segunda-feira, 16 de julho de 2018
A PRECE DA SALA DOS PASSOS PERDIDOS.
MEUS IRMÃOS,
ANTES DE INGRESSARMOS NESTE AUGUSTO TEMPLO
DEVEMOS MEDITAR
PREPARANDO-NOS PARA AO MESMO TEMPO,
INGRESSARMOS NO TEMPLO DE DENTRO,
MERGULHANDO EM UM OCEANO DE TRANQUILIDADE,
DEIXANDO OS PENSAMENTOS COMUNS,
OS DISSABORES, AS ANGUSTIAS,
OS PROBLEMAS DOS COTIDIANOS PARA TRÁS.
NOSSO ESCOPO, É COMPLETAR A EDIFICAÇAO DO TEMPLO DA VIRTUDE,
EMBELEZANDO-O COM OS NOSSOS PROPOSITO DE APERFEIÇOAMENTO
CADA IRMÃO SOMARÁ AO QUE ESTIVER AO LADO,
AS VIBRAÇÕES BENÉFICAS,
VISANDO ENCONTRAR APÓS O UMBRAL DESTA PORTA,
A PAZ QUE TANTO NECESSITA,
INVOQUEMOS AO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO,
PARA QUE DIRIJA OS NOSSOS PASSOS.
"ASSIM SEJA"
A HISTÓRIA DE COMO CAIM MATOU ABEL SEU IRMÃO ABEL E SUAS OFERTAS
A história de como Caim matou Abel é uma das mais enigmática de toda a bíblia. Caim e Abel nasceram após a queda e expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden.
Estavam portanto bem no início da história da humanidade. Eles possuíam cerda de 100 a 130 anos de idade, quando Caim matou abel.
No livro do Gênesis cap. 4.1-18, não é explicado por que inicia a prática do sacrifício com o objetivo de Adoração.
Muitos estudiosos afirmam que a oferta de Caim não foi aceita porque não envolvia derramamento de sangue; mas o capítulo 4 de Gênesis não dá nenhuma indicação de que Caim e abel achegaram-se a Deus naquele momento para pedir perdão por seus pecados.
As ofertas de Caim e Abel eram atos voluntários de adoração. Pelo sistema antigo de sacrifícios de Israel, Deus abençoava tanto as ofertas de cereais como o sacrifício de animais (Lv 6.14-23).
"E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR." Gênesis 4:3
Entretanto, a oferta de Caim foi inferior a de Abel porque a motivação de Caim não era boa.
A Oferta de Caim, Estética e Beleza num Lindo Arranjo Vegetal.
Caim trouxe da terra, do seu trabalho, do seu suor, do seu esforço, da sua cultura, do seu arado, da sua produção, da sua tecnologia, da sua capacidade de intervir nos processos da natureza, produzindo uma cultura própria, fruto de um trabalho pessoal, produto de uma concepção mental.
Ele trouxe uma oferta do melhor que possuía. O melhor que seu esforço produziu. O melhor que a sua inteligência pôde arquitetar, aquilo que sua arte pôde alcançar, o resultado do seu esforço.
Abel porém trouxe das primícias do seu rebanho. Agradou-se o Senhor da oferta de Abel, mas da oferta de Caim não se agradou o Senhor. Não há uma explicação clara para tal fato.
"E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta." Gênesis 4:4
"Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. Gênesis 4:5
A atividade de cuidar de rebanhos é um tanto trabalhosa, porém levando essa atividade para o tempo em que se encontravam Caim e Abel, percebemos que a função de pastor de ovelhas, da época, era uma atividade de vigiar e observar as ovelhas.
Voltava-se para guiá-las aos locais onde havia água e pastos verdes. Oferecia proteção dos animais ferozes e não deixava que os instintos dos rebanhos, se voltassem contra eles próprios.
A atividade de pastor, no tempo de Caim e Abel (nos primórdios do mundo), não exigia muita qualificação para ser feita.
Ser pastor era antes de mais nada, oferecer, para as ovelhas, daquilo que a própria natureza já dispunha, sem a necessidade de uma árdua intervenção humana, que demandava muito esforço.
Caim Mata Abel com Aproximadamente 130 Anos.
A oferta de Caim se constitui então do resultado de muito esforço humano. Era um trabalho muito dispendioso a agricultura primitiva. Muito arado, muito suor, muita ralação, bolhas e calos nas mãos.
E Caim ainda tinha que aprender, imaginar, desenvolver e aplicar o seu conhecimento no plantio e cultivo da sua produção agrícola. Exigia muita intervenção de Caim nos processos do seu trabalho.
Caim colhe, com confiança, da sua produção, fruto do seu muito esforço, e traz uma oferta para Deus. Uma oferta que mostrava a sua capacidade de intervir na natureza e nos processos de causa e efeito.
A oferta de Caim trazia em si o valor da estética, a beleza de um arranjo vegetal lindo! Um altar vegetal, com muitas frutas e legumes multicoloridos.
O encantamento visual deste tipo de altar é algo espetacular! Sem falar no cheiro suave destes produtos frescos. Os melhores da sua cultura.
A oferta de de Caim é a oferta do esforço, da confiança no seu trabalho, em uma tentativa de seduzir a atenção divina, pelo uso da estética visual.
Abel, entretanto traz para Deus uma oferta das primícias do seu rebanho. Uma oferta de sangue, oferecendo algo que a própria natureza já quase que por si só havia criado. Uma oferta que mostrava a sua incapacidade.
A Oferta de Abel traz o contraste sanguinolento e feio de um animal degolado e o sangue escorrendo e lavando todo o altar.
A oferta de Abel faz uma afirmação implícita de que havia a necessidade de um substituto, que fosse vicarizado e pagasse pelo pecado do ser humano. Pois sem isso, não se podia agradar a Deus e nem haver uma autojustificação.
A oferta de Abel aponta para a fé, o descanso e a confiança em Deus.
A oferta de Caim representa as religiões da terra, que buscam a justificação por meio de um esforço meritório. Essas religiões buscam uma obra, um sacrifício, um sofrimento auto-imposto para a sua própria justificação.
Já Abel ofereceu um sacrifício que carregava a semente do cordeiro que foi imolado antes da fundação do mundo. Este cordeiro foi materializado na crucificação de Jesus.
"Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala." Hebreus 11:4
Aquele sacrifício que não exigiu tanto esforço humano, já mostrava que a justificação só se alcança pela fé. Somente pela fé se pode agradar a Deus. Isso não vem de nós, como Caim pensou, mas é dom de Deus.
Para o Deus de Abel não há estética, não há obras de justificação, há somente sangue. Pois o sangue de um inocente foi necessário para tomar o nosso lugar, afim de trazer a pacificação de Deus com a humanidade.
Assim, Deus está pacificado com o Mundo. Hoje é possível agradá-lo, porém ao trazer sua oferta de louvor, lembre-se que não é por seu merecimento, mas é pelo sangue e somente pelo sangue de Jesus que podemos à ele se chegar.
A FUGA PATRIARCA DE JACÓ
Encontramos no livro de Gênesis, capítulo 28, uma narração muito significativa para a mensagem do evangelho de Jesus Cristo.
A história da fuga do patriarca Jacó, da cidade Berseba para Padã-Arã, traz à luz detalhes dos desígnios presentes no coração de Deus, desde o tempo antigo.
Desde lá a graça de Deus já se fazia entre os homens.
Esta história, que se passa há longínquos 3800 anos ou 1800 anos antes de Cristo, representa um lindo simbolismo da reflexão interior que o evangelho exerce no coração do homem.
A simplicidade da curta afirmação presente no texto do livro de aos Romanos 9:13, traz em si um contexto histórico, cultural e espiritual riquíssimo, que ajuda a entender a decisão sintomática de Jacó ao deixar a seu pai e mãe e sair em uma jornada de aproximadamente 800 km entre Berseba, que ficava no extremo sul de Canaã, para a cidade de Arã que estava situada onde atualmente seria o sul da Turquia.
"Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú". Romanos 9:13
Para entendermos tal afirmação, de amor e preferência por um e aborrecimento de outro, precisamos analisar todo contexto em que ambos estavam envolvidos. Sabemos que Deus não faz acepção de pessoas, e que o aborrecimento de Deus é somente uma reação à má conduta humana.
Assim, neste contexto, Jacó e Esaú moravam com Isaque e Rebeca, seus pais, em Berseba, uma cidade que estava inserida em um pequeno deserto chamado pelo mesmo nome, deserto de Berseba, na região do deserto do Negev. Este é o mesmo deserto onde Abraão cavou um poço e onde ele e Abimeleque, rei de Gerar fizeram um pacto. Daí o significado do seu nome, "poço do juramento".
Este deserto era de um tipo chamado midbar ou arabah, onde havia uma pequena quantidade de chuva ao ano, que possibilitava vida animal e vegetal e numa certa época podia-se plantar. Entretanto, na maior parte do ano fazia-se necessário possuir habilidades para caça e muita resistência física.
O Caminho de Berseba até Arã.
Esaú, em sua força física, em seu vigor natural, tornou-se habilidoso caçador. Caçar em uma região desértica exigia muita robustez física e mental. Suportar o calor do dia e o frio da noite. Vencer a solidão de imensas áreas vazias em busca do alimento. Não havia supermercados como nos nossos dias atuais. Sair e caçar, trazer o sustento pra casa era essencial para a sobrevivência da família.
Desta forma, Esaú sente-se poderoso na sua cultura. Não dependia de ninguém. Acostumado a caçar e pegar o que necessitava. Em sua força, quanto mais forte, mais incrédulo se tornava. Quanto mais habilidoso, mais desprezava a espiritualidade de um Deus invisível, intangível, intocável.
Ele passou a confiar na força do seu braço, produto do seu conhecimento. Não cria no Deus que não se podia ver. E essa incredulidade é confirmada pelo seu casamento com a mulher hetéia, adoradora de astarote, e isso foi para Isaque e Rebeca como uma "amargura de espírito". E por isso, por depositar sua confiança em si mesmo, ele foi rejeitado por Deus.
"Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!" Jeremias 17:5
Jacó porém era franzino. Jacó era mais delicado. Voltado para sua mãe e para os afazeres domésticos. Não tinha a robustez e o vigor físico de seu irmão mais velho. Muito menos a sua habilidade na caça. Era considerado mais fraco, mais dependente. A figura do guerreiro valente, do caçador voraz, do conquistador por suas habilidades e conotações físicas era dominante naquela sociedade.
Se vista desta perspectiva humana, Esaú casado com uma filha dos povos daquela região, se preparava para herdar também os bens de seu pai Isaque e se tornar senhor de tudo. Jacó porém na sua fraqueza, na sua incapacidade, crê nas histórias do Deus de Abraão que já começam a fazer sentido, aliar-se a um Deus que socorre aos menos favorecidos.
Mas ele recorre ao engano e a trapaça para se favorecer. Roubando assim a benção que seu irmão havia desprezado. Seu nome toma assim uma conotação de "enganador" e ele tem que fugir da ira de Esaú.
Olhando a história de Jacó, até este ponto, nada de bonito, nada de extraordinário, nada de especial encontramos para que justificasse a afirmação de Deus "amei a Jacó e aborreci a Esaú". Em Abraão ao menos, vemos Deus se aproximando de um homem de Fé. Por isso foi chamado o pai da fé. Em Jacó no entanto, vemos fraqueza, dependência, engano e trapaça. Qual a razão então para o Deus perfeito se aproximar de um homem com tantas imperfeições?
Aí vemos que Jacó é o não-razão para que Deus dele se aproxime e ao mesmo tempo a própria razão dessa aproximação. Porque se em Abraão Deus se digna a aliança com um homem de fé e caráter, em Jacó Deus se digna à sua graça de buscar e transformar um homem ainda pecador, cheio de fraquezas e imperfeições.
Em Jacó a Graça de Deus começa a ser manifestada.
"Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores". Romanos 5:8
Em Jacó Deus começa a revelar seus planos de graça e misericórdia. Assim tendo Jacó andado cerca de 100 km, na altura de Betel, a caminho da casa de seu tio Labão, irmão de sua mãe, dorme sobre uma pedra e tem um sonho da visão de uma escada, onde os anjos desciam e subiam, do céu a terra.
Esta visão é futurística e profética. A escada que ele viu, que fazia a ligação entre a terra e o céu era um símbolo de Jesus Cristo:
"E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem". João 1:51
Jesus é a escada que faz a ligação entre o céu e a terra. Ele é o único intermediador entre Deus e os homens.
Então na sua fuga, originada pela sua fraqueza e seus erros, ou seja, na confissão da incapacidade de Jacó, Deus renova a sua aliança que havia feito com Abraão e Isaque.
Jacó em Betel, a Visão da Escada.
Jacó porém ainda não entendia as particularidades do Deus invisível. Ele vê a figuração da matéria como se fosse algo concreto e tangível. Entretanto, todas aquelas visões eram símbolos ou sombras, figuras das coisas futuras que aconteceriam ou estavam no plano espiritual.
Aí Jacó unge a pedra onde dormiu, e chama o lugar de temível, casa de Deus. Mas ele ainda não entendia que lugar temível é o próprio coração humano.
"O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens". Atos 17:24
A casa de Deus é o próprio ser humano. Jacó olhava e não conseguiu discernir que o reino de Deus era ele mesmo. Ele era o próprio templo de Deus. Nós somos templos de Deus, porque Deus não habita em templos de pedras ou tijolos.
"E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está dentro de vós". Lucas 17:20-21
Vós sois o templo de Deus, onde o Espírito Santo habita. Desde a antiguidade o pai tem demostrado a sua compaixão pela humanidade perdida. Mesmo em suas fraquezas, confesse a Deus a sua incapacidade. Não se ache bom, perfeito.
Não espere que você melhore, não espere que você mesmo se justifique. Aceite a graça do pai. lembre-se que a graça de Deus foi derramada com amor sobre todos os homens. Esse amor é tão grande e profundo que doou-se a si mesmo, sendo esmagado na cruz, fazendo de simples pecadores, herdeiros de Deus.
Prontos para o Casamento — A História de Boaz e Rute
Há mais de 500 anos o corpo do velho Jacó descansava na caverna de Macpela. Esse foi um período agitado para seus descendentes. Primeiro, houve os anos difíceis do cativeiro egípcio, os quais culminaram na graciosa libertação de Deus; em seguida, houve os quarenta anos de peregrinação no deserto, os quais terminaram com a grande conquista de Canaã; e, depois, houve um estranho ciclo de pecado, servidão e salvação, conhecido como o período dos juízes. Essa época obscura é o cenário da mais bela história de amor da Bíblia, a história de Boaz e Rute.
“Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos” (Rute 1:1). Este homem, Elimeleque, morreu em Moabe, deixando a esposa, Noemi, e dois filhos, Malom e Quiliom. Os rapazes se casaram com mulheres moabitas e, então, no que parece ter sido ser uma trágica reviravolta do destino, os dois também morreram, deixando Noemi numa terra estranha só com suas noras, Rute e Orfa. Quando Noemi ouviu que Deus tinha providenciado novamente comida para o seu povo, decidiu voltar para casa, em Belém.
Orfa ficou em Moabe, atendendo à sugestão de Noemi, mas Rute não quis nem saber. Ela era uma dessas pessoas raras, cujo amor é profundo e desinteressado, e ela amava sua sogra. Lembram-se de suas famosas palavras? “Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rute 1:16). Seu Deus estava prestes a conduzi-la a um homem maravilhoso, com o qual ela se casaria.
A primeira coisa que nos chama a atenção nesses dois, aos quais a graça de Deus uniu, é o preparo espiritual. Embora a família de Elimeleque estivesse fora do centro da vontade de Deus e fora lugar da Sua bênção, eles fizeram uma coisa digna de nota. Através do seu testemunho, a jovem moabita chamada Rute abandonou o culto a Quemos, deus dos moabitas, com todas as práticas abomináveis associadas à sua adoração, e passou a crer no único e verdadeiro Deus. “O teu Deus é o meu Deus”, disse ela com ousadia. E ficou muito claro a todos que a conheceram que ela tinha ido a Belém para desfrutar de íntima comunhão com o Deus de Israel. Algum tempo depois, Boaz diria a seu respeito: “O SENHOR retribua o teu feito, e seja cumprida a tua recompensa do SENHOR, Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar refúgio” (Rute 2:12). A confiança de Rute em Deus e seu amor por Ele eram fonte de uma força e beleza interior que não podiam ser escondidas, e de um amor pelos outros que não podia ser contido.
Pense no que ela fez. Em vez de ficar chorando a perda do marido, ela se dedicou a atender as necessidades da sua sogra, a preencher o vazio da vida de Noemi, a ajudá-la da melhor forma possível. Isso significou deixar sua casa, sua família e seus amigos, mudar-se para outro país como uma estrangeira menosprezada e viver em pobreza e privação. E, para quê? Amor e preocupação com a sogra eram os únicos motivos aparentes. No decorrer da história, Boaz chama a atenção para isso: “tudo quanto fizeste a tua sogra, depois da morte de teu marido, e como deixaste a teu pai, e a tua mãe, e a terra onde nasceste e vieste para um povo que dantes não conhecias” (Rute 2:11).
Muitas mulheres que amam o marido parecem não conseguir amar a mãe dele. E parece que muitos homens têm o mesmo problema em relação à mãe de sua esposa, como fica claro pelas piadinhas de sogra há tanto tempo circulando por aí. De onde vinha o amor de Rute? Ele vinha do Senhor de todo amor. Se você também quer tê-lo, terá de cultivar um relacionamento íntimo e pessoal com Deus, assim como Rute cultivou. Quando passamos a conhecer a Deus e a entender o quanto Ele fez por nós, somos mais propensos a dar de nós mesmos para o bem de outras pessoas, até mesmo para os parentes do nosso cônjuge. E, quando fazemos isso, a tensão e a confusão se transformam em harmonia e felicidade.
Nunca é cedo demais para aprendermos lições sobre o amor. Podemos começar ensinando-as a nossos filhos quando ainda são pequenos. A base de treinamento para o amor é o lar. Um relacionamento amoroso com os pais, irmãos e irmãs vai prepará-los para amar o cônjuge e os sogros da maneira correta. Algumas pessoas que estão lendo este artigo talvez tenham vindo de lares sem amor e achem difícil deixar para trás sua influência. Para elas, não é fácil dar e receber amor. Elas podem afirmar a importância dos pais estabelecendo um exemplo de amor, e depois ensinando os filhos a serem prestativos e amáveis, e a serem bondosos e respeitosos para com as outras pessoas da casa. Os filhos não saberão como amar quando se casarem a menos que demonstrem amor àqueles com quem convivem agora. No entanto, tudo começa com a nossa relação de amor com o Senhor. Quando experimentamos o amor de Deus, nós o demonstramos em nossas relações familiares — aos nossos pais, irmãos, irmãs, maridos, esposas, filhos e sogros. Rute estava pronta para um belo caso de amor com Boaz porque ela amava o Senhor e esse amor transbordava para as outras pessoas da sua vida.
Agora, vamos conhecer o Príncipe Encantado de Rute. A história indica que Boaz era muito mais velho que ela (cf. Rute 3:10). Não sabemos se ele era solteirão ou viúvo, mas sabemos que era um homem de Deus. O Senhor era uma parte importante do seu dia a dia. Boaz pensava muitas vezes no Senhor, falava Dele abertamente e deixava-O tomar parte dos seus negócios.
Ouça-o cumprimentando seus segadores no campo: “O SENHOR seja convosco!”, disse ele, e eles lhe responderam: “O SENHOR te abençoe!” (Rute 2:4). Para Rute, ele disse: “Bendita sejas tu do SENHOR, minha filha” (Rute 3:10); e depois: “eu te resgatarei, tão certo como vive o SENHOR” (Rute 3:13). Todas as pessoas presentes no seu casamento reconheceram a sua dependência do Senhor para a sua posteridade: “o SENHOR faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Lia, que ambas edificaram a casa de Israel” (Rute 4:11).
O primeiro pré-requisito para um casamento bem sucedido é que o homem seja um homem de Deus. Uma das razões para tantos casamentos estarem passando por dificuldades é que os maridos não se prepararam espiritualmente para suas obrigações. Alguns rapazes, na época de namoro, não conseguiam pensar em outra coisa a não ser sexo. E, se não era sexo, era carro ou esporte. Eles gastavam pouco ou nenhum tempo estudando a Palavra, memorizando-a, descobrindo como aplicá-la à sua vida, e aprendendo quais seriam suas responsabilidades como maridos e pais cristãos. O Senhor não fazia parte do seu dia a dia. E, quando eles foram para o altar, ainda eram bebês espirituais, mal preparados para assumir a liderança espiritual do seu lar. Não é nenhuma surpresa que seus casamentos estejam com problemas.
Homens, se vocês desperdiçaram os anos até agora, não há tempo a perder. Em primeiro lugar, cultivem uma caminhada pessoal com Jesus Cristo. Passem um tempo estudando regularmente as Escrituras e aprendendo nelas como Deus quer que levem sua vida e exerçam suas responsabilidades. Comecem consultando-O sobre todas as coisas. Se estão envolvidos em uma relação conjugal infeliz, o dano pode ser reparado, mas o lugar para começar é com envolvimento diário com a pessoa de Jesus Cristo. Até nosso coração estar acertado com Ele e estarmos crescendo na Sua semelhança, quaisquer outros esforços irão falhar.
Tanto Rute como Boaz já estavam prontos. Por isso, vamos passar da preparação espiritual para seu legítimo noivado. Noemi e Rute tinham acabado de chegar em Belém e o problema que enfrentavam era como fazer para arranjar comida. Deus tinha dado uma graciosa provisão na Lei de Moisés para pessoas na situação delas. Os agricultores não podiam colher as espigas dos cantos dos campos de cereal, nem as que haviam caído; elas deveriam ser deixadas para os pobres, para os estrangeiros, para as viúvas e para os órfãos (Lv. 19:9, 10; 23:22; Dt. 24:19). De qualquer forma que entendamos isso, tanto Noemi como Rute eram qualificadas. Elas eram viúvas e pobres, e Rute era estrangeira. Já que Noemi não tinha mais idade para trabalhar nos campos, Rute perguntou-lhe se poderia ir e encontrar o campo de algum homem bondoso que a deixasse apanhar espigas. Noemi lhe deu permissão. “Ela se foi, chegou ao campo e apanhava após os segadores; por casualidade entrou na parte que pertencia a Boaz, o qual era da família de Elimeleque” (Rute 2:3).
O trabalho não era fácil – ela tinha de se abaixar e se curvar o dia inteiro para juntar grãos dentro de uma longa capa esvoaçante, com o peso aumentando a cada espiga colhida e um sol semi-tropical batendo nas costas. Provavelmente, algumas beatas da cidade zombavam por causa do seu sotaque estrangeiro e parece que alguns homens estavam tentando por as mãos nela (cf. Rute 2:9). Cada impulso do corpo de Rute dizia a ela para fugir para as colinas púrpuras de Moabe, as quais ela podia divisar ao longe. Lá era o seu lar, lá era onde ela pertencia. No entanto, com uma coragem discreta, modesta e totalmente abnegada, ela continuou trabalhando.
Com grande expectativa, esperamos que Boaz reparasse nela. E ele reparou. “De quem é esta moça?”, perguntou ele ao servo encarregado dos segadores, “esta é a moça moabita que veio com Noemi da terra de Moabe”, respondeu o servo (Rute 2:5-6). E ele não perdeu tempo em fazer algumas coisas boas para Rute. Ele a convidou para ficar em seus campos e lhe disse para rebuscar o quanto quisesse, e também para beber livremente das vasilhas de água providenciadas por seus servos.
Em lugar algum é dito que Rute era uma mulher bonita como Sara, Rebeca ou Raquel. Não sabemos se ela era ou não, mas sabemos que ela possuía uma beleza interior, um espírito manso e tranquilo, uma humildade despretensiosa que a tornou a mulher mais adorável das Escrituras. Ela se prostrou diante de Boaz com sincera gratidão e disse: “Como é que me favoreces e fazes caso de mim, sendo eu estrangeira?” (Rute 2:10). Sua humildade ficou novamente evidente quando disse: “Tu me favoreces muito, senhor meu, pois me consolaste e falaste ao coração de tua serva, não sendo eu nem ainda como uma das tuas servas” (Rute 2:13). Não havia nenhum fingimento nisso. Era uma atitude verdadeira. E essa humildade sincera, esse espírito manso e tranquilo, é uma das qualidades mais valiosas que uma mulher pode ter. Pedro diz que isso é de grande valor aos olhos de Deus (1 Pe. 3:4). Esta seria uma bela qualidade para as mulheres cristãs pedirem para Deus ajudá-las a desenvolver.
À medida que o dia passava, Boaz parecia cada mais interessado nessa mulher adorável. Na hora do almoço ele a convidou para se juntar a ele e seus segadores e se certificou de que ela se serviu de tudo quanto quis. Quando ela terminou de comer e levantou-se para voltar ao trabalho, ele disse aos servos: “Até entre as gavelas deixai-a colher e não a censureis. Tirai também dos molhos algumas espigas, e deixai-as, para que as apanhe, e não a repreendais” (Rute 2:15-16).
Assim, Rute continuou rebuscando até a tarde. E, quando ela viu o quanto tinha rebuscado, era quase um efa de cevada (cerca de 25 kg). Parece que Boaz era um homem bondoso, comedido, atencioso e gentil. Atualmente, não há muitos desse tipo por aí, a julgar pelo que as mulheres dizem a seus conselheiros matrimoniais. Alguns homens têm a estranha noção de que bondade e gentileza são traços efeminados, os quais eles precisam evitar a qualquer custo. Não, mesmo! Estes são traços semelhantes aos de Cristo. E Cristo era um homem másculo. As pesquisas mostram que bondade e gentileza são as principais características procuradas pelas mulheres em um marido. Estes seriam bons traços para os homens cristãos pedirem para Deus ajudá-los a desenvolver.
Bem, já era hora de alguém fazer alguma coisa. E, por mais estranho que pareça, naquela cultura foi Rute quem fez. Vejam, Deus deu aos judeus outra lei interessante, a qual exigia que um homem se casasse com a viúva sem filhos de seu irmão falecido. O primeiro filho dessa união teria o nome desse irmão e herdaria seus bens (Deuteronômio 25:5-10; Levítico 25:23-28). Essa lei matrimonial se chamava lei do “levirato”, da palavra hebraica para “irmão”. Se nenhum irmão estivesse disponível, um parente mais distante poderia ser solicitado a cumprir esse dever. No entanto, a viúva tinha de fazê-lo saber que ele era aceitável como seu “goel”, como elas o chamavam, seu parente resgatador e provedor.
Noemi disse a Rute exatamente como fazer isso. Rute ouviu com muito cuidado e seguiu suas instruções à risca. Naquela noite, Boaz iria dormir na eira para proteger seus grãos dos ladrões. Depois que ele foi dormir, Rute entrou na ponta dos pés, descobriu os pés dele e deitou-se. Agindo assim, ela estava pedindo a Boaz para ser seu goel. Não é preciso dizer que ele ficou um tanto confuso quando se virou no meio da noite e notou uma mulher deitada a seus pés. “Quem és tu?”, perguntou ele. Ela respondeu: “Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador” (Rute 3:9). Estender a capa sobre ela significava que ele estava disposto a se tornar seu resgatador e provedor. A resposta dele foi imediata: “Bendita sejas tu do SENHOR, minha filha; melhor fizeste a tua última benevolência que a primeira, pois não foste após jovens, quer pobres, quer ricos” (Rute 3:10-11).
É importante entender que não houve nada de imoral nesse episódio. Esse tipo de conduta era costume naquela época e a narrativa ressalta sua pureza. Na escuridão isolada da eira, Boaz poderia ter satisfeito seus desejos humanos e ninguém, exceto Rute, teria sabido. Contudo, ele era um homem temente a Deus, de princípios morais, disciplinado e controlado pelo Espírito, e manteve suas mãos longe dela. A Escritura diz que Rute dormiu aos pés dele até o amanhecer (Rute 3:14). Além disso, ela tinha reputação de ser uma mulher virtuosa (Rute 3:11). Ela tinha impulsos físicos como qualquer outra mulher, mas aprendeu a suplicar a graça e a força de Deus para manter esses impulsos sob controle até o dia do casamento. Tanto Boaz como Rute sabiam que a grande bênção de um matrimônio consistia na pureza antes do casamento. Descuidos nessa área trariam culpa, perda de respeito próprio e desconfiança. E isso poderia deixar marcas na alma de ambos que tornaria mais difícil a adaptação de um ao outro no casamento.
Este é um ponto de vista em extinção. Satanás tem feito nossa sociedade acreditar que o sexo pré-conjugal é uma coisa natural. A maioria dos jovens já fez sexo antes de terminar o segundo grau, e são raros os casais que tentam pelo menos se refrear um pouco mais. Eles dizem: “Mas nós nos amamos”. Não, não se amam. Eles amam somente a si mesmos. Eles amam satisfazer seus próprios desejos sensuais. Se eles se amassem, não submeteriam um ao outro aos perigos da desobediência a Deus, pois o Senhor diz que é vingador de todos aqueles que ignoram Seus padrões (1 Tessalonicenses 4:6). Não é que Deus seja um juiz velho e rabugento que só quer nos afastar da diversão. Ele simplesmente sabe que a pureza pré-conjugal será o melhor para nós e para o nosso casamento. Nossa sociedade está pagando o preço pela promiscuidade com uma confusão conjugal sem precedentes e inumeráveis lares desfeitos, com todos os traumas emocionais que isso acarreta. O jeito de Deus é sempre o melhor!
Boaz e Rute fizeram do jeito de Deus. Por isso, não é surpresa vermos, finalmente, o êxito do seu casamento. Não há muita coisa dita sobre seu relacionamento depois de casados, mas, por aquilo que já aprendemos sobre eles, podemos presumir que foi uma união ricamente abençoada por Deus. A Escritura diz: “Assim, tomou Boaz a Rute, e ela passou a ser sua mulher; coabitou com ela, e o SENHOR lhe concedeu que concebesse, e teve um filho” (Rute 4:13).
O aspecto mais incomum desta história é o papel que Noemi continuou a desempenhar na vida dos dois. Como ex-sogra, seria de se esperar que ela saísse de cena, mas Boaz e Rute eram amorosos e carinhosos demais para deixar isso acontecer. Quando o filho deles nasceu, as mulheres de Belém disseram a Noemi: “Seja o SENHOR bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será teu resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste. Ele será restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos” (Rute 4:14-15). Então, Noemi pegou o bebê e foi cuidar dele, e suas vizinhas disseram: “A Noemi nasceu um filho” (Rute 4:17). Vejam só! Elas consideraram o menino como sendo filho de Noemi, e Boaz e Rute alegremente permitiram isso. Boaz continuou sustentando Noemi até ela morrer, e ele parece ter feito isso com muito carinho. E o amor de Rute por ela nunca diminuiu. As mulheres chamaram Rute de “a nora que te ama e é melhor do que sete filhos”.
Agora que Rute tinha seu marido, ela poderia ter despachado sua ex-sogra. Muitas mulheres teriam despachado. Mas, quando uma pessoa está cheia do amor de Deus, seu coração é grande o suficiente para abraçar mais do que só uma pessoa especial, ou algumas. Ele estende a mão com ternura e generosidade para atender as necessidades dos outros também. É impressionante observar como o amor de Deus na vida de Rute superou todos os obstáculos – a pobreza, o preconceito racial, a grande diferença de idade, as tentações físicas e até mesmo as diferenças entre nora e sogra. Há uma grande possibilidade de que o amor de Deus possa resolver também os nossos problemas. Quando passamos a compreender e apreciar o amor incondicional de Deus por nós, e permitimos que ele flua por meio de nós, pensamos cada vez menos em nós mesmos e cada vez mais nos outros. E a capacidade de resolução de problemas desse amor sacrificial e desprendido é fenomenal.
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