares afastados. Apesar de Tiago ainda não aceitar o direito de Jesus de ser tanto o messias real quanto o sacerdotal, as coisas pareciam estar indo bem. Além do mais, a rede de espiões de Jesus havia relatado que não havia nenhuma atividade especial planejada contar ele em Jerusalém. Jesus precisava dar uma demonstração de força na capital, para deixar claro que não tinha medo de desafiar abertamente as autoridades e de estabelecer seu direito ao Trono de Israel Um plano cuidadoso era traçado para mostrar ao povo de Jerusalém que ele era o rei que se ergueria para salvá-los da dominação estrangeira, como já havia sido dito pelos profetas. Sua entrada em Jerusalém cavalgando um jumentinho foi uma recriação deliberada da bem conhecida profecia em Zacarias 9:9, que deixava bem claro o que o povo da cidade veria: ...eis que o Rei vem a ti! Ele é justo e traz a salvação: humilde, montado sobre um jumento, sobre um jumentinho filho da jumenta. É aceito pelos estudiosos da Bíblia que os ramos de palmeira não tinham nenhum significado, e provavelmente foram usados pelos seguidores de Jesus para chamar atenção para um evento que de outra forma teria passado sem ser notado. Para garantir o máximo de publicidade, Jesus seguiu para o Templo e lá causou conflito quando virou as mesas dos negociantes e banqueiros que abusavam do edifício sagrado. Um time dos homens de Jesus deve ter-se posto em volta da área para garantir que o lugar estava seguro, antes que fosse dado o sinal e o Messias real entrasse acompanhado de seus cinco "protetores". Ele imediatamente começou a derrubar as mesas enquanto seus seguidores atiravam os negociantes ao chão. As pessoas se esconderam aterrorizadas enquanto Jesus gritava suas opiniões sobre seu comportamento ofensivo a Deus, antes de fazer uma retirada rápida para Betânia, três quilômetros ao leste da cidade. A opinião geral foi a de que, sem dúvida, a missão tinha sido um grande sucesso, mas de fato foi o começo do fim. Desse momento em diante as autoridades romanas e judaicas decidiram acabar de uma vez com essa seita de Qumran antes que ela ficasse grande demais para isso. Tiago foi imediatamente preso e um cartaz de "procura-se" foi impresso, dando uma descrição visual de Jesus. Todas as cópias e referências a isso foram destruídas faz muitos séculos, porque ter uma descrição de um deus menos que perfeito não seria nada bom para uma Igreja em crescimento. Foi, no entanto, relatado por Josephus em sua Captura de Jerusalém. Josephus tirou essa informação diretamente da "forma" produzida pelos oficiais de Pôncio Pilatos. Essa "forma" era um documento que trazia a descrição do homem procurado, uma cópia da que era enviada a Roma para ser arquivada. O Novo Testamento garante que foi editado um decreto pedindo a prisão do homem que se dizia rei dos judeus, e que foi Judas quem entregou a seu mestre. Apesar da censura cristã uma cópia da descrição escrita por Josephus sobreviveu em textos eslavos e veio à luz no último século. Não temos certeza de que seja genuína, mas muitos estudiosos acreditam que sim, e não temos nenhuma razão para duvidar deles. Ela pinta o retrato de um homem bastante diferente da imagem que muitas pessoas imaginam: ... um homem de aparência simples, idade madura, pele escura, estatura baixa, apenas três cúbitos, corcunda e de rosto comprido, nariz grande e sobrancelhas unidas, de forma que muitos que o vêem o temem, com cabelos ralos divididos no meio da cabeça, à moda dos Nazaritas, e com uma barba pouco crescida. Uma altura de três cúbitos o deixaria com pouco menos de um metro e meio de altura, os quais combinados com a corcunda e as feições severas tornavam Jesus uma pessoa fácil de ser reconhecida. Apesar disso poder ser ofensivo a alguns cristãos, gostaríamos de acentuar que não deve ser mais importante para um deus ter boa aparência ou ser alto do que ter nascido em um palácio. Essa é uma visão moderna, no entanto, pois se Jesus tivesse sido apresentado como um homem pequeno e feio o mundo helenizado nunca o teria aceito como deus, portanto, os cristãos primitivos tiveram que ocultar esse fato. Existem evidências adicionais de que Jesus era um homem de estatura muito baixa. Os Atos de João (que foram excluídos do Novo Testamento) dizem de Jesus: . .. eu tive medo e gritei, e ele, voltando-se para mim, se mostrou como um homem de baixa estatura, que me segurou pela barba e a puxou, dizendo-me: ''João, seja um crente, não um infiel nem um curioso". Em Lucas 19:3 podemos ler sobre um homem chamado Zaqueu que tenta ver Jesus no meio de uma multidão: E ele procurou ver quem esse Jesus era, mas não conseguia vê-lo, não por causa da multidão, mas porque ele era de baixa estatura. Esse versículo pode ser lido de duas maneiras, com o comentário sobre a estatura aplicado a Zaqueu ou a Jesus. Essa ambigüidade disléxica sobreviveu à faca do censor. Seria Jesus o que era baixo? Ninguém poderá jamais ter certeza. Qualquer que fosse sua altura, Jesus foi rapidamente preso no Jardim de Getsêmani. Qualquer um de nós com criação cristã está familiarizado com o nome desse lugar que foi o cenário de uma das cenas mais dramáticas da história de Jesus, mas ao estudar a posição desse pequeno jardim ficou claro que sua escolha não foi acidental. Em Marcos 14:32 o autor faz com que ele pareça ter sido um ponto de parada casual em meio a uma jornada, quando diz: E foram a um lugar cujo nome é Getsêmani. E Jesus disse a seus discípulos: "Sentai-vos aqui enquanto vou orar". Com certeza, essa não foi uma escolha arbitrária - Getsêmani foi um lugar deliberadamente escolhido para que ali se mudasse o curso da história. O Jardim de Getsêmani fica a apenas 915 metros e exatamente em frente do portão oriental do Templo - o Portal da Retidão. Enquanto Jesus orava ele estava colocado em uma altura suficiente para poder enxergar através do vale os dois pilares físicos que ele representava na construção da Nova Jerusalém e na chegada do Reino de Deus. Ele pode observar o sol se pôr sobre o Templo recém reconstruído, sabendo com certeza que seria preso naquela noite. Nas passagens da Bíblia fica claro que Jesus estava preocupado e na expectativa de sua prisão, mas ele confiava que Yahweh fizesse com que as coisas caminhassem bem para ele, dizendo "Pai, tudo é possível para ti". Jesus havia escolhido a ocasião e o lugar com extremo cuidado. O portal do leste, o portal de "tsedeq" ou retidão, era o portal mais importante na importantíssima celebração do Ano Novo, que era o Pesach ou festival da Passagem, na lua nova mais próxima do equinócio de primavera que caía no fim de março ou no início de abril. Era este portal, tão importante na visão de Ezequiel, que Jesus e todos os Qumranianos consideravam tão subitamente. Nos capítulos 14 e 15 de Ezequiel podemos ler sobre a importância do portal do leste na visão que ele inicia dizendo ter acontecido "no começo do ano" . E a Glória do Senhor veio até a casa pelo caminho do portal cuja perspectiva é direcionada para leste... então ele me trouxe de volta pelo caminho do portal do santuário externo que mirava para leste: e ele estava fechado. Então o Senhor me disse: 'Este portal deve ficar fechado, não deve ser aberto, e nenhum homem deve entrar por ele. Porque o Senhor, o Deus de Israel, entrou por ele, portanto, ele deve permanecer fechado. Existe para o príncipe: o príncipe, ele se sentará para comer pão ante o Senhor: ele entrará pelo caminho do pórtico desse portal. . . ' ...assim diz o Senhor Deus: 'o pomo do pátio interno que mira para o leste deve ficar fechado nos seis dias de trabalho; mas no Shabbath ele será aberto, e no dia da lua nova ele será aberto. E o príncipe entrará pelo caminho do pórtico desse portal, e se postará ao lado do pilar desse portal, e os sacerdotes prepararão suas oferendas, e ele adorará no limiar desse portal: e então ele prosseguirá... Isso é exatamente o que Jesus fez. Ele adorou o mais perto que pode do limiar do portal na noite da lua nova no início do Ano Novo. Ele se via como o príncipe de Israel esperando ser coroado para cumprir a tarefa dada por Ezequiel de "fazer justiça e retidão" (mishpat e tsedeq). Durante essa noite Jesus esperou que a Estrela da Manhã se erguesse, a estrela que se ergue no leste para anunciar a chegada do rei recémcriado do Antigo Egito e que na crença Qumraniana era a marca de seu novo rei. Essa "profecia da estrela", encontrada nos Manuscritos e em Números 24:17, diz que "uma estrela se erguerá de Jacó, um cetro para comandar o mundo": isso tinha um significado preciso para Jesus, mas mais tarde foi confundido pelos cristãos gentios como uma característica de seu nascimento em vez de ser seu breve momento de reinado. O autor das Revelações, o último livro do Novo Testamento, chama a Jesus: A raiz e o ramo de David e a estrela brilhante da manhã. O Manuscrito de Guerra da Caverna 1 de Qumran nos conta que eles viam a profecia da estrela em temos da "ascensão dos humildes", em alguma guerra apocalíptica final. Parece ser uma forte possibilidade que Jesus pensasse que vivendo os passos profetizados até que sobreviesse a guerra, ele causaria uma revolta popular que seria o início da ''batalha do fim das eras." Os discípulos de Jesus sabiam que ele não esperava sobreviver à confrontação que havia engendrado com as autoridades romanas e do Templo. Informação adicional pode ser encontrada no Evangelho de Tomé. Ele afirma conter os ensinamentos secretos de Jesus como tendo sido anotados por um certo Judas Dídimos, que se acredita tenha sido o irmão gêmeo de Jesus, portanto, chamado de Tomé, que quer dizer "gêmeo". Esse evangelho não está estruturado como narrativa: é uma lista das palavras ditas por Jesus como líder. Na linha n° 16 , Tomé nos diz: E os discípulos disseram a Jesus: "Sabemos que está por partir de nosso convívio. Quem deverá ser nosso líder?" Jesus disse a eles: "Quem quer que sejais, deveis ir até Tiago, o Justo, em honra de quem o céu e a terra vieram a ser". Isso indica claramente que o mal-estar entre os dois irmãos já estava terminado, e que Jesus tinha uma visão bem pessimista de seu próprio futuro. É fácil entender porque, trezentos anos mais tarde, Constantino rejeitou o Evangelho de Tomé, extirpando-o de sua Bíblia oficial, já que a linha preferida pela Igreja de Roma era a que indicava Pedro, não Tiago, como próximo líder, uma afirmação que agora surge transparentemente falsa. Nessa noite, Jesus pretendia esperar que a Estrela da Manhã se erguesse, já que não esperava ser aprisionado pelos guardas do Templo antes do alvorecer, e mesmo sob o risco dessa prisão iminente ele conduziu uma cerimônia de exaltação ao "terceiro grau", lá nas encostas, quase à vista dos dois grandes pilares do Templo. Quem teria sido esse jovem iniciado, nunca saberemos, mas a iniciação pode não ter sido completada antes que a prisão se desse. Marcos 14:51-52 nos conta: Um jovem o seguia, e sua roupa era só um lençol enrolado no corpo. E foram agarrá-lo. Ele , porém, deixando o lenço, fugiu nu. Esse incidente sempre havia desafiado qualquer explicação, mas agora seu significado está claro. Os poderes de Jerusalém agora tinham exatamente o que queriam: ambos os pilares desse movimento messiânico que intentava derrubar o Sinédrio e o Procurador Romano, Pôncio Pilatos. Os sacerdotes judeus temiam as declarações que Tiago fazia sobre seu direito ao Templo e o romano estava provavelmente menos que pouco à vontade com a política dessa situação. Ele sabia que aqueles judeus tinha a reputação de gerar uma impressionante quantidade de problemas quando entravam em frenesi, mas tinha o apoio de muitas tropas bem treinadas em sua retaguarda. Desafortunadamente, muitas delas estavam a dois dias de marcha, na Cesárea: isso significava que qualquer levante poderia ser abafado em três dias. Isso era tempo bastante para que ele pudesse ser pendurado pelo pescoço nos muros da cidade, Pilatos não era nenhum tolo. Ele urdiu um plano que satisfez a todos. O Procurador Romano tinha em mãos a Tiago e Jesus, os dois que alegavam ser os pilares da seita subversiva, sob prisão e prontos para ser executados a qualquer momento: mas Pilatos sabia que ele só precisava desequilibrar a um deles para minar o plano, portanto ofereceu a chance de deixar um dos dois livre, e deu à substancial multidão à sua frente a escolha. Recordemo-nos de que apesar de chamarmos o "messias real" de Jesus, esse não era o seu nome: essa é uma descrição de seu papel como "salvador", que em hebraico é Yahoshua. O nome de Tiago em hebraico certamente era Jacob, mas ele também podia ser chamado de "salvador" - ou seja, Jesus. Como suspeitávamos desde que encontráramos o verdadeiro significado do nome Barabbas, os dois réus no julgamento se chamavam Jesus - Jesus "o Rei dos Judeus" e Jesus "o Filho de Deus". Tiago era chamado de Barabbas - literalmente, "o Filho de Deus" - porque estava subentendido que ele era o messias sacerdotal e portanto, alguém em linha mais direta com seu "Pai". É uma invenção total da Igreja posterior a idéia de que havia o costume de liberar um prisioneiro na Páscoa. Isso simplesmente não aconteceu e teria sido um jeito pouco romano e muito tolo de aplicar um sistema legal. A realidade é que esse era um plano único de Pilatos para solucionar uma situação muito delicada. A maioria da multidão era de Qumran e apoiava Tiago, ou seja, 'Jesus Barabbas". 'Jesus, o Rei dos Judeus", não tinha vozes bastante gritando a seu favor, portanto, foi declarado culpado, açoitado, coroado com espinhos e crucificado em uma cruz no formato de um T, com as palavras "Rei dos Judeus" escritas sobre sua cabeça. Ele morreu mais rapidamente do que seria normal, e se ele fosse realmente o corcunda que havia sido descrito na forma romana, isso seria de se esperar. O processo de crucificação torna a respiração muito difícil, e é necessário erguer o tronco o tempo todo, para expelir o ar dos pulmões. Com costas curvadas ou corcundas isso teria sido muito difícil, e a sufocação adviria em tempo recorde. Pesquisando todo o período do século I d.C., passamos o pente fino em todo tipo de informação, para construir um quadro do que realmente estava acontecendo em Israel. Por estarmos construindo uma nova e diversa perspectiva da vida de Jesus, coisas que pareciam sem importância para outros se tornavam para nós as peças mais importantes de um imenso quebra-cabeças. Uma das descobertas mais importantes veio de passagens obscuras em um texto rabínico chamado Tosefta Shebuot, que é datado dos primeiros séculos d.C. Esse documento registra as memórias dos judeus sobreviventes de Jerusalém e narra a história dos eventos que precederam a calamidade de 70 d.C. , e por vir de uma tradição nãocristã, cremos que seja autêntico e não-corrigido. No Tosefta Shebuot 1:4 demos de encontro com uma poderosa descrição que trouxe uma brilhante nova luz sobre os acontecimentos que se deram entre Jesus e Tiago durante a crucificação. A passagem começa assim: Dois sacerdotes que eram irmãos estavam subindo a rampa pescoço a pescoço, e um deles chegou a um metro e setenta do altar antes do outro. Essa primeira frase é uma referência reconhecível à corrida entre os dois irmãos para estabelecer qual deles seria o messias sacerdotal. Jesus estava quase lá quando morreu na cruz. Ele tomou de uma faca (usada para o sacrifício de animais) e a enfiou em seu próprio coração. Curiosamente, essa próxima frase confirma a idéia de Jesus se sacrificando deliberadamente ante Deus, uma idéia que nós levamos em consideração até reconstruírmos as últimas horas quando Jesus deliberadamente se deixou prender. Quando Jesus morreu na cruz ele foi visto como um "Cordeiro Pascal", e é assim identificado em Pedro 1:19. A última parte do Tosefta Shebuot é realmente um grande achado: Rabi Tsedeq veio e parou nos degraus do pórtico do monte do Templo e disse: "Ouvi-me, ó nossos irmãos, casa de Israel! Assim se diz: quando um cadáver é encontrado, e vossos anciãos e juízes se adiantam e o medem, como será conosco - de onde e até onde devemos medir? Até o santuário? Até o pátio?" Todos gemeram e choraram por causa do que ele disse. Aqui temos sessenta e três palavras vitalmente importantes ditas por Tiago, o irmão de Jesus, possivelmente minutos após Jesus ter sido descido da cruz. Elas deveriam estar na Bíblia, mas não estão. A primeira parte desse texto rabínico judeu é uma descrição da corrida entre Jesus e Tiago tentando mostrar-se como o messias sacerdotal, apesar de ambos concordarem que Jesus era o messias real. Essa narrativa estilizada nos conta que Jesus tinha quase alcançado seu objetivo de ser ambos os pilares quando se entregou ao sacrifício. Seu irmão Rabi Tsedeq (literalmente "o Mestre da Retidão'') estava obviamente profundamente abalado por essa perda e ele se dirige aos membros da Comunidade de Qumran ali presentes com paixão e cheio de ira, enquanto se coloca sob o Pórtico de Salomão que dava para o Pátio dos Gentios. Tiago se refere a uma instrução do Deuteronômio 21:1-19 que estabelece a culpa de um crime apenas estabelecendo que cidade ou aldeia está mais perto do cadáver. Quando pergunta à assembléia de judeus da Comunidade se deve medir "até o santuário, até o pátio" ele na verdade disse que eles, os judeus supostamente de valor, eram tão culpados quanto o Sinédrio que fez o pedido de execução, por terem feito a escolha de Jesus para morrer. Achamos uma boa idéia descobrir se o Templo de Herodes tinha uma rampa que levava a seu altar. Tinha o próprio altar tinha quatro metros e meio de altura, com uma rampa de aproximadamente dezesseis metros de comprimento que começava no sul. Isso se traduz em uma inclinação de aproximadamente quinze metros e meio, o que significa que os irmãos que estavam na frente escolheram sacrificar-se quando, muito simbolicamente, estavam a onze doze avos do sucesso. Essa informação significa que podemos fixar a data dessa "corrida" entre 20 e 70 d.C., porque sabemos que o Templo de Herodes foi destruído em 70 d.C., logo após seu término. Isso torna à nossa interpretação dos dois irmãos, sendo os homens que agora chamados de Jesus e Tiago, já que ambos eram líderes da comunidade essênia da época. Interessante notar que no alto dessa rampa, no canto sudoeste do altar, havia dois buracos de ralo para o sangue sacrifical, e um grande bloco de mármore com um anel em seu cento. Esse bloco podia ser erguido para que se tivesse acesso a uma caverna sob o altar. Na cerimônia de 1o . Grau da Maçonaria o candidato é exortado por um irmão, que se posta no canto sudoeste do Templo Maçônico, a viver uma vida moral e de retidão. A frente desse irmão que exorta o candidato está um bloco de mármore com um pequeno anel em seu centro, suspenso por uma polia em uma trípode-de-elevação. Poderia haver ai alguma ligação? Sentimos que a citação do discurso de Tiago a seus seguidores reunidos em assembléia foi de grande importância, porque confirmava o papel de Tiago e sua atitude em relação a seu irmão ao tempo da crucificação. De alguma maneira essas palavras foram omitidas do Novo Testamento. Isso parece ser mais deliberado que acidental: como já percebemos, havia uma política clara de depreciação do lugar de Tiago à frente da Igreja logo após a morte de Jesus, em beneficio de Pedro, que estava sob a influência de Paulo. A prova de que esse texto contém as palavras ditas por Tiago é dada pela história de Pôncio Pilatos lavando suas mãos para mostrar que apesar de dar sua autorização para a crucificação, ele não aceitava a responsabilidade sobre a morte. A técnica de lavar as mãos para demonstrar inocência não era uma prática romana, mas sim Qumraniana, portanto, uma adição posterior em vez de uma descrição fiel dos eventos. Na verdade ela vem exatamente da passagem do Deuteronômio a que Tiago se referiu, e só servia como sinal de inocência após um assassinato, nunca antes dele. Uma vez tendo sido encontrado um cadáver e as medidas tomadas para identificar a cidade mais próxima, os anciãos dessa cidade eram obrigados a separar uma vitela que nunca tivesse parido, cortar-lhe a cabeça e lavar as mãos sobre seu corpo enquanto recitavam as palavras "nossas mãos não derramaram este sangue e nossos olhos não viram quando foi derramado". O versículo seguinte pede ao Senhor que "não fizesse correr o sangue inocente sob a responsabilidade de Teu povo de Israel, para que o sangue seja para sempre perdoado". Esse meio, como está no Antigo Testamento, de clamar inocência sobre um assassinato, estava claramente nos pensamentos dos autores dos Evangelhos Sinópticos: Mateus, por exemplo, coloca palavras na boca de Pôncio Pilatos no capítulo 27, versículos 24-25: Vendo Pilatos que nada conseguia, mas, ao contrário, a desordem aumentava, pegou água e, lavando as mãos na presença da multidão, disse: 'Estou inocente do sangue desta pessoa. A responsabilidade é vossa'. A isso o povo todo respondeu: 'Que o seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos'. Se compararmos essa passagem do Deuteronômio com Mateus, a semelhança é óbvia: Nossas mãos não derramaram este sangue, nem nossos olhos viram quem o fez. Sou inocente do sangue desta pessoa, a responsabilidade é vossa. O clamor de inocência do Antigo Testamento se fundamenta em uma pessoa não ter cometido nem visto o assassinato: aqui temos Pilatos dizendo não ser culpado de cometer o ato e que só sobre os judeus cai a responsabilidade. Quem quer que tenha sido o primeiro a escrever sobre essa sucessão de eventos certamente estava ciente das palavras de Tiago após a crucificação, construindo sua referência e acusação de culpa parcial à multidão reunida. Tiago não teria sabido que suas palavras em breve seriam distorcidas por gentios para impor a acusação de "teocídio" sobre toda a nação judaica, para todo o sempre. A noção de que a multidão reunida se amaldiçoou com a frase "Que o seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos" é uma mentira perversa, responsável por dois mil anos de anti-semitismo. A transcrição das palavras de Tiago no Tosefta Shebuot é importante porque confirma o papel dele no movimento, e sua atitude em relação a seu irmãos por ocasião da crucificação, e além disso explica as pretensas ações de Pilatos. Omitir as palavras de Tiago no Novo Testamento foi uma desqualificação deliberada de sua posição de comando lado a lado com "Jesus". Enquanto procurávamos mais além neste texto rabínico, descobrimos uma referência no Mishnar Sotah 6:3 que novamente fez nosso olhos quase saltarem de suas órbitas: Quarenta anos depois da destruição do Templo, a luz ocidental se apagou, a linha púrpura permaneceu púrpura, e os do Senhor permaneceram à esquerda. Quarenta anos é um número muito especial para os judeus da época, mas foi também nesse período de tempo antes da destruição do templo que Jesus foi morto. A luz que se apagou era o messias real, simbolizado pela cor real - o púrpura - e os do Senhor que permaneceram à esquerda se refere à decisão da multidão de votar a favor de Tiago, "o pilar da direita", preferindo-o a Jesus, "o pilar da esquerda". A linha púrpura permanecendo púrpura nos diz que Tiago era o herdeiro do direito de seu irmão assassinado e, portanto, podia considerar-se o novo cabeça da linhagem real de David, assim como já era o Mestre da Retidão. Sempre houve discussões sobre se Jesus morreu na cruz ou foi substituído por algum outro. Os muçulmanos sempre afirmaram que não foi Jesus quem morreu na cruz. O Corão diz na Sura 4: 157: Que eles dizem se vangloriando: ''Nós matamos o Cristo Jesus, filho de Maria, o apóstolo de Alá" - mas eles não o mataram, nem crucificaram mas apenas foi feito com que lhes parecesse assim, e aqueles que discordam por estar cheios de dúvidas, sem conhecimento seguro, mas apenas conjeturas a seguir, pois com certeza eles não o mataram. Por que será que algumas pessoas estão convencidas de que Jesus foi crucificado, enquanto outras têm absoluta certeza de que ele não o foi? A resposta é tremendamente simples. Estão todos convencidos de estar certos porque todos estão certos. Dois filhos de Maria enfrentaram julgamento juntos e ambos haviam declarado ser o salvador ou o messias: ambos, além do mais, se chamavam ''Jesus". Um morreu na cruz e o outro não. O que não morreu foi Tiago, o menos importante dos dois mas o único com apoio popular. Não é de estranhar que algumas pessoas pensem que ele tenha conseguido escapulir da cruz. Os Símbolos de Jesus e Tiago A Estrela de David é hoje um símbolo universalmente aceito do Judaísmo, mas o hexagrama é na verdade dois símbolos superpostos para criar um novo significado composto, e sua origem não é nem um pouco judia. As pontas de cima e de baixo dos dois triângulos na verdade são o ápices de duas pirâmides, colocadas uma em cima da outra. A pirâmide que aponta para cima é um antigo símbolo do poder de um rei, com sua base apoiada na Terra e seu topo alcançando o Céu. A outra representa o poder do sacerdote, estabelecido no Céu e se dirigindo à Terra. Nessas formas superpostas está a marca do messias duplo: o sacerdotal ou "tsedeq" e o real ou "mishpat". Assim sendo, é o único e verdadeiro símbolo de Jesus, carregando adicionalmente o significado de ser representativo da estrela brilhante da linhagem de David, erguendo-se a cada manhã. Ela se chama Estrela de David, não porque David a tenha inventado, mas sim porque Jesus a usou e se posicionou como sendo pessoalmente a "Estrela de David" que havia sido profetizada. Não nos surpreende, portanto, que esse símbolo nunca apareça em antigos livros hebraicos que tratem da vida religiosa, e seu único uso no antigo Judaísmo tenha sido como um motivo decorativo ocasional em meio a outras imagens do Oriente Médio, ai incluída (ironicamente) a suástica. Ela se tornou de uso popular em um grande número de Igrejas cristãs da Idade Média e os exemplos mais antigos são, como ficamos espantados em descobrir, os que estão sobre edifícios erguidos pelos Cavaleiros Templários. Seu uso nas sinagogas veio muito depois. Alfred Grotte, um famoso construtor de sinagogas do início do século XX, escreveu o seguinte a respeito da Estrela de David: Quando no século XIX a construção de sinagogas arquitetonicamente significativas se iniciou, a maioria dos arquitetos não-judeus buscou construir essas casas de devoção de acordo com o modelo usado na construção das igrejas. Eles acreditavam que deviam procurar por um símbolo que correspondesse ao símbolo das igrejas, e encontraram o hexagrama. À vista do total desconhecimento (até mesmo de grande teólogos judeus) sobre o material do Símbolismo judaico, o Magen David acabou sendo exaltado como sendo a insígnia visível do Judaísmo. Como sua forma geométrica se adaptava facilmente a todos os propósitos estruturais e ornamentais, agora já faz mais de três gerações que se tornou um fato estabelecido, seguido pela tradição, que o Magen David para os judeus o mesmo tipo de símbolo sagrado que a cruz e o crescente são para outras fés monoteístas. Não podíamos deixar de nos maravilhar com a maneira pela qual a história é tantas vezes feita de uma impressionante série de incompreensões e enganos! Qualquer um pode perceber que, se removermos as linhas horizontais da Estrela de David, deixando apenas as linhas que apontam para cima e para baixo, o resultado é o esquadro e o compasso dos Maçons. A pirâmide sacerdotal ou celestial se torna o esquadro do Maçom, um instrumento usado para medir e esquadrejar a verdade e retidão dos prédios e, figurativamente, da bondade humana: a qualidade que os egípcios chamavam de Ma'at, como já vimos. A pirâmide real ou terrena é mostrada como o compasso que, de acordo com a Maçonaria, marca o centro do círculo do qual nenhum Maçom pode materialmente se afastar, ou seja, a extensão do poder do rei ou dirigente. Logo, se a Estrela de David é um símbolo do messianismo unificado de Jesus, devia ser o símbolo do Cristianismo. Portanto, a pergunta tem que ser feita: qual seria o símbolo do Judaísmo? A resposta é a cruz em formato de tall. Essa é a marca do tall e é o formato da cruz sobre a qual Jesus foi crucificado, em vez da cruz de quatro braços com um pedaço maior que se estende abaixo da barra horizontal. Já vimos antes que o tall era a marca de Yahweh, e que os kenitas a traziam em suas testas muito antes que Moisés os encontrasse no Deserto do Sinai: é também o símbolo mágico que era pintado nas portas durante a Páscoa. Intrigou-nos perceber que o estilo de crucifixo usado pela Igreja cristã era um antigo hieróglifo do Egito, mas ficamos mais boquiabertos ainda em saber que tinha um significado muito preciso - "salvador", que se traduz em hebraico por 'Joshua", que por sua vez em grego é " Jesus". Na verdade, a forma do crucifixo não é o símbolo de Jesus, mas sim o seu próprio nome! Isso nos leva de volta à Maçonaria. O símbolo mais importante do Grau do Arco real é o Tau Tríplice, que pode ser visto na gravura da prancha de traçar entre as bandeiras de Ruben e Judá. Esses três taus interligados representam o poder do rei, sacerdote e profeta. É explicado assim, pela Ordem: As várias insígnias dos Cetros indicam os Cargos Real, Profético e Sacerdotal, que eram todos, e ainda devem ser, conferidos de maneira muito especial, acompanhados da posse de segredos específicos. O último símbolo que queremos rever nesse estágio é o sinal do peixe, que nos anos recentes passou por uma espécie de renascimento como marca da cristandade. Apesar de ser visto como um símbolo cristão, na verdade é um antigo sinal de sacerdócio, e era indubitavelmente o símbolo dos Nazoreanos, e quando os cristãos o usavam para identificar seus lugares sagrados em Jerusalém, no final do século I, essa era a única marca que existia para eles. Pode bem ter sido adotada por João, o Batista e, como já discutimos, o nome Nazoreano é uma corruptela da palavra "nazrani", que significa tanto "peixes pequenos" quanto "cristãos" em árabe moderno, assim como em aramaico há dois mil anos atrás. Sabíamos que Tiago, o Justo, havia se tornado o primeiro bispo (ou, em hebraico, mebbaker) e que começou a usar uma mitra como adereço de ofício. Esse implemento agora é usado por todos os bispos, e não pode haver dúvida sobre sua origem: veio do Egito com Moisés A mitra aberta entre as partes da frente e de trás com sua cauda, idêntica a de um bispo moderno, certamente chegou até nós através dos Nazoreanos desde o Egito. Esse era exatamente o hieróglifo que indicava 'Amon", o deus-criador de Tebas que mais tarde se amalgamou com o deus sol Rá, formando Amon-Rá. Uma vez mais não víamos espaço para coincidências, os fios de ligação do Egito para Jerusalém e até os dias de hoje se haviam combinado em nossas pesquisas até formar uma verdadeira corda! Finalmente tivemos que recordar quão freqüentemente o nome de Amon ainda é vocalizado hoje. Sob o formato de Amém é usado diariamente por cristãos ao fim de cada prece: haveria a possibilidade dessa expressão ter sido originalmente usada para atrair as bênçãos do deus Amen (Amon) para que o pedido ali feito se tornasse realidade? Como Tebas era a cidade de Seqenenre Tao, esperávamos que tal prece tivesse passado para os israelitas através de Moisés, na cerimônia de ressurreição. A língua hebraica usava a palavra "amém" no final de uma oração com o sentido de "assim seja", e foi daí que os cristãos a adotaram. A Ascensão do Mentiroso Após a morte de Jesus, Tiago, o Justo, recolheu-se em Qumran para analisar seu futuro, já que agora era o único messias, com responsabilidade de preencher os papéis dos pilares sacerdotal e real. Tiago parece ter sido um líder forte e fanático quanto à questão do viver em absoluta retidão. Ele se abstinha de absolutamente tudo e todos que pudessem contaminar a sua pureza. Tão livre era ele de pecados e impurezas que, diferente de todos os outros em Qumran, estava livre da lavagem ritual. Fomos informados de que ele "nunca se lavava", mas achamos que isso se refira especificamente ao uso ritual da água - está claro que ele se lavava da maneira costumeira por razões de higiene pessoal. Que Tiago foi muito importante na Igreja primitiva é confirmado em Atos 12:17, em que Pedro envia notícias de sua libertação da prisão a Tiago e irmãos: Mas ele, sinalizando sobre eles com a mão para manter a sua paz, declarou que o Senhor o havia trazido para fora da prisão. E ele disse: "Ide mostrar essas coisas a Tiago, e aos irmãos". E ele partiu e foi para outra parte. O assassinato do Rei dos Judeus pelo procurador romano criou muita publicidade, em toda Israel e mais além, e pessoas começaram a se interessar pelo movimento messiânico. Uma dessas pessoas foi um cidadão romano de nome Saulo, vindo de uma área que hoje é ao sul da Turquia. Seus pais haviam se tornado judeus da Diáspora e ele era um jovem que tinha sido criado como judeu mas sem nenhuma das atitudes e cultura dos puros seguidores de Yahweh em Qumran. A idéia de que seu trabalho era perseguir cristãos é uma insensatez óbvia, porque esse culto não existia nessa época. Os Nazoreanos, agora liderados por Tiago, eram os judeus mais judaicos que é possível imaginar e o trabalho de Saulo era simplesmente, por conta dos romanos, desarticular qualquer movimento remanescente que buscasse a independência. Os Mandeanos do sul do Iraque, como já discutimos, são Nazoreanos que foram expulsos de Judá e cuja migração pode ser datada com precisão em 37 d.C.: portanto, é quase certo que o homem que os perseguiu foi o próprio Saulo, aliás, Paulo. Saulo deve ter sido o terror do movimento judaico de libertação por dezessete anos, já que era o ano de 60 d.C. quando ele subitamente se viu cego na estrada para Damasco. Hoje em dia se acredita que Saulo não tinha autoridade para prender ativistas em Damasco mesmo se lá houvesse algum, o que parece bastante improvável, e seu destino era, no entender de muitos estudiosos, a Comunidade de Qumran, que era sempre chamada de "Damasco". Sua cegueira e a recuperação da visão foram simbólicos de sua conversão a um dos partidos da causa Nazoreana. O fato do destino de Saulo ser efetivamente Qumran está claro em Atos 22:14, em que lhe informam que ele seria apresentado ao "Justo", uma referência óbvia a Tiago. Ele disse então: "O Deus de nossos pais te predestinou para conheceres a Sua vontade, veres o Justo e ouvires a voz saída de sua boca". Paulo ouviu a história dos Nazoreanos diretamente dos lábios de Tiago, mas sendo um judeu estrangeiro e cidadão romano ele não conseguiu compreender a mensagem que lhe foi dada, e imediatamente desenvolveu uma fascinação helenística pela história de Jesus e seu papel como "cordeiro do sacrifício". É certo que Paulo não foi admitido aos segredos de Qumran, porque só ficou por lá muito pouco tempo: como sabemos, eram necessários anos de treinamento e exames para que alguém se tornasse um irmão. A relação entre o recém-chegado e Tiago logo se tornou muito tensa. Paulo vinha de dezessete anos de ininterruptas caçadas por judeus potencialmente rebeldes, e nunca foi convertido à causa de João, o Batista, Jesus e Tiago. Em vez disso ele inventou um novo culto ao qual deu o nome grego de "cristãos", uma tradução da palavra hebraica "messias". Chamou Jesus, um homem a quem nunca viu, de Cristo, e começou a reunir seguidores em volta de si próprio. Porque Paulo não tinha nenhuma compreensão da terminologia dos Nazoreanos, ele foi a primeira pessoa que aplicou o literalismo às alegorias dos ensinamentos de Jesus, e um deus/ homem fazedor de milagres foi criado a partir de um patriota judeu. Ele declarou "ter o apoio de Simão Pedro, mas isto era apenas uma dentre um grande número de mentiras articuladas. Simão Pedro lançou um aviso contra qualquer outra autoridade que não fosse a liderança nazoreana: Portanto é bom ter extrema cautela, e não crer em nenhum mestre, a não ser que ele traga de Jerusalém o testemunho de Tiago, o Irmão do Senhor'. Após ler as interpretações dos textos de Qumran feitas por Robert Eisenman, não tivemos nenhuma dúvida sobre a identidade de Paulo como o ''Derramador de Mentiras" que lutou contra Tiago, o Mestre da Retidão. O uso da palavra "derramador" é um jogo de palavras tipicamente Qumraniano, e se refere aos procedimentos batismais associados com este adversário. O pesher de Habacuc torna claro que esse indivíduo "derrama sobre Israel as águas da Mentira" e "os desvia para um deserto sem Caminho". O jogo de palavras com "Caminho" se relaciona com "a remoção das fronteiras da Lei". Acreditamos que o "Mentiroso" e inimigo de Tiago foi Paulo: o homem que mentiu sobre seu treinamento como fariseu mentiu sobre a missão de Cristo, ensinou que a Lei dos judeus não era importante e admitiu os não-circuncidados. Fica claro pelas cartas de Paulo que apóstolos de Jerusalém foram enviados até seu território para desacreditar sua autoridade e contradizer suas palavras. Paulo fala de oponentes de inquestionável prestígio que eram "reputados como importantes" e "reputados pilares", e declara que não é dependente de nenhum dos chefes dos apóstolos. Ele os descreve como "servos de Satã", "falsos apóstolos" e "irmãos espúrios". Ele fica espantado que seus convertidos Galacianos estejam se virando para um "Evangelho diferente" e lhes diz: "Se alguém pregar a vós um Evangelho diferente daquele que recebestes que ele seja amaldiçoado". Ele chama aos enviados de Tiago "falsos irmãos secretamente enviados... para espionar a liberdade que temos em Jesus Cristo, para que nos possam manietar". Alguns comentaristas, tais como Hyam Maccoby, apresentaram o forte argumento de que Paulo nunca foi um Rabi fariseu, mas sim um simples aventureiro de passado obscuro. Escritos ebonitas confirmam que Paulo nunca teve nem experiência nem treinamento entre os fariseus: ele era um convertido ao Judaísmo, nascido de parentes gentios em Tarso. Ele veio para Jerusalém já adulto, e lá se tornou assecla do Sumo Sacerdote. Quando viu desapontadas suas esperanças de avanço, rompeu com o Sumo Sacerdote e fundou a sua própria religião. Paulo reconhece que havia duas versões opostas da vida e da missão de Cristo: os "falsos" ensinamentos de Tiago, o irmão do Cristo, e seu próprio romance de mistério à moda helenista, que desprezava a própria essência da crença judaica. Em Coríntios 9:20-25, ele não tem o menor pejo em declarar seu desprezo pela Igreja de Jerusalém, e afirma abertamente ser um mentiroso sem escrúpulos: Para os judeus, fiz-me judeu, para ganhar os judeus: para os que estão sujeitos à Lei, fiz como se estivesse sujeito à Lei - se bem que não esteja sujeito à Lei - para ganhar àqueles que estão sujeitos à Lei... Tornei-me tudo para todos ... é assim que pretendo vencer: é assim que pratico o pugilato, mas não como quem fere o ar. Esse desprezo aberto pela Lei e a vontade de dizer e fazer o que quer que seja necessário para alcançar seus estranhos objetivos mostram o porquê de Tiago e a Comunidade de Qumran chamarem Paulo de "O Derramador de Mentiras". Em Romanos 10:12 e em outros lugares, Paulo anuncia seu desejo de fundar uma comunidade que "não faria distinção entre o judeu e o grego". Essa é precisamente a ambição que caracterizou a família de Herodes e os que a apoiavam. Paulo saiu muito de seu caminho para legitimar as forças de ocupação que haviam expulso o ramo de David para fora de Jerusalém e haviam assassinado seu rei/messias. Ele racionalizou assim: "Deves obedecer às autoridades que estão no poder, já que todo poder vem de Deus, as autoridades civis foram escolhidas por Deus". Este seqüestrador de cultos deve ter gerado grande ódio e medo. Seu acesso íntimo ao círculo do poder de Herodes em Jerusalém fica bem claro em Atos, e marca Paulo como um provável conspirador contra Tiago. O perigo deve ter ficado claro para Tiago, já que ele tomou grandes cuidados em evitar dirigir a Paulo o mesmo tipo de diatribe ofensiva que este dirigia a ele. Paulo continuava a "roubar" os segredos de Qumran para elaborar seus próprios ensinamentos. Em Coríntios 1-3:9 Paulo usa as imagens da "construção" e da "fundação dos alicerces" que estão no pesher de Habacuc, quando descreve sua comunidade como "o edifício de Deus" referindo-se a si próprio como "o arquiteto" e a Jesus como "a pedra angular". Esses são, é claro, os termos usados por Jesus e todos os Nazoreanos e que foram preservados na Maçonaria. Já lidamos com a ira dos Nazoreanos de Qumran que foi gerada pela oposição de Paulo a Tiago, o Justo, que era o messias indisputado, e pela falsa declaração feita por Paulo de que Pedro era o líder da Igreja de Jerusalém. Não há dúvida que Paulo havia tentado tomar essa liderança para si mesmo com a mentira de ter sido treinado como fariseu sob o grande doutor da lei, Gamaliel, mas ele teve o instinto político de reconhecer que essa não seria a sua posição. A medida da impopularidade de Paulo entre o povo de Jerusalém fica evidente no Capítulo 21 dos Atos. Aqui Paulo exorbita de sua autoridade e entra no Templo, mas é arrastado para fora para ser linchado pela multidão reunida em assembléia, que o reconhecem como o homem que falou contra a Comunidade da Aliança e a Lei, quando esteve em Éfeso. O conflito que se seguiu deve ter sido em grande escala, já que a Bíblia nos conta que "toda Jerusalém se levantou" e várias centenas de soldados romanos foram trazidos da Fortaleza Antônia, que felizmente para Paulo ficava bem ao lado do pátio do Templo. Chris visitou o anfiteatro de Éfeso de onde Paulo discursou à massa e onde ele conseguiu confundir o momento. Nesse tempo Éfeso tinha uma população cosmopolita, aí incluída uma das maiores comunidades judias fora de Israel. Como os judeus de Alexandria, muitos eram Terapeutas, uma seita de curadores muito próxima aos essênios de Qumran. Nas ruínas pobremente recuperadas Chris encontrou uma grande pedra inscrita com a marca dos Terapeutas, o bastão e a serpente, que se tornaram o símbolo da medicina em todo o mundo. Esses judeus muito inteligentes e bem-informados não tinham tempo para Paulo e suas tolices, e o pregador auto-designado foi encarcerado em um pequeno edifício em um morro nu apenas visível do anfiteatro. Chris não pôde deixar de pensar que lugar melhor o mundo teria se tornado se ele tivesse sido mantido por lá. Paulo escapou do Conflito de Jerusalém com vida, mas no ano 62 d.C. foi a vez de Tiago ser atacado no Templo de Jerusalém. Os escritos de Epifânio, Bispo de Constância (315 a 403 d.C.) nos dizem que testemunhas declararam ter visto Tiago usando o peitoral e a mitra de um sumo sacerdote, exigindo, como o primeiro Bispo de Jerusalém, o direito de adentrar o Santo dos Santos uma vez por ano. Parece provável que Tiago seguisse os passos de seu irmão e forçado sua entrada não-anunciada no Templo, sendo imediatamente preso. O Novo Testamento foi arrumado para excluir os detalhes de seu assassinato, mas um evangelho rejeitado pelo imperador Constantino, o Segundo Apocalipse de Tiago, registra o evento da seguinte maneira: ... os sacerdotes... O encontraram de pé ao lado das colunas do Templo, ao lado da poderosa pedra angular. E decidiram atirá-lo daquela grande altura, e jogá-lo ao chão. E... o pegaram e espancaram enquanto o arrastavam para o chão. O esticaram, e colocaram uma pedra sobre seu abdômen. Todos colocaram os pés sobre ele, dizendo: "Tu erraste!" E de novo o ergueram, já que ainda estava vivo, e o fizeram cavar um buraco. Fizeram-no ficar de pé dentro dele. E após tê-lo enterrado até o abdômen, o apedrejaram. Partes do Templo ainda estavam sob construção e a pedra que foi colocada sobre o abdômen de Tiago teria estado certamente sendo preparada para cumprir seu propósito no edifício: como tal, pode ter sido um bloco em bruto, que é como se chama uma pedra aproximadamente esquadrejada recém chegada das pedreiras. É interessante notar que um desses blocos em bruto é colocado no canto nordeste da Loja maçônica. Também existe uma história que trata da morte de Tiago e que pode ter elos com a Maçonaria. Hegesipo, uma autoridade cristã do século II, escreveu: Então derrubaram Tiago, o Justo, e começaram a apedrejá-lo, já que não tinha morrido da queda: mas ele ajoelhou e disse: "Ó, Senhor Deus, meu Pai, vos imploro que os perdoeis, pois eles não sabem o que fazem". Enquanto eles o apedrejavam, um dos sacerdotes, filho de Rechab, gritou: "Parai! O que fazeis? Não vedes que o Justo ora por vós?". Mas um deles, que era lavrador de tecidos, esmagou a cabeça do Justo com seu porrete. A pancada mortal dada pelo lavador de tecidos na cabeça de Tiago não é encarada como sendo um fato histórico, mas nos ocorreu que ela pode ter sido uma tradição acrescentada pelos Qumranianos para criar um perfeito pesher de Hiram Abiff. Dessa maneira o martírio de Tiago, o Mestre da Retidão, teria sido visto como uma repetição da morte do arquiteto do primeiro Templo de Salomão (e, portanto, Seqenenre Tao). Uma pancada na cabeça matou tanto a Hiram Abiff, enquanto ele estava de pé no primeiro Templo quase concluído, quanto a Tiago, no quase pronto último Templo. Os paralelos são fortes demais para serem apenas uma mera coincidência. As ilações com o Templo continuam após a morte. O túmulo de Tiago, acredita-se, fica no Vale do Cedrom, que leva diretamente ao portão Leste do Templo. Escavada na alta escarpa de pedra, ainda está de pé, com sua entrada dramaticamente marcada por um par de esplendidos pilares. Josephus registrou que os habitantes de Jerusalém ficaram muito ofendidos com o assassinato de Tiago, e que secretamente entraram em contato com o rei Agripa, exigindo que punisse o sumo sacerdote Ananus por suas ações perversas e ilegais. Devem ter conseguido o que queriam, porque Ananus foi afastado. Outra parte importante de nossa investigação, que tinha ficado como mistério, era a fonte dos nomes maçônicos dos assassinos de Hiram Abiff, dados como Jubelo, Jubelas e Jubelum. Sem levar em conta o fato (sem conexão com o assunto) de que Jubal quer dizer montanha em árabe, pouco havia a descobrir. No entanto, ao olharmos mais de perto para a morte de Tiago, o Mestre da Retidão, encontramos uma análise muito instrutiva do professor Eisenman. Referindo-se ao pesher de Habacuc encontrado em Qumran, ele diz: O Pesher, que lida com as referências a 'ira' e 'dias festivos' nos textos relacionados, discute como 'o Perverso Sacerdote perseguiu o Mestre da Retidão para confundir' ou 'destruiu-o com sua ira raivosa na casa de seu retiro' (ou 'na casa onde ele foi descoberto'). O termo leval'o não aparece nos textos relacionados, mas indica ação forte, e como é usado em um contexto de violência, provavelmente significa 'destruir'. Eisenman segue observando: Desde a alusão à 'taça da ira' do Senhor é uma de vingança divina em retribuição pela destruição do Mestre da Retidão (como o pesher propõe na seção seguinte referindo.-se à destruição dos 'Pobres': como ele conspirou criminalmente para destruir os Pobres, assim Deus o condena à destruição; ele será recompensado da mesma maneira que recompensou os Pobres) o sentido de teval'enu aqui, e em conseqüência do uso anterior de leval'o/leval'am, também certamente é o de destruição... Seria possível que as três palavras do pesher que lidam com a morte de Tiago , assim como estão nos Manuscritos do Mar Morto, leval'o, leval'am e teval'enu podem ter sido a origem de Jubelo, Jubelas, Jubelum? Os Tesouros dos Judeus Parece bastante possível que a guerra judaica de 66-70 d.C. tenha sido causada pelas tensões criadas pelo assassinato de Tiago, o Justo, e descobrimos que essa também era a opinião de Josephus. Apesar do documento original não mais existir, sabemos de sua existência porque Orígenes, um dos pais da Igreja no século III, fez referências às observações de Josephus porque elas o confundiram. Orígenes escreveu: Apesar de não acreditar em Jesus como o Cristo, Josephus, na sua busca pela verdadeira causa da queda de Jerusalém, devia ter dito que a perseguição de Jesus foi a causa de sua ruína, porque o povo havia assassinado o Messias profetizado. Ainda assim, como se contra sua vontade e não longe da verdade, ele diz que isto aconteceu aos judeus como vingança por Tiago, o Justo, que era o irmão de Jesus, o assim chamado Cristo, porque eles o tinham assassinado, apesar dele ser um homem perfeitamente justo. A maioria dos cristãos hoje em dia é totalmente ignorante sobre o assunto que tanto consideram, mas quando se percebe que o ministério de Jesus durou apenas um ano, e o de Tiago vinte, se torna razoável aceitar que Tiago tenha sido a figura mais popular da época. A posição de Tiago como irmão de Jesus é encontrada em registros muito antigos, mas sempre suprimida pelo ensino católico, de forma que aos leigos e mesmo a muitos padres essa informação tem sido negada. A guerra que estourou em 66 d.C. deu início a quatro anos de ferocidade selvagem com atos terríveis cometidos pelos judeus contra os romanos, pelos romanos contra os judeus e até mesmo por judeus contra os próprios judeus. Os horrores que ocorreram foram os piores que o mundo já viu, comparáveis aos das Revoluções Francesa e Russa. Josephus, o historiador dos judeus, era o comandante judeu da Galiléia - até ter mudado de lado e perseguido seus próprios antigos oficiais com grande zelo. A princípio, os judeus estavam se dando bem, derrotando a legião Síria que marchou sobre Jerusalém, mas não conseguiram superar o poderio do exército romano. Os Nazoreanos que acreditavam no poder da espada para restaurar o governo de Deus se chamavam Zelotes e é certo que tenham tomado Jerusalém e o Templo em novembro de 67 d.C. Liderados por João de Gischala, os Zelotes descobriram que muitos dos sacerdotes do Templo, junto com líderes da cidade, queriam fazer as pazes com Roma. Tal pensamento não era tolerado, e qualquer pessoa que defendesse esse ponto de vista era sumariamente executada. As forças de Roma estavam cada vez mais próximas e finalmente se tornou óbvio, até mesmo para o mais ardente dos Zelotes, que o fim não deveria estar muito longe. Na primavera de 68 foi tomada a decisão de ocultar todos os tesouros do Templo, os manuscritos sagrados, os vasos e dízimos, para que não caíssem em mãos gentias. Agiram na hora certa, porque em junho os romanos destruíram Jericó e o acampamento de Qumran. Dois anos mais tarde Jerusalém caiu sob Tito, e os Zelotes foram assassinados ou escravizados, e eventualmente o último dos judeus que conhecia os segredos dos Nazoreanos morreu quando toda a população de Massada cometeu suicídio para não ter que se render aos romanos. Os segredos transmitidos aos Nazoreanos desde Moisés foram depositados, como o profeta havia instruído, em uma caverna sob o Templo, o mais perto possível do Santo dos Santos que pudessem chegar. Outras obras foram ocultadas em pelo menos outros cinco esconderijos espalhados pelo país, inclusive as cavernas dos montes que cercavam Qumran. Um dos rolos encontrados nessas cavernas é uma folha de cobre com aproximadamente dois metros e meio de comprimento e trinta centímetros de largura que agora se partiu ao meio, formando dois tubos. O time de investigadores a princípio não teve como lê-lo, por causa da completa oxidação, mas ele foi cortado em tiras finas e depois reconstruído por uma equipe do Manchester College of Technology em 1955. John Allegro explicou a alegria que sentiram quando o conteúdo do Manuscrito de Cobre se tornou claro. Enquanto palavra após palavra se fazia clara, e a importância do documento se tomava cada vez maior, eu praticamente não conseguia acreditar em meus olhos. Na verdade, eu estava decidido a acreditar no óbvio antes que mais tiras houvessem sido removidas e limpas. No entanto, após mais uma coluna ou duas do textos terem sido decifradas, eu enviei cartas urgentes para Harding com a noticia de que as cavernas de Qumran haviam produzido a maior de todas as surpresas - um inventário do tesouro sagrado, em ouro, prata, e jarros de ofertas consagradas, assim como vasos sagrados de todos os tipos. A interpretação de John Allegro do conteúdo do Manuscrito de Cobre indicavam que havia pelo menos mais uma cópia, depositada no próprio Templo: No Poço (Shith) que fica ao Norte, em um buraco aberto nessa direção enterraram em sua entrada: uma cópia deste documento, com uma explicação e medidas, e um inventário de cada coisa, e outras coisas. Pode ter sido esse o rolo que os Templários encontraram? Se foi, eles devem ter sido capazes de produzir um perfeito mapa do tesouro. Em suas notas detalhadas Allegro mostra que o "Shith", que significa "poço" ou "caverna", ficava diretamente abaixo do Altar do templo: a caverna que sabíamos ter na entrada uma pedra de mármore com uma argola em seu centro. O Manuscrito de Cobre lista imensas quantidades de ouro, prata, objetos preciosos e pelo menos vinte e quatro rolos, dentro do Templo. São dadas sessenta e quatro indicações de esconderijos diferentes. O seguinte é típico dessas listas: Na câmara interna dos pilares duplos que sustentam o arco do portal duplo, olhando para o leste, na entrada, enterrado a um metro e vinte, escondido lá está um jarro, e nele um rolo manuscrito, oculto sob quarenta e dois talentos. Na cisterna que fica a oito metros à frente da passagem do leste, ai estão vasos, e em seu interior, dez talentos. No pátio de ... (?), aproximadamente quatro metros abaixo do canto sul: ouro e prata de dízimos, bacias de aspersão, taças, tigelas sacrificais, vasos para libações, ao todo seiscentos e nove. No poço(?) que fica no MLHM, ao norte: vasos de dízimos e vestimentas. Sua entrada fica no canto oeste. Nas passagens subterrâneas dos Buracos, na passagem que se volta para o sul, enterrados em argamassa a aproximadamente sete metros: 22 talentos. Na boca da fonte do Templo: vasos de prata e vasos de ouro para os dízimos e dinheiro, ao total seiscentos talentos. Sabemos hoje que os Cavaleiros Templários originais haviam encontrado alguns manuscritos em 1119, e agora compreendíamos porque eles haviam perdido mais oito anos cavando sob as ruínas do Templo. A explicação para a súbita obtenção de fama e fortuna pela Ordem não era mais um mistério! Após os judeus terem perdido a guerra e o Templo ser destruído pela última vez, os manuscritos enterrados permaneceram esquecidos, e os ensinamentos de Jesus e dos Nazoreanos foram substituídos pelo Cristianismo, melhor descrito como "Paulianismo". Mas o fato da teologia cristã falhar em refletir os conteúdos dos ensinamentos sobreviventes de Jesus tende a sugerir que o dogma foi uma adição muito posterior. Essas doutrinas que Paulo inventou eram totalmente diferentes das idéias igualitárias e revolucionárias de Jesus. Jesus havia sido um revolucionário e um pioneiro do pensamento democrático. Graças a Paulo e o culto hierárquico não-judaico que ele desenvolveu, os ensinamentos de Jesus foram enterrados e esquecidos. Mas nós sabíamos que eles estavam aptos a uma ressurreição. Agora já ajuntáramos os pedaços da história de como os manuscritos haviam sido enterrados, e tínhamos desenvolvido uma hipótese sustentável sobre seus conteúdos. Através de nossa viagem pela história havíamos encontrado uma linha contínua que se iniciava no assassinato de Seqenenre Tao, passando pelo desenvolvimento da nação judaica e os conceitos de Ma'at dentro da Comunidade de Qumran. Havíamos encontrado na Assunção de Moisés instruções claras de esconder os manuscritos secretos no Santo dos Santos sob o Templo, e havíamos lido as narrativas da destruição dos essênios e do Templo que eles defendiam. Mas isso ainda deixava um abismo de pelo menos mil anos a ser preenchido. Nesse ponto decidimos estudar novamente todos os Rituais maçônicos que conhecíamos, desde o Real Arco até os Ritos do 33°. Talvez na vasta proliferação de literatura maçônica e nas variações de seus rituais pudéssemos encontrar mais pistas que ajudassem em nossa busca. Também tínhamos, em ponto muito inicial de nossa pesquisa, olhado de forma muito atenta para a Igreja Celta, que tinha sido uma forte influência na sociedade escocesa de seu tempo: havíamos mesmo pensado que ela poderia ter influenciado a Ressurreição Céltica de Robert Bruce, que coincidia com a Queda dos Templários. Nosso trabalho precisaria ser revisto para que tentássemos preencher essa lacuna de mil anos em nossa reconstrução da história. Decidimos que nossa investigação deveria continuar com um olhar mais apurado sobre o que acontecera com os remanescentes da Igreja de Jerusalém após a destruição romana do Templo, para ver como - e se - ela tinha alguma ligação com a Igreja Celta. Conclusão Revendo a vida de Jesus à luz da informação recolhida na Bíblia, nos Manuscritos do Mar Morto, na Maçonaria, o segredo reconstruído dos pilares e obscuros textos judaicos haviam mostrado ser muito frutíferos. Descobrimos que Jesus, ou Yahoshua Ben Joseph como de era conhecido, tinha tido um ministério ativo de apenas um ano, durante o qual de foi profundamente impopular tanto em Qumran quanto em Jerusalém, porque se havia anunciado como sendo os dois pilares. Confirmamos que Jesus tinha uma elite que possuía segredos especiais e usava expressões tais como" transformar a água em vinho" como metáforas para eventos corriqueiros. Outras descrições que agora compreendíamos incluíam termos como "pecadores" e "depravados", ''bêbados'' e "prostitutas", que significavam simplesmente pessoas que se misturavam com os romanos. Até mesmo o Pai Nosso pode ser decifrado com seu verdadeiro significado. Havíamos estabelecido que os Qumranianos usavam a ressurreição simulada como meio de admissão a seu mais alto grau, e que os iniciados eram conhecidos como "os vivos" e que todas as outras pessoas eram chamadas de "os mortos". Um bom exemplo de como os seguidores de Jesus usavam essa ressurreição em vida como entrada para seu círculo interno é a história de Ananias e Safira, que nos mostra que ser membro dessa elite era uma realidade reversível. A história de Lázaro confirma isso, mostrando que uma pessoa podia tornar-se membro, deixar de ser e tornar a ser novamente: o período em que estava fora era chamado de "morte temporária". O papel dos pilares era absolutamente essencial a tudo o que Jesus fez, e quando foi preso no Jardim de Getsêmani ele estava realizando uma ressurreição em vida a apenas trezentos e vinte metros dos pilares gêmeos do Templo de Jerusalém. Outra conexão direta com a Maçonaria foi encontrada na imagem da "Estrela da Manhã": "a Estrela se erguerá de Jacó, um Cetro para governar o mundo". Nossas primeiras hipóteses de que havia dois Jesus Cristos estava agora provada, e sabíamos que o que havia morrido fora Yahoshua Ben Joseph – o "Rei dos Judeus", e seu irmão Tiago, Yaacov Ben Joseph, era ''Jesus Barabbas", significando que era conhecido como "o Filho de Deus". Descobrimos que o há muito perdido discurso que Tiago fez no Pátio dos Gentios após a crucificação de Jesus foi o que, deformado por cristãos posteriores, criou a base para o anti-semitismo que tem durado quase dois mil anos. Agora acreditávamos entender a origem do curioso conceito cristão da Santíssima Trindade, que descreve um Pai, um Filho e um Espírito Santo como três Pessoas em um só Deus. Para nós, esse formato de deus tríplice sempre mostrou que o Cristianismo não é uma religião monoteísta. Em adição a isso nós não conseguíamos compreender quem seria esse Espírito Santo: ou era Jesus ou era outro alguém. Os cristãos parecem evitar pensar muito o conceito da Santíssima Trindade, porque ele não faz nenhum sentido. A origem dessa Trindade deve ser o paradigma dos pilares. Deus o Pai é a pedra chave de "shalom", o Filho de Deus é o pilar de "tsedeq" e o rei dos judeus é o pilar de "mishpat". Os dois pilares são inteiramente terrenos, e quando o arco ou lintel Celestial está em seu lugar uma harmonia perfeita entre Deus e Suas criaturas é alcançada. O uso dos pilares e as descrições de Jesus como "a Pedra Angular", criam poderosas ligações com a Maçonaria, mas também percebemos haver ecos óbvios da origem egípcia dos segredos dos judeus. O símbolo da Cruz cristã parece ser apenas a estrutura em que Jesus morreu - na verdade, ela é um antigo hieróglifo egípcio que significa "salvador". As vestes de um bispo, usadas por Tiago e ainda usadas hoje em dia, são um outro hieróglifo que significa Amon, o deus criador de Tebas. Até o nome Qumran, como descobrimos, significa "um arco sobre dois pilares", confirmando que essas imagens eram essenciais para a visão de mundo da Comunidade. O início da Igreja Cristã, descobrimos, não tem nada a ver com Jesus: foi apenas a invenção de um estrangeiro chamado Saulo, mais tarde Paulo. Estamos seguros de que ele seja o personagem que os Manuscritos do Mar Morto identificam como "o Derramador de Mentiras", e foi ele quem lutou contra Tiago para seqüestrar o culto Nazoreano. E foram Paulo e seus seguidores que deixaram de compreender o paradigma dos dois pilares, terminando por tentar racionalizar o pensamento judeu pela invenção da peculiar e bem pouco judaica idéia da Santíssima Trindade. Mais importante ainda, agora sabíamos que os Nazoreanos de Qumran acreditavam que o final dos tempos havia chegado, portanto, ocultaram seus manuscritos mais secretos em uma caverna sob as fundações do Templo, o mais próximo possível do Santo dos Santos. Na guerra que se seguiu muitos judeus em toda Jerusalém foram mortos ou fugiram, e os manuscritos enterrados ficaram esquecidos até que uma ferramenta Templária os tivesse resgatado.

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