terça-feira, 21 de março de 2017

CAPÍTULO DEZ - Mil Anos de Luta A Jovem Nação Judia

A

A morte do rei Salomão aconteceu quase que exatamente mil anos antes que o último e mais famoso reivindicante do título de rei dos judeus morresse nas mãos dos romanos. Para os judeus foi um milênio cheio de dor, lutas e derrotas, mas nunca de rendição. Também se caracterizou por uma busca desesperada pela identidade racial e o anseio por uma teologia e uma estrutura social que lhes fosse própria. Tinham a distante lenda de um pai fundador em Abraão e de um legislador em Moisés, mas, além disso, tinham muito pouco que pudesse constituir uma cultura. Os primeiros reis judeus haviam lhes dado um senso de herança bastante vazio. David, erroneamente retratado como um matador de gigantes, lhes deu a figura-modelo para sua ansiada vitória sobre seus poderosos vizinhos, e Salomão, humilde e amaldiçoado apesar de suas conquistas, tornou-se o foco do orgulho nacional. Não era um homem, no entanto, quem eventualmente veio a ser a epítome da busca de um propósito e auto-estima, mas sim um pequeno edifício sem muita importância que Salomão erigiu para seu deus da guerra, Yahweh. Como já vimos, após a morte de Salomão as duas terras dos judeus novamente se separaram, com Israel ao norte e Judéia ao sul Cada terra retornou às suas respectivas formas de desenvolvimento, que muito em breve as levaram à guerra uma com a outra. No reino do norte o assassinato do rei tornou-se quase que um esporte nacional e nos séculos que se seguiram à guerra, o assassinato e a traição tornaramse a norma. Talvez o indivíduo mais infame desse período seja Jeú, o general que tomou o poder ao assassinar Joroão, rei de Israel. Ele depois matou Ocozias de Judá, que foi desafortunado o bastante para estar visitando o Norte, e mandou que a azarada Jezebel fosse despedaçada pelas patas dos cavalos de forma a que apenas seu crânio, pés e palmas de suas mãos foram encontrados para serem enterrados. Mais adiante matou cento e vinte possíveis opositores e todos os adoradores de Baal foram cercados e massacrados. Somos informados de que Deus gostou muito dessas "nobres" ações, como se lê em Reis 2- 10:30: E o Senhor disse a Jeú: porque executaste bem o que era agradável a meus olhos e cumpriste a Minha vontade contra a casa de Acab de acordo com tudo que estava em Meu coração, teus filhos até a quarta geração se sentarão sobre o Trono de Israel. O reino setentrional de Judá continuou a ser comandado a partir de Jerusalém e o contraste com Israel ao norte não podia ser maior. Judá conseguiu manter estabilidade genuína por quase três séculos e meio após a separação. A linhagem davídica continuou ininterrupta por quatrocentos anos ao todo, o que contrasta terrivelmente com as oito revolucionárias trocas de dinastia que Israel experimentou em seus primeiros duzentos anos de autonomia. A pergunta que tínhamos que nos fazer era - porque as duas metades do estado tão brevemente desunido haviam alcançado resultados tão diferentes? A geografia deve ter alguma coisa a ver com isso. Judá, o reino do sul. estava fora da principal rota leste-oeste e o terreno era mais difícil para invasores estrangeiros, dando-lhe um senso de segurança nacional maior que o reino do norte podia desejar. Suspeitamos que, no entanto, a maior razão para a continuidade da linhagem real davídica durante período tão considerável acontecia por causa da coesão garantida pelo "direito divino de poder" conferido através de uma cerimônia mística e secreta. Assim como os primeiros reis egípcios tinham sido vistos como colocados nessa posição pelos deuses, assim os descendentes de David eram considerados como a escolha de Yahweh, e a importantíssima aliança entre um Deus e seu povo era a continuidade da realeza. Sentíamos que nossas suposições estavam corretas, a família real e sua corte estando unidas por sua aceitação no grupo secreto de apoio (a Loja) e quando "levantavam" seu candidato ao status de rei, formavam a insurreição quase impossível por causa do poder desse grupo de controle. A importância central do rei de Judá estava demonstrada em seus rituais do Ano Novo, que seguiam modelos egípcios e babilônios. Alguns dos mais importantes atos rituais aconteciam para garantir que o rei continuasse a reinar, um exemplo disso sendo a representação pelo rei da batalha original e do triunfo das forças da Luz sobre as forças das Trevas e do Caos. O rei e seus sacerdotes cantavam o Enuma Elish - a história que conta como o dragão do Caos, Rtiamat, foi subjugado para que a Criação pudesse ter lugar. Esse ritual pode ser comparado ao ritual egípcio dos hipopótamos (discutido no Capítulo Oito) que reafirmava o antigo e sagrado direito de governar do rei. O papel do rei como "portador da Aliança" lhe dava responsabilidade pelo bem-estar de seu povo, e qualquer catástrofe em escala nacional seria atribuída ao fato de que o rei ou teria exorbitado de suas funções ou permitidos que seus súditos ofendesse a Yahweh de alguma maneira. O Exílio na Babilônia O reino setentrional de Israel havia lutado do início até o fim e finalmente caiu em derrocada no ano de 721 a.C quando foi tomado pelos assírios. Judá ainda durou um século e meio a mais. Em 15 e 16 de março de 597 a.C o grande rei babilônio Nabucodonosor tomou Jerusalém, capturou o rei e pôs em seu lugar um fantoche chamado Sedecias. O verdadeiro rei, Joaquin, foi levado para o exílio com toda sua corte e os intelectuais da terra, a idéia sendo a de que os que lá ficassem não teriam inteligência suficiente para rebelar-se contra seus novos senhores. A Bíblia nos dá vários números, mas é provável que por volta de três mil pessoas tenham sido levadas para a Babilônia: tabletes cuneiformes encontrados nesse reino indicam pagamentos de rações de óleo e grãos aos cativos, nomeando especificamente o rei Joaquin e seus cinco filhos como recebidores. O fato de Joaquin não ter sido morto fez com que muito judeus acreditassem que ele ainda teria permissão para voltar, e há evidências de que isso pudesse ter sido a intenção original de Nabucodonosor. O novo rei-fantoche não era tão dócil como os babilônios haviam imaginado, e ele tentou aliar-se ao inimigo da Babilônia, o Egito, tentando com isso libertar Judá. A princípio ele seguiu os conselhos de seus apoiadores e não criou nenhum problema para seus senhores. Infelizmente as pressões pró-egípcias em sua corte forçaram uma rebelião em 589 a.C, o que levou Nabucodonosor a atacar imediatamente as cidades de Judá: em janeiro seguinte o cerco de Jerusalém começou. Sedecias sabia que não haveria misericórdia dessa vez e resistiu como pôde por dois anos e meio, mas a despeito de todas as tentativas feitas pelas forças egípcias para expulsar os babilônios, a cidade caiu em julho de 586 a.C Jerusalém e seu Templo foram completamente destruídos. Sedecias foi trazido à frente de Nabucodonosor em Rebla na Babilônia onde foi forçado a assistir à execução de seus filhos, e quando arregalou os olhos de puro terror eles foram arrancados. Com esta última imagem aterrorizante para sempre gravada em sua memória, o rei-fantoche foi levado acorrentado para a Babilônia. De acordo com Jeremias 52:29 o acompanharam para o exílio mais oitocentas e trinta e duas pessoas. Para os exilados de Judá, a Babilônia deve ter sido uma visão maravilhosa. Era uma cidade cosmopolita e esplêndida que se espalhava por ambas as margens do Eufrates no formato de um quadrado, que se diz medir vinte e cinco por vinte e cinco quilômetros. O historiador grego Heródoto visitou essa cidade no século V a.C e descreveu sua grande escala, com seu traçado de estradas perfeitamente retas e edifícios que tinham três e às vezes quatro andares de altura. Nossa primeira reação a essa descrição foi a de que esse grego era culpado de exagero, mas depois descobrimos que ele também alegava que os muros da cidade eram tão largos que uma carroça puxada por quatro cavalos podia andar por sobre eles, e as escavações mais recentes mostram que isso é a pura verdade. Esse apoio arqueológico à Heródoto como testemunha com credibilidade nos levou a apreciar o quanto a Babilônia deve ter sido impressionante. Soubemos que dentro de suas muralhas havia extensos parques e que entre seus edifícios estava o palácio real com seus famosos "jardins suspensos", que eram imensas montanhas artificiais em forma de terraços cobertos de árvores e de flores trazidas de todas as partes do mundo conhecido. Havia também o enorme Zigurates de Bel, a pirâmide em degraus com sete andares, decorada com as cores do sol, da lua e dos cinco planetas, tendo em seu topo um templo. Essa maravilhosa estrutura era sem dúvida a inspiração para a história da Torre de Babel, onde se diz que a humanidade perdeu a habilidade de se comunicar em uma só língua. Ba-Bel era um termo sumério significando "portão de deus", dando ao sacerdócio babilônio uma ligação entre os deuses e a Terra. Inacreditavelmente essa Torre de Ba-Bel ainda existe, apesar de hoje ser apenas uma ruína disforme. A Via Processional que levava à grande Porta de Ishtar deve ter arregalado os olhos dos recémchegados. Era feita em escala maciça e coberta de cerâmicas de azul brilhante nas quais estavam representados leões, touros e dragões em alto relevo. Esses animais representavam os deuses da cidade, sendo Marduk, a deidade dragão, a mais importante entre elas, com Adad o deus do céu tendo forma de um touro e a própria Ishtar, a deusa do amor e da guerra, sendo simbolizada por um leão. Para os nobres e sacerdotes deportados de Jerusalém, essa nova vida deve ter parecido bastante estranha. Devem ter ficado gratos por não terem sido passados a fio da espada, e ao mesmo tempo entristecidos pela perda de sua terra e Templo. Mas ainda assim devem ter ficado impressionados com o que viam e ouviam na maior cidade da Mesopotâmia, uma metrópole que deve ter feito Jerusalém e seu Templo parecerem extremamente humildes. Deve ter sido o tipo de choque cultural que os imigrantes judeus das pequenas cidades da Europa sentiram quando chegaram à Nova York no início do século XX. Tudo na vida da Babilônia deve ter-lhes parecido estranho, mas logo descobriram que a teologia era estranhamente familiar. Suas próprias lendas de base egípcia-canaanita e as lendas dos babilônios derivavam de uma fonte comum suméria, e os judeus logo perceberam que as lacunas em suas histórias tribais sobre a Criação e o Dilúvio agora poderiam ser preenchidas. Os dignitários que haviam sido desenraizados estavam acostumados a comandar um país, e agora se encontravam dispersos em uma terra estranha, e de maneira geral apenas com tarefas mesquinhas a realizar. Para homens acostumados ao comando de um Estado agora não lhes restava muito a não ser refletir sobre as injustiças da vida, mas não obstante a maioria deles acabou por aceitar que a vida era cruel, começando a partir disso a transformar uma situação desagradável na melhor situação possível. Na verdade um número significativo, talvez mesmo a maioria, das famílias judias foi completamente absorvida na vida da "grande cidade", e lá permaneceu mesmo depois que o cativeiro terminou. Contrário à crença popular, os judeus dessa época não eram monoteístas e mesmo se adorassem a Yahweh como o deus especial de sua nação, teriam adorado também aos deuses babilônios após sua chegada forçada a este novo lar. Era bastante normal prestar respeitos ao deus ou deuses da área que se visitava, como medida de prudência, porque todas as deidades pareciam ter poder antes de tudo territorial. A zona de influência de Yahweh ficava em Jerusalém, e todas as evidências mostram que nem mesmo seus mais ardentes seguidores ergueram um único altar para ele em todo o período de sua escravidão. Enquanto muitos desses judeus seguiram a vida como lhes era possível, um pequeno número de deportados que eram sacerdotes, filosófos e fundamentalistas do Templo de Salomão, que só podem ser descritos como ''homens inspirados com uma visão oposicionista de seu destino", buscaram racionalizar sobre a situação da melhor maneira possível. Hoje em dia se aceita de maneira geral que foi aqui, durante o Cativeiro da Babilônia, que muitos dos cinco livros da Bíblia foram escritos, em uma busca apaixonada por herança e meta. Usando a informação que recebiam de seus captores sobre o início dos tempos os judeus foram capazes de reconstruir a maneira como Deus havia criado o mundo e a humanidade, assim como perceber detalhe sobre eventos posteriores, como o Dilúvio. Os escritos desses primeiros judeus eram uma mistura de excertos de fatos históricos precisos, pedaços de memória culturais corrompidas e mitos tribais, cimentados por invenções originais criadas quando quer que lacunas incômodas surgissem na narrativa. É obviamente muito difícil separar que pe- daços são o quê, mas estudiosos modernos se tornaram tremendamente capazes de identificar as prováveis verdades e ficções, assim como desvendar os estilos autorais e suas influências. As grandes histórias foram analisadas em profundidade por times de peritos, mas, para nós, os pequenos pedaços de informação esquisitos são os que geralmente produzem algumas das mais poderosas pistas de suas origens. Descobrimos a influência tanto da Suméria quanto à do Egito nos lugares mais inesperados. Por exemplo: a figura de Jacó, o pai de José, devia anteceder a influência egípcia, e ainda assim existem claros sinais de que aqueles que escreveram sobre ele estavam vendo o mundo bem depois do Êxodo. Em Gênese 28:18 nos contam que Jacó erigiu um pilar para ligar a Terra ao Céu em Betel, uns dezesseis quilômetros ao norte de Jerusalém, e mais tarde em Gênese 31:45 diz-se que ele ergueu um outro, provavelmente em Mizpah, que ficava nas montanhas de Galaad, a leste do Jordão. Essa identificação de dois pilares é fortemente remanescente da teologia que Moisés havia trazido consigo dos reinos duplos do Alto e Baixo Egito. Não parece ser possível que essas duas cidades citadas na Bíblia tenham existido ao tempo de Jacó, e quando se olha para o significado literal dos nomes dessas cidades se percebe que foram criadas para ficar de acordo com as necessidades da história. Betel significa "casa de Deus", sugerindo um ponto de contato entre os Céus e a Terra, e Mizpah significa "torre de vigia", que é um ponto de proteção contra invasões. Muitos ocidentais hoje em dia pensam em nomes próprios como etiquetas abstratas, e quando uma criança está por nascer, os pais podem comprar um livro de nomes do qual escolhem um que lhes agrade. Para a maior parte da história, no entanto, em vez de ser uma designação meramente agradável ou popular, os nomes têm sido fonte de importantes significados. É muito interessante notar que o falecido filólogo John Allegro descobriu que o nome Jacó vem diretamente do sumério IA-A-GUB, que quer dizer "pilar" ou "pedra ereta". Ao escrever a história de seu povo os hebreus deram aos personagens-chave uma série de títulos que comunicam significados especiais, mas que os leitores modernos vêem como simples nomes. Cremos que os autores do Gênese queriam dizer muitas coisas ao dar o nome de Jacó a esse personagem: e quando o texto muda seu nome para Israel, isso mostra ao leitor contemporâneo que os pilares do novo reino estavam em seu devido lugar e que a nação estava pronta para receber seu próprio nome. Isso era um acontecimento que devia anteceder o estabelecimento da verdadeira realeza. O Profeta da Nova Jerusalém. Um dos mais estranhos e importantes personagens de nossa reconstrução da Babilônia é o profeta Ezequiel. Seu estilo obscuro, repetitivo e profundamente difícil já levou muitos observadores a concluir que esse homem deve ter sido um tanto louco. Tenha ou não existido e tendo sido são ou totalmente esquizofrênico não importa, porque os escritos a ele atribuídos, falsos ou não, estabeleceram a teologia de Qumran, o povo que foi a Igreja de Jerusalém. Ezequiel foi o arquiteto do Templo de Yahweh imaginário ou idealizado, e não duvidamos que este tenha sido o mais importante de todos. Muitos peritos do século XX concluíram que esses trabalhos foram a expressão de pessoas muito posteriores, cerca de 230 a.C. em diante. Isso os colocaria bem perto da datação do mais velho dos manuscritos encontrados em Qumran, que se crêem datados entre 187 a.C e 70 d.C. Se este fosse o caso, então nossa tese estaria afetada, servindo apenas para confirmar os já imensos elos entre esses escritos e a Comunidade de Qumran, então para nossa conveniência assumimos nesse ponto de nosso trabalho que o Livro de Ezequiel foi escrito por um só homem durante o Cativeiro na Babilônia. A Queda de Jerusalém e a Destruição do Templo tiveram grande significado para Ezequiel, que foi um sacerdote do templo e um dos membros da elite levada cativa para o exílio em 597 a.C. As estranhas visões que ele teve durante o cativeiro estão centradas nesses dois eventos. Sua mulher morreu na véspera da destruição do Templo, o que, para o profeta, era sinal de um grande portento. No entanto, esse desastre não surpreendeu Ezequiel, que o viu como a punição que Yahweh estava dando a Israel por seu passado cruel e sem valor, que remontava aos tempos de suas origens pagãs e à adoração de ídolos egípcios. A infidelidade a Yahweh havia continuado até o momento em que Deus permitiu que os inimigos de Israel a derrotassem. A despeito de tudo o que Yahweh fez por seu povo escolhido, Israel (os dois reinos) havia persistido em seu comportamento rebelde, impudente e renitente, sem dar a mínima atenção a seu chamado e ao elo de sua Aliança. Os judeus haviam desobedecido às leis e estatutos divinos e profanado as coisas sagradas, inclusive o próprio Templo - o mesmo Templo onde sua Glória habitava o Santo dos Santos. A destruição de Jerusalém e do Templo representava uma morte, enquanto a sonhada nova cidade e o templo reconstruído seriam uma ressurreição, um renascimento com todas as nódoas removidas. Ezequiel se viu como o arquiteto desse Novo Templo, um que realizaria a promessa e criaria um foco central para a nação que seria pura e boa, que seria o "reino dos Céus" sobre a Terra. Em suas visões obscuras a alegoria e o simbolismo são abundantes em imagens de homens de muitas faces, leões, águias, e itens tão estranhos como grelhas de ferro para assar. Ele voa pelo ar de volta ao Templo e lá executa estranhos rituais como raspar sua barba e cabelo, dividindo o material em três partes ao pesá-lo. Um terço de seu cabelo e barba é queimado, outro terço, cortado em pedaços por uma espada e o último terço, espalhado ao vento. Naquela época o cabelo de uma pessoa representava a sua dignidade, sua força e seu poder, e parece que "ele usou essas imagens como representações do destino recente do povo de Judá e Israel. Uma visão importante e particularmente interessante ocorreu em novembro de 591 a.C. quando Ezequiel estava sentado em sua casa perto do Grande Canal da cidade de Nippur na Mesopotâmia (Suméria) recebendo os mais velhos de Judá que se sentaram a seus pés. Os mais velhos (talvez o próprio rei estivesse entre eles) haviam vindo escutar quaisquer mensagens que Yahweh lhes quisesse transmitir, quando o profeta caiu em um transe e viu um homem vestido de fogo que estendeu a mão, pegou-o pelos cabelos do alto da cabeça e o levou de volta ao portão interno do Templo. Ezequiel viu imagens de cultos pagãos aos deuses Tammuz, Baal e Adônis antes de ser levado a uma porta no pátio e ordenado a cavar um buraco na parede, através do qual ele viu uma cena marcante: Através desse buraco ele vê pinturas murais contendo quadros de coisas rastejantes e outras cenas mitológicas, motivos que parecem apontar para práticas sincréticas provenientes do Egito. Setenta anciãos estão praticando mistérios secretos com incensórios em suas mãos. O grifo é nosso porque aqui temos os anciãos de Jerusalém (as mesmas pessoas que estão sentadas aos pés de Ezequiel em transe, sendo acusadas de possuir "mistérios secretos" de origem egípcia e de conduzir cerimônias privadas dentro do Templo de Salomão. Ezequiel 8:12 conta que a cerimônia era realizada no escuro, como acontece no 3° Grau da Maçonaria. A que poderia estar se referindo o profeta? Essa parte da visão nunca fez muito sentido para os estudiosos bíblicos, além da mensagem geral e óbvia de que a destruição do Templo fora causada por falta de pureza no relacionamento com Yahweh. O elemento egípcio nunca foi explicado, especialmente por estar claro que na visão são os anciãos de Israel que estão envolvidos nesses ritos secretos. Neste versículo (Ezequiel 8:8) que apresenta essa visão em particular se conta como o profeta foi capaz de espiar os acontecimentos, e tem impressionantes similaridades com Gênese 49:6, que mais tarde identificamos como sendo referente ao plano irrealizado de José para conseguir os segredos de Seqenenre e o fato de que os vilões "cavaram uma parede". Recordemo-nos do versículo do Gênese que diz: Que minha alma não entre em seu conselho, que meu coração não se una a seu grupo, porque em sua cólera mataram um homem, e em seus caprichos cavaram uma parede. O versículo em Ezequiel parece reportar-se diretamente a essas circunstâncias da tentativa frustrada de arrancar de Seqenenre Tao os segredos da feitura de reis. Diz assim: Ele me disse: "Filho do Homem, abre uma fenda na parede". Abri uma fenda e ali vi uma porta. No Gênese existe uma falha na tentativa de conhecer os segredos, mas na visão de Ezequiel ele encontra uma porta e vê o que acontece por de trás dela, mas dessa vez não era um templo em Tebas onde estavam os segredos originais, mas sim o Templo de Jerusalém com os segredos substitutos. Ezequiel está ultrajado pelas imagens egípcias nas paredes, nomeando como principal culpado ao rei Josias, que no meio do século anterior havia reformado o templo e mandado redecorar suas paredes. A descrição parece muito similar ao simbolismo encontrado nas paredes e teto de um templo maçônico dos dias de hoje, que são baseados no Templo do Rei Salomão e, até hoje, muitos dos detalhes são flagrantemente egípcios. Os ex-líderes do reino de Judá que entraram na casa em Nippur onde Ezequiel se exilara lá estavam em busca de aconselhamento por parte desse santo homem, e foi isso o que ele lhes deu. Ao ler e reler Ezequiel foi incrível perceber quanto sentido esse livro tão obscuro agora fazia. Nossa excitação cresceu enquanto se tornava claro que havíamos encontrado um elo importantíssimo em nossa corrente reconstruída de eventos, ligando Seqenenre à Comunidade de Qumran. A mensagem que o profeta estava passando aos anciãos exilados estava relacionada com sua própria cerimônia secreta, que lhes havia sido transmitida diretamente desde Moisés através da linhagem de David. A essência da mensagem do profeta era esta: Vos digo que perdemos nosso reino por serem as pessoas infiéis a Yahweh, adorando outros deuses, e vós fostes os maiores transgressores porque conduzistes vossos 'mistérios secretos' que vem do Egito pagão, baseados na adoração do sol e sem lugar para o Deus de vossos pais. Vós sois os maiores pecadores de todos, e é certo que Yahweh vos tenha punido. E podemos imaginar a resposta desses homens alquebrados: Mas estes são os segredos da Casa Real de David ensinados pelo próprio Moisés! É por isto que vós não tendes mais uma casa Real, lembrai-vos de que Yahweh é o Rei dos Céus, responde Ezequiel. O que devemos fazer, profeta? Dize-nos como recuperar aquilo que perdemos! Deveis reconstruir o Templo primeiro em vossos corações para que a ele se siga o Templo de pedra. Vivei de acordo com a Lei e adorai somente a Yahweh. Podeis guardar vossos segredos, mas deveis abandonar de uma vez a história egípcia que os acompanha, transformando as grandes verdades dentro de vós na vossa tarefa de reconstruir o Templo. Usai vossos segredos - mas conhecei vosso Deus antes. Não podemos pensar em explicação mais simples para essa importante visão de Ezequiel. Cremos que foi neste ponto da história judaica que a história de Seqenenre se tornou a história de Hiram, o construtor do primeiro Templo, que foi perdida por causa da urgência com que Ezequiel impôs a remoção de todos os traços possíveis do ritual egípcio. O Livro de Ezequiel segue contando como ele recebeu em outra visão a ordem de tomar duas varas, inscrever nelas os nomes de "Judá" e "Josee" e juntá-las em uma só, simbolicamente reunindo os dois reinos. Um só rei os governaria e Yahweh o salvaria da apostasia (significando as "relações" com outros deuses), o purificaria de toda a sujeira e o traria para uma nova relação de aliança. Sob a regra de seu servo David o reino viveria em obediência e fidelidade e ocuparia a terra de seus pais. A aliança de paz, como todas as bênçãos e benefícios dessa nova era, seria eterna: mas acima de tudo Yahweh viveria no meio de seu povo. A presença de seu santuário em seu meio é uma prova de que a aliança teria sido renovada e, portanto, as nações veriam que Yahweh santificara seu povo e por isso os separara dos outros. A mais famosa das visões de Ezequiel ocorreu no começo de 573 a.C., logo após o profeta ter passado quase um quarto de século como cativo, e durante esse tempo seu modo de ver o mundo tornouse especialmente refinado. Nessa visão ele é transportado para uma alta montanha onde pode ver um panorama de edifícios espalhados a seus pés com muralhas e portões como uma cidade. Primeiro ele se vê no portão do leste onde encontra um homem que é como uma estátua de bronze e traz nas mãos uma cana que mede aproximadamente três metros e vinte e cinco centímetros: esse é seu padrão arquitetônico. Ezequiel é ordenado a prestar atenção, pois seria seu dever tudo relatar aos exilados. Ele enxerga o portão do leste, também conhecido como Porta da Retidão, em linha direta com o caminho principal para o Templo. A área principal do Templo é elevada para separar o sagrado do profano, e pela subida de sete degraus ele chega ao limiar e então passa pelo portão, onde existem três salas de guarda em frente uma da outra, sendo todas elas perfeitamente quadradas e das mesmas dimensões. Os ecos dessa visão estão bastante claros na Maçonaria, com a importância do portão do leste ou Oriente e o respeito ao esquadrejamento, mas de particular importância são os sete degraus do limiar. O candidato ao 3° Grau deve subir sete degraus até o pedestal do Venerável Mestre no leste do Templo maçônico. Além dessa passagem fica um segundo limiar e o vestíbulo do portão que leva ao pátio. Ao longo da muralha desse pátio, com a mesma profundidade que os portões tem de comprimento, corre um largo pavimento com câmaras arranjadas simetricamente, totalizando trinta. Os graus de santidade são representados pela crescente elevação de várias partes do Templo. A descrição das partes componentes se segue identificando os três portões como estando ao leste, ao oeste e ao sul, exatamente como na tradição maçônica. Ezequiel eventualmente é levado até o pátio interno onde enxerga duas salas ao lado os portões do norte e do sul, o primeiro para os sacerdotes que controlam as facilidades do Templo e o outro para os que são responsáveis pelo altar. O pátio é um quadrado perfeito. O vestíbulo do Templo é dez degraus mais alto que o pátio interno, os pilares do qual são identificados como correspondendo a Booz e Jachin, os pilares do Templo de Salomão. A visão culmina com o retorno de Yahweh, e como o Horus do Antigo Egito ele se ergue como uma estrela no leste e entra em sua nova casa pelo ''Portão da Retidão". Finalmente a imaginação de Ezequiel estabelece as regras para o sacerdócio que se tornarão os marcos definitivos dos essênios em Qumran. Os legítimos sacerdotes desse santuário devem ser os filhos de Sadok, o antigo sumo-sacerdote. Conhecidos pelo povo de Qumran como Sadoquitas, esses filhos de Sadok deveriam vestir linho branco quando entrassem no pátio interno. Não poderiam raspar suas cabeças nem permitir que seu cabelo crescesse demasiadamente, não podiam beber vinho antes de entrar nesse pátio, deveriam casar-se com virgens de nascimento israelita e deveriam ensinar às pessoas a diferença entre limpo e sujo. A lista de requerimentos segue e incluía proibição de ter posses pessoais ou de entrar em contato com os mortos. A forma para a nova ordem havia sido feita, e a imagem do "templo-que-será" se torna mais importante que o templo que foi perdido. O Templo de Zorobabel A 12 de outubro de 539 a.C. um general do rei persa Ciro, de nome Ugbaru, toma a cidade da Babilônia sem derramamento de sangue. Dezessete dias mais tarde, o próprio Ciro atravessava os Portões de Ishtar em seu carro, seguido pelos exércitos combinados dos medos e dos persas. O rei não apenas permitiu que os judeus retornassem a Jerusalém, mas também devolve a eles os tesouros que Nabucodonosor havia tirado de seu Templo. Os judeus reconquistaram sua cidade, mas Judá se tornou uma província do Império Persa em vez dos babilônios. Pessoas que haviam deixado Jerusalém ainda crianças voltavam como homens e mulheres muito velhos. As lembranças de sua cidade natal devem ter sido muito apagadas e a realidade da comunidade parcialmente reconstruída deve ter sido um choque após uma vida na Babilônia. Deve ter sido um choque também para a população que tinha ficado em Jerusalém por todo esse tempo. Ver milhares de estranhos chegando do leste, exigindo não apenas comida e abrigo, mas também esperando poder retomar a posse de velhos terrenos e casa de família, deve ter sido, para dizer o mínimo, muito difícil. Traziam com eles uma série de idéias que haviam sido incubadas na escravidão e esses parentes sofisticados logo se aplicaram ao trabalho de reatar uma nova e poderosa aliança com Yahweh. O Templo foi reconstruído antes do final do século VI a.C por Zorobabel, o neto do último rei e herdeiro do trono de David. O considerável efeito que a servidão teve nos judeus é ilustrado pelo nome de seu líder: Zorobabel (Zerubbabel) significa "semente da Babilônia". Enquanto novas pedras eram postas umas sobre as outras novas e mais estritas exigências de "santidade" eram formuladas, não apenas para os sacerdotes, mas agora também para os leigos. Usamos o termo no masculino deliberadamente porque apesar das mulheres terem estado ainda envolvidas em vários aspectos da nova religião que floresceu durante o segundo templo, não tinham permissão para o sacerdócio. O Livro da Lei que foi aplicado aos exilados que retornavam era muito preciso sobre o que se exigia do povo de Yahweh. Leis dietárias eram extremamente rígidas, com uma longa lista de comidas que não podiam ser ingeridas. A lista de animais impuros era compreensível e incluía: camelos, texugos, caranguejos, lagostas, animais de concha, tubarões, cobras, morcegos, certos tipos de insetos, ratos, lagartos, lebres, avestruzes e, é claro, porcos. Animais que eram considerados aceitáveis para a mesa de refeições iam de escolhas lógicas como carneiros, cabritos, pombos e pombas até o que nos pareceria guloseimas menos saborosas, como grilos e gafanhotos. É importante lembrar que antes do retorno dos exilados, o povo de Israel e Judá de maneira geral não era nem monoteísta nem fervoroso adorador de Yahweh, o deus de Moisés. Na verdade o termo "judeu" (significando "membro da tribo de Judá") fora cunhado durante o Cativeiro da Babilônia, e com ele veio um novo e poderoso sentido de nacionalidade que foi marcado pela construção do Templo de Zorobabel. Os construtores da nova Jerusalém se viam como um povo com alguma coisa muito especial em sua relação com Yahweh, e para proteger essa preferência tomaram medidas tais como proibir o casamento fora de seu povo. Dessa maneira, as antes disparatadas tribos do Levante se tornaram uma raça. A Nova Ameaça a Yahweh Os judeus com seu agora ampliado sentido de identidade haviam escapado de seus senhores babilônios, graças à intervenção dos persas, em cujo império haviam sido absorvidos. A influência desses dois poderes está aparente nos textos do Antigo Testamento, mas no meio do século IV a.C. uma cultura radicalmente nova se ergueu, causando um efeito muito mais profundo no futuro do Judaísmo. Na verdade ela menos influenciou que colidiu com a visão introvertida e espiritual dos judeus. Esses pensadores radicais eram os gregos. Os gregos tinham seu próprio panteão de deuses, mas diferentemente dos exclusivistas e fechados judeus eram cosmopolitas e ecléticos, com um intenso interesse nos deuses dos outros povos. Os judeus haviam construído uma teologia que bebera largamente em crenças da Suméria, do Egito, da Babilônia e de muitos outros lugares, mas agora queriam apenas consolidar O foco em seu deus especial- Yahweh. Apesar dos gregos por um outro lado serem extremamente supersticiosos sobre o papel das influências de outros mundos, estavam abertos a novas idéias. Haviam criado uma separação clara entre o papel dos deuses e o direito humano de pensar criativamente, acreditando que seu destino era dependente da ciência, da política, das finanças e do poder militar. Enquanto em Jerusalém a ordem social era centrada em um sacerdócio e a satisfação de um deus difícil, os pensadores gregos estavam produzindo uma nova classe de filósofos, cientistas e poetas. O mundo soube deste novo grande poder graças aos esforços militares de um dos maiores líderes de todos os tempos: o rei da Macedônia, Alexandre, o Grande. Alexandre liderou um exército que conquistou o Egito, todo o Império Persa e atravessou o Afeganistão até o sub-continente indiano, mas quando morreu de febre na Babilônia em 323 a.C. tinha apenas trinta e três anos de idade. O império criado por esse incrivelmente jovem rei 'abriu as portas para uma verdadeira forma internacional de viver, com o conhecimento e os deuses sendo permutados em todo o mundo, desde a nova cidade de Alexandria, no Egito, até o Vale do Indo. A língua grega tornou-se o padrão do comércio, da diplomacia e do aprendizado. O modo de vida e de pensamento helenístico tornou-se a única opção para os intelectuais: se uma pessoa não pudesse ler e escrever em grego, estava fora da nova elite internacional. A decadente sociedade egípcia respondeu à chegada dos gregos declarando que o jovem rei de vinte e quatro anos de idade chamado Alexandre era filho de deus e faraó encarnado. O jovem guerreiro que livrou o Egito de seus invasores persas, mas que tinha ele mesmo vindo através do Mar Mediterrâneo, tomou O nome real de haa-ib-re Setep-en-amen, que significa "Jubilante está o Coração de Rá, Escolhido de Amon". A estada de Alexandre no Egito foi curta, mas sua influência foi maciça, pois restaurou antigos templos e ergueu a cidade que ainda leva seu nome. A influência helenística no Egito permaneceu dentro da linhagem de faraós conhecidos como Dinastia Ptolomaica, os quais, apesar de seus trajes tipicamente reais, eram gregos. A mais famosa foi Cleópatra, a quem se reputa como tendo sido sábia e bela: certamente ela foi um dos poucos líderes dessa Dinastia que podia falar a língua egípcia. Na cidade de Alexandria, os velhos deuses egípcios se misturaram com os deuses gregos para produzir deidades híbridas que satisfizessem a todos os gostos. Os pilares duplos das Duas Terras se tornaram os Pilares de Hermes, e os atributos do deus-lunar Thot foram absorvidos por Hermes. Thot representava a sabedoria e era, como todos sabemos, irmão de Ma'at. Já foi dito que esse deus possuía todo o conhecimento secreto em 36.535 rolos de papiro que estavam ocultos sob o vão celestial (o céu) e que só poderiam ser encontrados pelos que tivessem valor, que usariam esse conhecimento para o beneficio da humanidade. (Nos chamou a atenção o fato do número de rolos ser quase exatamente igual ao número de dias existentes em um século). Hermes assumiu o manto de Thot como inventor da escrita, arquitetura, aritmética, topografia, geometria, astronomia, medicina e cirurgia. Tanto Thot quanto Hermes são extremamente importantes nas lendas da Maçonaria e os dois nomes são tratados pelos mitos maçônicos como pertencendo a uma mesma pessoa: No sepulcro de Osymandias foram depositados vinte mil volumes... todos os quais, por conta de sua Antigüidade, ou pela importância de seus assuntos, eram atribuídos a Thot ou Hermes que, como bem se sabe, uniu em seu caráter a inteligência da divindade com o patriotismo de um ministro fiel. As Antigas Obrigações da Maçonaria nos contam como Hermes/Thot se envolveu no desenvolvimento dos primórdios da ciência como essa citação da versão de Inigo Jones mostra: TU me perguntas como esta Ciência foi inventada, Minha Resposta é essa: Que antes do Dilúvio Universal, que é comumente Chamado de Dilúvio de Noé, havia um Homem chamado LAMECH, como podes ler no Capítulo IV do Gênese: que tinha Duas Esposas, Uma chamada ADA, a outra ZILA, que tinha Um FILHO chamado TUBAL e uma Filha chamada Naamab: que essas Crianças descobriram o princípio de Todos os Ofícios do Mundo: JABAL achou a Geometria, e ele Dividiu Rebanhos de Carneiros, Ele foi o primeiro a erguer uma Casa de Pedra e Madeira. SEU Irmão JUBAL achou a ARTE da MÚSICA. Ele foi o pai de instrumentos como a Harpa e o Órgão. TUBAL-CAIN foi o Instrutor de Todo Artífice em Cobre e Ferro, E sua Filha descobriu a ARTE de Tecer. ESSAS Crianças sabiam bem que DEUS se Vingaria do PECADO pelo Fogo ou pela Água: Portanto eles Escreveram suas CIÊNCIAS que haviam descoberto em Dois Pilares, para que pudessem ser encontrados depois do Dilúvio de NOÉ. UM dos Pilares era de Mármore, que não se Queima com nenhum Fogo, E a outra pedra era Cerâmica pois esta não afunda em nenhuma Água. NOSSA intenção a seguir é Contar com Verdade, como e De Que maneira essas PEDRAS foram encontradas nas quais estas CIÊNCIAS estavam Escritas. O Grande HERMES (de Sobrenome TRISMAGISTUS, ou três vezes Grande). Sendo tanto Rei quanto Sacerdote e Filósofo, (no EGITO) encontrou Um deles e Viveu no Ano do Mundo de Dois Mil e Setenta e Seis, no reinado de NINUS, e alguns crêem que seja Neto de CUSH, que era neto de NOÉ, aquele que primeiro começou a Estudar a Astronomia, para Admirar as outras Maravilhas da Natureza: Ele provou que não existe senão Um DEUS, Criador de Todas as Coisas, Ele Dividiu o dia em Doze Horas, Dele também se crê que foi o primeiro que Dividiu o ZODÍACO em Doze Signos. Ele era Ministro de OSÍRIS, Rei do EGITO: E se diz que inventou a Escrita Comum e os Hieróg1ifos: as primeiras Leis dos egípcios: e Várias Ciências, e as Ensinou a outros Homens. (Anno Mundi MDCCCX ). Aqui a Maçonaria recorda como os gregos construíram suas crenças a partir de lendas egípcias. A data "Anno Mundi" significa "a partir do começo do mundo", que a Maçonaria considera ter sido o ano 4000 a.C o momento em que a civilização da Suméria se materializou aparentemente a partir do nada! (Curiosamente, a data do texto nos diz que Thot/Hermes inventou a escrita e ensinou as ciências à humanidade em 3390 a.C como agora sabemos, isso foi pouco mais que duzentos anos antes que a consolidação do primeiro reino unido do Antigo Egito tivesse lugar e também os mais antigos hieróglifos tivessem sido produzidos.). No século IV a.C a teologia judaica havia amadurecido com lendas detalhadas de sua própria lavra, e o sacerdócio não desejava intrusões nem de gregos nem de ninguém mais. No entanto muitas pessoas foram ágeis em esquecer os aspectos mais restritivos de sua aliança com Yahweh e aceitaram essa nova ordem mundial com grande alegria. Logo a nova raça que se autodenominava 'Judeus" se espalhou, estabelecendo seu próprio centro em praticamente todas as cidades helenísticas. Os judeus tinham poucas habilidades a oferecer porque sua cultura muito jovem não tinha tradição de construção nem manufatura, mas através de cruéis circunstâncias haviam aprendido a viver de seus talentos e extrair o melhor de cada situação. Uma expediência natural e uma vontade imensa de prosseguir mesmo em face da adversidade os tornavam especialmente apta a tornarem-se negociantes, compradores e vendedores, que poderiam dar se uma vida boa e honesta simplesmente ficando atentos às oportunidades de lucro que outros não tivessem notado. Os judeus rapidamente se tornaram membros respeitados do novo comércio que impulsionou o império grego: e um comentarista os descreve como sendo "gregos não só na fala, mas também no espírito". Os judeus levaram consigo sua crença em Yahweh, e seus livros foram traduzidos para o Koine, a versão contemporânea e urbana do grego clássico. Esses textos tornaram-se conhecidos como o Septuaginta - o Livro dos Setenta. As escrituras originais agora existiam em hebraico, aramaico do Império Persa e Koine: e desse ponto em diante os novos trabalhos religiosos poderiam ser lidos e até mesmo criados em qualquer uma dessas três línguas. A linguagem, no entanto, é uma coisa estranha: é uma forma de comunicação viva, criativa e especial que age dentro de uma comunidade em um ponto determinado do tempo. A tradução é uma arte imprecisa e nunca a substituição científica de uma palavra por outra encontra a sua contraparte exata, como as pessoas costumam pensar que seja. A língua grega foi desenvolvida por um povo racional, de mente aberta e cosmopolita, que usava a oratória e a filosofia para grande efeito: por contraste, o hebraico havia sido desenvolvido por um povo irracional e inspirado em uma visão de mundo completamente oposta. Os judeus que falavam koine e viviam em Alexandria, Éfeso e outras cidades e que traduziram suas próprias escrituras na melhor das intenções não tinham como não afetar o sabor e o conteúdo. O mundo judeu fora de Judá era conhecido como a Diáspora, e a fiel minoria que ficara em Jerusalém se alarmava mais e mais com o que estava acontecendo em novos lugares além de suas fronteiras. Chamaram esses judeus da Diáspora "buscadores-das-coisas-suaves" ou como diríamos hoje, "vidamansa". Eles desejavam a herança de seu nascimento, mas também buscavam as boas coisas que o modo de vida grego lhes trouxera. Interpretavam a lei como melhor lhes conviesse e, pior do que tudo, cometeram uma "transgressão" ao inventar a sinagoga. "Sinagoga" não é uma palavra hebraica: é grega, e significa "fazer reunir", e era originalmente um lugar em que os judeus se encontravam e organizavam as necessidades de sua comunidade para manter a suas variadas leis, principalmente as que tratavam da alimentação. Em algum ponto, no entanto, a sinagoga passou de lugar de encontro a templo, um lugar em que se podia prestar devoção a Yahweh. Essa era uma idéia ultrajante para os que acreditavam que seu Deus só pudesse ser adorado em Sua Casa na Cidade Santa. Os devotos seguidores de Deus nessa Cidade Santa estavam boquiabertos com a frouxidão de costumes dos judeus e começaram a temer pelo pior: Yahweh os puniria horrivelmente se não se resantificassem imediatamente. A religião de Yahweh estava agora chamando a atenção de ocultistas que ficaram fascinados com as propriedades mágicas que nela viam, e que acabaram por gerar uma visão bem diferente de seu significado. Os elementos numerológicos se tornaram fascinantes, e até o nome de deus, pronunciado Yahweh, mas escrito YHWH, ganhou novos significados. Os gregos chamaram a esse nome de Deus de "Tetragrammaton", e trataram os textos judaicos como uma fonte de supostas sabedorias antiga e esotérica. Novos cultos surgiram no Império Helenístico, baseando-se nas escrituras de Yahweh, ainda que seus seguidores não fossem judeus. Esses gentios pegaram o que quiseram do Judaísmo, e foram esses grupos, como veremos posteriormente, que se tornaram o terreno fértil para um outro mistério grego chamado Cristianismo. Conclusão O Templo que Salomão havia construído para Yahweh havia incorporado uma das mais importantes representações simbólicas da permanente força da monarquia egípcia revitalizada, o símbolo dos dois pilares, e nós sabíamos que esse símbolo tinha uma ligação direta com o Êxodo de Moisés através de Josué, Gedeão, Abimalec e Sansão. Parecia razoável que se os aspectos mais públicos do ritual de Seqenenre tivessem sido dados aos israelitas por Moisés, então as cerimônias mais importantes de feitura de reis deveriam também ter sobrevivido. Mais uma vez surgia a estranheza histórica após a morte de Salomão, que atraiu nossa atenção. Enquanto o reino de Israel ao norte estava sendo abalado por mudanças em suas linhagens de poder, no reino de Judá ao sul a linhagem de David permaneceu sem interrupções por mais de quatrocentos anos. Consideramos essa estabilidade como prova circunstancial da sobrevivência do ritual de ressurreição de Seqenenre que conferia um "direito divino de governar à linhagem de David. Havíamos encontrado evidências que apoiavam esse ponto na representação ritual da batalha original entre as forças da Luz e as forças das Trevas e do Caos descrita no Enuma Elish que nos recordou fortemente do ritual egípcio dos hipopótamos. De qualquer forma, foi nosso estudo detalhado do período de exílio babilônico na história judaica que finalmente revelou a explicação do porque o nome de Seqenenre foi abandonado. Ezequiel, o arquiteto do imaginário Segundo Templo de Yahweh, havia dito aos anciãos exilados de Jerusalém que removessem as práticas egípcias de seus mistérios secretos que eram conduzidos nas trevas debaixo do Templo de Salomão. Sabemos que até hoje o ritual da ressurreição de Seqenenre é feito na escuridão, porque ambos passamos por ele. Havíamos sido abalados pelas similaridades ao versículo do Gênese 49:6 que é a única referência da Bíblia à morte do rei tebano. O Livro de Ezequiel nos conta como o profeta expurgou das crianças de Israel as práticas egípcias, trazendo-as de volta ao caminho de Yahweh. Portanto agora sabíamos como Seqenenre Tao havia se tornado Hiram Abiff, o rei que foi perdido. Fora o trabalho da impressionante figura de Ezequiel em uma tentativa de explicar porque Deus falhara em defender seu próprio Templo de seus inimigos.

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