O Rito de York.
Introdução
Em uma estatística extraída de um censo maçônico realizado anos atrás e publicado mencionado no site www.masonicworld.com, de um total de 4805 lojas computadas no território brasileiro apenas 54 (1,1%) declaravam-se trabalhando no Rito de York. Podemos dizer que este número bastante pequeno é uma demonstração da pouca tradição do rito no Brasil. Apesar disto, segundo afirmam especialistas, no mundo, particularmente na Inglaterra e nos Estados Unidos, sua expressão e disseminação é bem maior que a ocorrida aqui.
Dos seis ritos mais freqüentes no Brasil, relatava Jose Castellani, este é o único originalmente inglês. Dos outros, três são franceses (Escocês, Adonhiramita e Moderno), um é alemão (Schroeder) e um é brasileiro (Brasileiro).
Origem
A palavra York tem origem na cidade de mesmo nome existente Inglaterra, que fica às margens do rio Ouse em North Yorkshire. Hoje possui cerca de 100.000 habitantes, mas sua história é milenar e remonta aos primeiros séculos da era cristã. Durante centenas de anos foi a segunda cidade mais importante na Inglaterra possuindo grande papel comercial e militar. Sua importância declinou juntamente com a importância da economia rural naquele país, a partir do século XIX.
Foi nesta cidade que ocorreu aquela que é considerada a primeira reunião organizada de operários construtores: a Convenção de York, ocorrida em 926 e convocada por Edwin, filho do rei Athelstan, para reparar os prejuízos que as associações haviam tido com as sucessivas guerras e invasões. Nela foi apresentada, para apreciação e aprovação, um estatuto, que, dali em diante, deveria servir como lei suprema da confraria e que geralmente é chamado de Carta de York.
O Histórico do Rito
Até 1717 as lojas maçônicas eram livres, isto é, não havia uma obediência que as aglutinassem. Com a fundação da Grande Loja de Londres algumas lojas inglesas passam a se subordinar a uma obediência central. Na cidade de York as lojas maçônicas continuaram independentes até 1751, quando surge uma Grande Loja rival denominada Grande Loja da Inglaterra ou Grande Loja de York.
Com a rivalidade entre as duas Grandes Lojas, a denominação Rito de York começa a tomar corpo. Na verdade, ainda não se trata de um rito, mas sim do procedimento adotado pelos maçons de York que divergiam em alguns poucos pontos dos procedimentos adotados pelos maçons de Londres. Com isso a denominação acaba se consagrando.
Na prática, não havia diferenças ritualísticas acentuadas que pudessem ser caracterizadas nos procedimentos ritualísticos da Grande Loja de Londres e Grande Loja de York. Na realidade trata-se de um mesmo procedimento, praticado tanto pelos "Antigos" (os maçons de York) quanto pelos "Modernos” (os maçons de Londres).
Em 1813 ocorre a união (Act of Union) firmado entre as duas Grandes Lojas rivais inglesas dando origem a Grande Loja Unida da Inglaterra. A partir da união, vários rituais foram autorizados e escritos, dentre eles o Ritual de Emulação (Emulation Rite, em Inglês)
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Antiga ilustração comparativa dos graus no Rito Escocês e no Rito de York. (clique sobre a imagem para ver ampliada) |
O Rito de York, na Inglaterra, não possui graus filosóficos. Apenas uma extensão do terceiro grau que não se constitui num grau. Esta extensão do terceiro grau, praticada pelos Capítulos ingleses, denomina-se Real Arco ou Arco Real. No Brasil, as lojas maçônicas federadas ao Grande Oriente do Brasil adotam a linha inglesa, ou seja, o Rito de York e o ritual de Emulação (Emulation Rite). Entretanto, existem muitas lojas ligadas a outras obediências que praticam o "iorquês", uma mistura entre o Rito de York e o Escocês.
É comum a confusão entre Rito de York com Emulation Rite, pensando que o segundo é também um rito. O primeiro é um rito, e o segundo, é um ritual utilizado pelo primeiro, conhecido no Brasil como ritual de Emulação. O Rito de York abriga em torno de sete tipos de rituais que muito se assemelham entre si, cujas práticas variam de acordo com as regiões na Inglaterra. São eles: o Emulation, o Logic, o Taylor’s; o Alfaiate; o Bristol, o Stability e o West End.
Peculiaridades
Existem muitas características particulares do Rito de York, no entanto, em face da exiguidade necessária a este trabalho, faremos menção somente a um número reduzido, aquelas que mais parecem distintivas e nos chamaram a atenção.
- O Ritual não deve ser lido em loja. É todo memorizado. Somente o PMI pode permanecer com o Ritual aberto, pois ele funciona como ponto para ajudar um Irmão, num esquecimento ocasional;
- Os cargos eletivos são somente três: o Mestre da Loja, o Tesoureiro e o Guardião. Na sessão anterior a da eleição, um Irmão secundado por outro, (toda proposta feita em Loja Aberta, tem que, necessariamente, ser secundada por outro Irmão, caso contrário, não será considerada) propõe o nome do ML e solicita que este indique o nome do Tes. e do Guardião. Estes portanto, serão os nomes que serão eleitos na sessão seguinte. É da tradição do rito, não haver disputa de cargos em hipótese alguma. Os demais cargos são de livre escolha do ML.
- Não é permitido o uso do balandrau para os membros da Loja. O traje é preto ou escuro e gravata preta longa ou combinada com o terno quando escuro. Aos visitantes é permitido o uso do balandrau (desde que não sejam do Rito).
- O ML é o único que pode falar sentado na Loja. Os demais, falam de pé e à ordem e com o passo.
- As batidas são t., em todos os Graus, a diferença é no ritmo.
- Haverá, sempre, uma cadeira vaga à esquerda do ML, (para quem olha para o pedestal.) destinada ao Grão-Mestre ou seu Adjunto.
- Quando o ML está ausente, deve ser substituído pelo PMI, se presente. Se o ML tiver que se ausentar por uns tempos, deve escolher entre os P.Ms. quem deve substituí-lo. Em caso de impedimento definitivo, quem assume é o Past Master mais antigo da Loja.
- Não há ordem para levantar-se ou sentar-se, nas reuniões. Salvo as exceções que constam do Ritual. Toda vez que o ML se levanta, todos se levantam e sentam-se depois que ele se sentar.
- Para falar não é necessário pedir ao ML, basta levantar-se e aguardar a ordem para falar - Não há uma ordem estabelecida para concessão da palavra. Pode falar um Irm. do Or. depois outro de qualquer lugar da Loja, isto é, não há precedência - A palavra pode ser concedida a um Aprendiz ou Companheiro, depois que um Mestre ou PMI, ou qualquer autoridade tenha feito uso da palavra, salvo do Grão-Mestre Geral, Estadual ou Adjunto que falam por último.
Os Oficiais e Dignidades da Loja
- Venerável Mestre (Mestre da Loja)
- Primeiro Vigilante
- Segundo Vigilante
- Capelão (Orador)
- Secretário
- Tesoureiro
- Primeiro Diácono
- Segundo Diácono
- Guarda Interno
- Guardião Externo
- Diretor de Cerimônias
- Organista
- Esmoler
- Ass. do Diretor de Cerimônias
- Assistente do Secretário
- Mordomo ou Mestre de Banquete
- Administrador da Caridade
- Administradores
Obs.: Os cargos de Capelão, Diretor de Cerimônias, Secretário e Tesoureiro, devem ser exercidos, preferencialmente, por Past Masters. O Guardião, obrigatoriamente por um Past Master.
Posição dos Oficiais e Demais Irmão no Templo
- Venerável: no pedestal do Oriente;
- Primeiro Vigilante: no Ocidente, de frente para o Venerável (na linha do equador);
- Segundo Vigilante: no Sul entre os Irmãos da Coluna;
- Capelão: no Oriente, à esquerda do Venerável e junto da balaustrada;
- Secretário: na Coluna do Norte na posição em que no Rito Moderno fica o Chanceler;
- Tesoureiro: na Coluna do Sul, de frente para o Secretário;
- Primeiro Diácono: junto ao Secretário, na Coluna do Norte;
- Secundo Diácono: a sudoeste, à direita do Primeiro Vigilante;
- Cobridor: no Ocidente, junto à porta;
- Dignidades: no Oriente, à direita do Venerável;
- Past-Masters: no Oriente, à esquerda do Venerável;
- Mestres Maçons: nas Colunas do Sul e do Norte, exceto a primeira;
- Companheiros: na primeira fileira da Coluna do Sul;
- Aprendizes: na primeira fileira da Coluna do Norte;
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Maçons Americanos do Rito de York |
Cobridor do Grau de Aprendiz
- A Marcha: A marcha é sempre iniciada com o pé esquerdo. Fora das Cerimônias não há um sentido obrigatório de caminhar na Loja. O Maçom não pode caminhar sozinho na Loja, terá que ser, sempre, conduzido ou acompanhado pelo DC, se houver um, ou pelo 2º Diácono.
- Sinal de Ordem: como nos demais ritos (observação).
- Saudação: como nos demais ritos.
- Bateria: O-O-O.
- Toque: como no Rito Moderno.
- Palavra: B.
Comparações com o Rito Moderno Não existem no Rito de York:
- A Palavra Semestral;
- Cadeia de União;
- Sessões Especiais (todas são regulares);
- Câmara de Reflexão;
- Espadas dentro da loja (o único que usa a espada é o GE);
- Bolsa de Propostas e Informações;
- Passos para entrada na loja;
- Cartão de visitante (quando o visitante exige, o ML solicita que o Irm. Séc. encaminhe uma carta diretamente à loja do visitante, informando a visita);
- Altar dos Juramentos (não há altares na loja, as mesas do Mestre da Loja, 1ºV e 2ºV, são retangulares e chamadas de Pedestais);
- Transmissão da Palavra Sagrada;
- Consagração pela Espada e o Malhete;
- Espada Flamejante;
- Tríplice abraço;
- Os três pontos (devem ser abolidos, das abreviaturas e também das assinaturas);
- Diferença de nível entre o Leste e Oeste;
- Separação física entre o Leste e Oeste (grade);
- Os cargos de: Orador, Chanceler, Experto, Porta Estandarte e Porta Espada;
- Corda de 81 nós;
- Candidatura para o cargo de Mestre da Loja (não há disputa pelo cargo, há uma linha de sucessão);
- Nenhum assunto administrativo pode ser discutido em loja aberta;
- Nenhum candidato é reprovado no escrutínio secreto em loja aberta. (os candidatos são avaliados e pré-aprovados em reunião administrativa);
- Não se usam, no Rito, as palavras: Balaústre ou Peça de Arquitetura. Usa-se: Ata, Expediente ou Palestra, Conferência;
Bibliografia:
Este trabalho foi elaborado tendo como base a bibliografia listada abaixo, sendo que dela foram retirados as idéias centrais, referências e, inclusive, transcrições literais.
- Matéria cedida por: Anatoli Oliynik (anatoli@netpar.com.br) (Gr. Sec. Geral Adj. para o Rito de York do G.O.B.);
- Liturgia e Ritualística Do Grau de Aprendiz Maçom – José Castellani Editora A Gazeta Maçônica;
- Pérolas Maçônicas – Gilson da Silveira Pinto – Editora Maçônica “A Trolha”;
- Breve História dos Seis Ritos Mais Conhecidos – Artigo publicado na revista “A Verdade” número 403 de 1998